Carta 8: Inesperado

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Mais um jogo que não consigo vencer, nas minhas habilidades não estava incluso o tiro ao alvo.

Suspiro um pouco alto e decido sair do local.

— Vai desistir tão fácil? — Olho na direção que a voz veio e vejo um rapaz alto me encarando com um pouco de deboche no olhar.

— Falar é fácil, tente. — Desafio o mesmo e vejo seus olhos castanhos brilharem com a proposta e um sorriso cínico se formar levemente em sua boca.

— Aceito cat. — Vai andando até a barraca, paga o ingresso para tentar e se vira para mim. — Aprenda com o mestre.

— Certo. Vai lá senhor sou fera em tudo. — Reviro os olhos.

Ele acertou quase todos os alvos e pegou o tigre me entregando.

— Por que está me dando esse presente? — Aceito mas sem saber o que fazer.

— O que eu faria com um tigre de pelúcia? É seu cat. — Começa a andar e decido perguntar ali.

— Por que cat? É gato em inglês. — Parece que não ouviu mas segundos depois responde.

— Você é como um gato, bonita mas sabe se defender. Por isso cat. Nada demais. — Olha para o céu. — Não estou te cantando afinal só quis te ajudar.

— Obrigada pelo presente fantasma. — Sinto um pequeno sorriso abrindo em minha boca e sou retribuída.

— Podemos ser amigos cat?

— Sim. Eu acho. — Vejo sua cara de interrogação. — Você usa algo ilícito? — Questiono.

— Não e você? — Coloca a mão no queixo. — Ah sim, gatos não podem usar isso. — Sorri.

— Palhaço. Me chamo Clara. — Com o vento seus cabelos ficam cada vez mais bagunçados. — E o seu?

— Erinco. Meu número, podemos ser amigos cat.

— Para de me chamar assim. — Reviro os olhos. — Vou chamar. Até mais.

— Até.

Saio do parque, pego um táxi e vou para casa.

Dias se passaram e aquele rapaz convencido se mostrou uma pessoa de bom caráter e um grande amigo.

O incrível foi que concordamos com as mesmas coisas e gostamos dos mesmos livros.

Acreditei que isso logo passaria e um esqueceria do outro porém anos se passaram e continuamos a conversar mas nunca mais nos encontramos devido a distância porque o mesmo estava a passeio na minha cidade.

Cartas para vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora