Capítulo 4 - Castiel Lancastre

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Lembrando que este livro não tem a intenção de incentivar ou promover o uso de drogas ou alcoolismo.

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A cidade nunca parava, a grande avenida Paulista estava movimentada e o Masp tinha uma boa iluminação sobre as pessoas que sentavam-se nos arredores, Castiel terminava de bolar seu baseado já acendendo-o em seguida, deu uma tragada e fechou os olhos segurando a fumaça na garganta, sentia a queimação e agradecia por isso, soltou o ar e tragou novamente sem demora, mas também não muito apressado. O Masp era um local conhecido por todos os usuários de maconha de São Paulo, ou pelo menos a maioria, pois toda noite, sempre haviam pessoas e pessoas, apertando seus baseados e fumando com certa tranquilidade, haviam policiais mais a frente, logo abaixo do Museu, mas no espaço aberto eram pelo menos de 40 pessoas realizando a mesma ilegalidade, os guardas tinham ciência, mas nada faziam, e Castiel sempre achava aquilo intrigante. A diversidade de pessoas que ali se encontravam também era atenuante, tantos que pareciam estar ali escondidos, outros que já se assumiam com roupas mais extravagantes, um homem de camisa social acabara de sentar-se a alguns metros de Castiel, olhando para os lados um tanto desconfiado e tirando seu beck da um recipiente estratégico na mochila.

No final, o Masp era apenas um dos locais onde fumar maconha não era lá algo tão ilegal, pois já havia se tornado praticamente um ponto para isso, onde até mesmo os mais retraídos podiam sentir a brisa sem preocupar-se com julgamentos.

Castiel tragava e sentia o corpo relaxar a cada puxada, seus olhos fechavam-se um pouco pesados, sabia que estes logo ficariam um tanto avermelhados ao redor de suas íris azuis, assemelhando-se a cor de seus cabelos que iam até a nuca, apesar de ser ruivo gostava de tingir o cabelo para um tom um pouco mais forte de vermelho, saindo do alaranjado para o vermelho sangue.

O baseado estava pela metade, Castiel conferiu as horas, o relógio em seu pulso marcava 20h45, suspirou ao perceber que seu horário se aproximava eminente, sorveu mais um pouco de fumaça preparando-se para ir embora, um menino se aproximou e Castiel revirou os olhos sabendo o que viria:

- Ô tio, me dá essa ponta ai – O garoto dizia com um tom de malandragem, suas roupas estavam sujas, ele carregava uma caixa com algumas balas Halls, provavelmente estava vendendo, aparentava ter ao menos de 9 a 11 anos de idade, o que fazia Castiel sentir seu estômago revirar-se, sempre haviam estes meninos por ali, pedindo sempre a mesma coisa e mais uma vez Castiel negava-se a dar.

- Olha garoto, você é muito novo pra estar fumando. – Respondeu guardando a ponta do baseado num pote de M&Ms, caçou um pacote de bolacha pela metade que havia em sua mochila e olhou para o menino enfurecido que insistia mais um pouco.

- Ah, vai se fuder Tio – disse o menino preparando-se para ir procurar outro que lhe desse o que queria, e Castiel sabia que ele conseguiria em algum momento, mas não queria participar dessa forma.

- Ei garoto, se quiser eu te dou pelo menos esta bolacha. – exclamou ao menino que se afastava, o mesmo olhou para trás e lhe apontou o dedo do meio. Castiel suspirou com o ato mas não respondeu, levantou-se pegando sua mochila e deixou o pacote bem fechado em cima da bancada em que estava sentado, afastou-se caminhando para a calçada e virou-se um pouco quando estava com uma boa distância vendo o garoto correr para pegar a bolacha oferecida, outro garoto se aproximava para compartilhar daquele alimento tão simples e Castiel continuou andando pegando seu maço de cigarros para acender uma droga que era aceita pela sociedade.

Sentia-se triste por aquilo que presenciava sempre que estava ali, garotos tão novos entendendo mais sobre drogas do que até ele mesmo, era uma situação deplorável e que lhe deixava realmente chateado, sabia que o que fazia era ilegal, alimentava o tráfico de drogas e a criminalidade, mas ao mesmo tempo tinha consciência de que o Brasil não tinha desenvolvimento suficiente para legalizar a maconha, e que isso provavelmente demoraria para acontecer, gostava de fumar e sentir a sensação que a droga lhe proporcionava, mas não passava disso, não queria de forma alguma experimentar algo além da erva, apesar de muitos colegas já terem lhe oferecido muitas outras coisas. Era o que o fazia esquecer um pouco dos problemas que lhe rondavam, não se orgulhava daquilo, mas não estava matando ninguém além dele mesmo no processo.

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⏰ Última atualização: Sep 01, 2019 ⏰

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