Capítulo 15 - Tudo Sob Controle

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Era notável a hesitação de April quando ele segurou seus ombros parando seus movimentos ansiosos pelo quarto. Ele achou até que ela queria se afastar, e isso o deixou confuso.
Quando ele havia saído do quarto para assinar a papelada, e viu sua mãe, tomou todo o cuidado pra não ser visto e nem ser incomodado quando saísse com ela. Mas o que tinha deixado ela assim? Ele tinha o controle da situação, sempre tinha. Mas será que ela sabia disso?
Desde que a conheceu, foi aberto em relação a seus sentimentos e tudo o que disse. Não que ele tivesse mentido, mas omitido grande parte. Pensou rápido em uma forma de explicar a April que ela não tinha com o que se preocupar, e decidiu que resolveria um problema de cada vez. Se a reação confusa e receosa dela foi por medo, ele iria tranquilizá-la. E depois cuidaria do resto. Soltando seus ombros e dando um passo pra trás, ajeitou o corpo e cruzou os braços. Sabia que precisava ser calmo e direto. Aquela brincadeira estava ficando cansativa, e ela não parecia mais sua BellaRed.
- Então, April. - Mesmo depois de ter sido solta, ela permaneceu imóvel e com os olhos em Bryan. - Como eu disse: arrume-se devagar. Já tirei sua mãe deste andar, e me certifiquei de que você sairá sem ser vista. Eu não vou repetir isso.
- Certo, me desculpe. Eu só preciso sair daqui. Nós já podemos ir? - ela disse olhando pra baixo, a voz dela era calma, mas distante.
- Por favor. - eu respondi impassivo. - Sente-se na cama. Vou pegar suas roupas e trago pra você.
Ele foi até ela enquanto se sentava, pegou um algodão e um esparadrapo que havia na mesinha ao lado, fazendo um pequeno curativo contendo sangramento que começou quando ela puxou os fios que estavam a medicando. Ela acompanhou cada movimento dele com curiosidade, mas sem olhar diretamente. Algo estava errado... e ele não gostou da sensação.
O beijo que havíam trocado antes havia sido tão bom que foi além das expectativas. Mas agora ela estava na defensiva e não expunha o que pensava. Bryan foi até o armário que havia lá, pegou suas roupas e entregou.
- Eu vou sair do quarto agora, e quando você estiver pronta, basta bater na porta. Vou ouvir e sairemos. Se precisar de ajuda também. - ele disse sem esperar uma resposta, e então saiu.
Do lado de fora, se encostou no batente da porta, pegou o celular do bolso e ligou para um número que estava nas chamadas recentes. No terceiro toque, a voz do outro lado atendeu.
- Hillary, aqui é o Bryan. Eu preciso de um favor para daqui a no máximo 10 minutos. É pessoal, então não pode constar em nenhuma anotação ou relatório, tudo bem? - Ele havia ligado para a melhor especialista em TI do país, que por coincidência era membro da sua equipe de Elite, ex colega e uma amiga de longa data. Ela era ágil, rápida, entendia seu ponto de vista e nunca reclamava em ajudar.
- Certo, pode falar. - Ela era séria e parecia focada. Apesar de ser muito extroverdida, era a melhor no que fazia e estava mais que acostumada ao modo que ele trabalhava, sem perguntas nem julgamentos.
- Estou no Hospital Henry Ford, em Detroit. Quero que as filmagens das câmeras de todas as alas nas últimas duas horas sejam apagadas. - ele olhou o relógio e marcavam 22h15 - As 22h25 em ponto quero que as luzes caiam, e tenha um apagão total, durante 2 minutos. Nem luzes de emergência, nem computadores, nem câmeras, nada. Tudo claro?
- Cristalino. Já esta feito. Ligue o temporizador e faça o que precisa ser feito em 2 minutos. É só isso? - Ela disse com sua animação habitual, e a voz tranquila.
- Por enquanto sim, Hill. Preciso ir agora. Te devo essa. - Disse desligando e ajustando o relógio.
April demorou mais um tempo, então as 22h22 ele a ouviu bater na porta. Entrou e foi direto ao ponto.
- Eu preciso que quando eu der o sinal, você pegue minha mão com força e me siga. Não se assute com nada ao redor, só me siga e eu vou te tirar daqui. Sem perguntas e sem falar nada. Vamos estar invisíveis.
A cara de confusão dela era evidente, mas por sorte, ou medo ela só assentiu e esperou o sinal.
10, 9, 8, 7... ele pegou a mão dela, se posicionou na frente da porta, e a sentiu segurar nele com força. Olhou-a, aguardando e recebeu em troca um sinal positivo com a cabeça, embora o olhar dela era de um medo extremo e desconfiado, parecia tão vulnerável, passiva, tão... submissa. Mas seus pensamentos foram interrompidos por um apagão e gritos do lado de fora. Com o susto, April abraçou o corpo de Bryan. Ele abriu a porta sem soltá-la, e fez o caminho até a saída.
Do lado de fora do quarto, ouviam-se gritos, médicos correndo de um lado para o outro, e pessoas indo e vindo nos corredores. Ele andava no meio da multidão sem ser notado, com ela em seu encalço. Havia se passado 1 minuto e 30 segundos quando eles terminaram de descer as escadas do prédio, chegando ao estacionamento. Ele foi diretamente onde seu automóvel estava estacionado, e abriu a porta para April, que olhava o carro admirada. Depois entrou no banco do motorista, sem dificuldade e apertando apenas um botão, o carro andou em frente e deslizou pela rampa de saída. Quando os pneus traseiros finalmente tocaram o asfalto, eles puderam ver as luzes se ascendendo no Hospital todo pelo espelho retrovisor, bem a tempo.

Maldita ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora