Carta 2: Para sempre?

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Não aguento mais essas festas, essas comemorações da elite me irritam pois a falsidade rola solta, a comida parece que foi feita para passarinho por causa da pouca quantidade, roupas de grife e pessoas nem um pouco preocupadas com o próximo só tentando fazer ações para aparecer nos tablóides de fofocas e notícias.

Mas nunca reclamei de ir na frente dele afinal ele me acolheu quando minha mãe faleceu, minha única família agora é o meu pai.

Hoje teria uma festa beneficente para acumular doações e ajudar vários orfanatos.

— Pronta filha? — Me observa. — Está linda como sempre princesa.

Olho para o espelho e observo a blusa branca de renda sem mangas, a saia rosa claro um pouco acima dos joelhos na frente e longa atrás com uma fita com laço na cintura e um salto marrom.

Vejo ele de terno preto com uma gravata azul escuro.

— Se eu estou linda então o senhor está perfeito. — Rimos com esse comentário.

— Vamos? — Olha para o relógio.

— Sim.

Vamos para a garagem, entramos no seu carro, um modelo muito lindo por sinal porém não lembro a marca ou modelo, o caminho até a festa foi feito em silêncio.

Sabia que ele não gostava muito desses eventos mas como sempre darei o meu melhor.

Ao chegar, saímos, respiro fundo olhando o manobrista levar o carro e entro com meu pai ou pelo menos tento.

Após várias fotos para as revistas e curtas declarações aos jornais conseguimos entrar, ele foi conversar com os empresários e fui circular um pouco.

Conversei sobre moda, economia, política, viagens entre outros assuntos.

Sento em uma mesa para descansar afinal saltos cansam.

— Licença. Posso me sentar? — Olho para o rapaz que pediu permissão. É mulato dos olhos castanhos claro, magro e está com um terno preto que cai bem em seu corpo.

— A vontade.

Ele deve ser apenas o filho de algum empresário, só mais duas horas e posso voltar para casa.

Foi uma ilusão achar que ele seria mais um playboy chato, até que era interessante.

Samuel Alves tem 18 anos, filho de um chef renomado e assim como eu não tem interesse por essas festas.

Falamos sobre música, jogos, livros e outros assuntos.

Ao fim da festa marcamos de nos encontrar.

(...)

Seis meses se passaram e nossos encontros eram constantes, tão constantes que ele me pediu em namoro e eu como uma jovem sonhadora aceitei.

Sua mãe me tratava como filha e meu pai tratava ele como o filho que sempre quis ter.

Entre brigas, discussões, passeios, declarações e promessas acabamos de completar oito meses de namoro.

Terminei o ensino médio esse ano e ele já estava no segundo período de gastronomia, seguiria a carreira de chef igual seu pai.

Decidi fazer administração de empresas afinal precisava ajudar meu herói.

E quem diria que por causa disso Samuel me chamaria para uma conversa.

Você é muito nova para se apegar a alguém para sempre e eu quero aproveitar minha vida, beber, sair, pegar umas meninas.

Ouvir aquelas palavras da pessoa que eu acreditava que seria o meu para sempre doeu demais.

Mas é como dizem "O para sempre, sempre acaba".

E neste momento estou deitada na cama do meu pai em prantos com ele me abraçando e consolando.

Você magoou alguém que acreditou em você e te amou com todo coração mas vou levantar e ser como meu herói, forte e determinada.

Se um dia você voltar não vou estar esperando, não te desejo o mal apenas que veja seus erros.

Cartas para vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora