Quarta

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   Já era quarta-feria.

   Acordei, dessa vez bem antes do despertador. Estava me sentindo nervoso. O modo brusco que o professor me tratou ontem... Realmente não havia me preparado para vê-lo daquele jeito - mesmo que não tivesse o direito de contestar isso, afinal o que eu estava fazendo não era lá uma coisa muito bonita ou admirável. O que eu esperava? 

   Demorei um pouco mais, arrastando para me arrumando, então acabei chegando um pouco mais tarde. Já haviam alguns poucos alunos, mas mesmo assim fui para a costumeira sala. Novamente, bati antes de entrar, mas a voz que me respondeu não era a do professor Taehyung: era fina e aguda. Abri a porta e vi o professor sentado em sua cadeira, com um braço na mesa e seu rosto apoiado na mão, encarando a mulher a sua frente, que lançava um sorrisinho.

   - Jeon? - ela se virou para mim, com um olhar curioso. - O que faz aqui? Precisa de alguma coisa?

   Era a vice-diretora Kang Hyuna. Ela não era tão alta, mas também não era baixa. Tinha um rosto fofo em um corpo sexy. Seu cabelo castanho emoldurava lindamente o seu rosto. E ela, com certeza, sabia bem disso tudo. Tenho certeza que muitos homens a achavam bonita e provavelmente o homem (que eu gostava) a sua frente também.

   - Ele se ofereceu para me ajudar. - ele falou antes que eu me pronunciasse. - Pelo menos meus alunos se preocupam comigo. - falou em um tom cômico, mas com olhar afiado.

   - Ah, seu bobo! - ladrou em uma voz manhosa, seguido de um biquinho. - Eu me preocupo com você também! Você que não dá valor, nem me ajuda a te ajudar!

   - Ora, mas é claro que eu dou. - olhando para ela, deu um de seus maravilhosos sorrisos quadrados e a mulher semicerrou os olhos, ainda com o bico.

   Eu queria vomitar.

   - De qualquer jeito, só vim pegar os documentos que pedi ontem. Já os têm prontos? - ele procurou por sua pasta e logo que encontrou, deu nas mãos da mulher. - Obrigada, Tae. Nos vemos mais tarde.

   Ela passou por mim, me dando um 'tchau' dedilhado, saindo porta afora, deixando a sala em completo silêncio.

   - O que ela queria? - tentei quebrar o clima.

   - Coisas de trabalho... - respondeu apático.

   - Hm... Não parecia que ela queria só isso... - ele me olhou com uma sobrancelha arqueada. - Ela parecia... Meio... Você sabe...

   - É, a Hyuna às vezes dá em cima de mim, mas digamos que ela não faz bem o meu tipo.

   - Ah... - passei os olhos pela sala, inquieto, até pousá-los novamente no professor, que me fitava com certo interesse. - E qual seria... O seu tipo?

   - Do tipo mais musculoso e cheio de testosterona. O tipo que tem o que ela não pode me dar. - ele falou essa última parte em tom de zombaria e me olhou sugestivo. - Por quê? Tá com ciúmes? - só o encarei sem saber ao certo o que responder e ele riu, me chamando com o dedo indicador para que chegasse mais perto de onde ele estava.

   Ainda quieto, andei até ficar próximo de sua mesa e ele se levantou de sua cadeira, contornado os móveis até ficar frente a frente comigo e de costas para onde originalmente estava. Taehyung foi chegando seu corpo mais perto do meu, que, por reflexo, se afastou, até que me vi obrigado a meio que sentar na beira da mesa atrás de mim. Envolveu meu rosto com suas mãos em um toque delicado, pôs seus lábios nos meus e eu fechei meus olhos. Não era um beijo estático como os outros: era mais carinhoso, com movimentos lentos e sem pressa de nossas bocas se tocando suavemente. Eu me senti derreter em sua posse em uma sensação maravilhosa que nunca havia sentido antes. Tê-lo retribuindo assim foi como descobrir que um amigo gosta dos mesmo heróis que você, só que muito mil vezes melhor. É isso que chamam de reciprocidade?

   Ele se afastou e quando abri meus olhos, o vi me olhando com uma expressão serena. Meu corpo todo formigava, eu sentia meu peito quente e minha mão começava a suar um pouco. Meu sentia nervoso e ao mesmo tempo calmo com seus olhos analisando minha alma. Meu corpo, então, começou a entrar em combustão quando, novamente, ele começou a se inclinar em minha direção.

   - Ah! - ouvimos a porta se abrir e senti o mais velho soprar forte p meu rosto, passando o dedo em meus olhos. - O que tá...

   - O cisco já saiu, Jungkook? -  perguntou alto, piscando nervoso para mim, se virando sorridente para a senhorita, sem esperar por um resposta. - Algo tinha entrado no olho do Jeon, estava ajudando. Esqueceu algo?

   Ela ainda olhava meio esquisito para a gente, mas logo balançou a cabeça em negação e retomou a compostura. Por mais que fosse uma desculpa clichê e a vice-diretora soubesse disso, acho que ela não queria acreditar que qualquer coisa estivesse acontecendo entre um de seus professores e um de seus alunos.

   No final, Hyuna só pediu para que Taehyung avisasse outro professor que fosse à sua sala, caso o homem o visse antes dela. Depois de sua segunda partida, o clima ficou meio tenso e o professor pediu para que eu fosse para minha sala. Não queria levantar suspeitas.

O PlanoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz