Capítulo 8

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Na manhã seguinte, ao descer para preparar o café da manhã, encontrou, sobre a ilha da cozinha, um bilhete da prefeita escrito à mão avisando que havia precisado sair mais cedo e que não esperasse para almoçar. Largando o pedaço de papel no balcão, voltou ao seu quarto e preparou-se para sair.

A prefeitura não era longe mas ainda assim era uma boa caminhada da casa da prefeita até lá, o que fez Emma lembrar-se de enviar uma mensagem para Zelena perguntando se ela lhe faria o favor de providenciar o envio do seu carro para Storybrooke. Assim que entrou no prédio da prefeitura recebeu uma resposta afirmativa da sua cunhada. Respirando aliviada, foi em busca do escritório de Regina e, quando o encontrou, a secretária informou que ela estava em uma teleconferência importante e não poderia atendê-la de imediato.

— Mas você pode esperar, se quiser. Já faz um tempo que começou, não deve demorar muito. — disse a jovem de longos cabelos castanhos e uma pele muito branca e tão delicada que Emma teve a impressão de que a garota poderia se quebrar a qualquer momento.

— Hum... eu vou esperar, então — respondeu, indo sentar-se em uma das cadeiras que havia junto à parede, do lado contrário ao da mesa da secretária, de onde podia ver a porta fechada decorada por uma placa com o nome de Regina talhado à mão.

Depois de quase quinze minutos de espera, Emma já estava ficando impaciente e começando a se arrepender de ter ido até lá, quando finalmente a porta do escritório se abriu.

— Aurora, será que você pod... — ela parou de falar, e de andar, assim que viu Emma ficar de pé. — Emma?

— Senhora Prefeita.

Parecendo bastante surpresa, ela hesitiu, mas logo deu um passo para o lado, fazendo um gesto em direção a sua sala.

— Entre. — Assim que Emma o fez, ela voltou-se para Aurora e disse: — Não nos interrompa.

Enquanto ela voltava para o escritório e fechava a porta Emma analisava a decoração.

— Uau! Eu me sinto dentro de um tabuleiro de xadrez.

Quando disse isso, Regina estava de costas indo sentar-se em sua cadeira de magnata, mas Emma podia jurar que a tinha visto revirar os olhos.

— Eu gosto de preto e branco. É reconfortante. — disse ela, cruzando as pernas bem torneadas, o que acabou fazendo com que a saia preta subisse um pouco, revelando as coxas firmes. Emma fingiu que não percebeu e levantou os olhos para encarar a prefeita.

— Se você diz...

— O que você veio fazer aqui, Srta. Swan? — Sua voz é firme, porém suave. Ela devia estar no modo trabalho, por isso estava soando um pouco mais formal do que de costume. — Está precisando de alguma coisa?

— Não exatamente — enfiou as mãos nos bolsos de trás do seu jeans, em um gesto nervoso. Estava começando a se sentir ridícula por ter ido até ali. — Eu só queria avisá-la que fui ao hospital ontem a tarde e conversei com o Dr. Whale. Começo a trabalhar lá na próxima semana.

E eu poderia perfeitamente ter esperado para contar isso em uma outra hora, pensou assim que terminou de falar.

— Oh! Isso é ótimo. Ele vem solicitando novas contratações há semanas.

— Foi o que ele me disse. — Após um breve silêncio, Emma deu um passo à frente, ficando entre as duas cadeiras dispostas diante da mesa de Regina. — Então... Você não está chateada?

— Por você ter ido procurar um emprego?

— Ou por não ter falado com você antes.

— Emma, eu não esperava que você fosse ficar trancada na minha casa durante um ano inteiro — ela descruzou as pernas e ficou de pé, ainda do outro lado da mesa. — Eu iria propôr isso em algum momento. Só não tinha feito isso ainda porque estou lidando com todo o trabalho burocrático que se acumulou enquanto estive fora.

Só então Emma baixou os olhos para a mesa entre elas e para a mesa de reuniões à sua direita. Ambas estavam repletas de pastas e arquivos.

— Você parece estar bastante ocupada aqui — ela não respondeu, então, continuou: — Então, você não fugiu do café da manhã por ter se arrependido de pedir para falar sobre Roni?

— Foi isso o que você pensou?

— Bem, você não insistiu no assunto ontem a noite, então achei que pudesse ter voltado atrás.

— Não. Eu apenas evitei o assunto porque supus que você tinha muito o que pensar por uma noite.

— Oh! — E o que isso significa, exatamente?, quis perguntar, mas foi impedida.

— Foi no hospital que você a encontrou, não foi? — Emma estava distraída e não percebeu de imediato sobre o que ela estava falando, mas então ela prosseguiu: — Sua mãe.

— Ah... Sim.

— E agora terá que esbarrar com ela toda semana.

Não era uma pergunta, pelo que pôde perceber.

— Irônico não é? Quero dizer, fazia doze anos que eu não a via.

— Você tem sorte — disse Regina, com um olhar fixo em algum ponto da sala. — A vida não foi tão generosa comigo.

Percebendo que ela estava falando sobre Roni, não soube o que responder e preferiu permanecer calada. Nada do que dissesse mudaria o fato de que, o que quer que tivesse acontecido entre elas, Regina nunca teria a chance de tentar consertar. Por um lado, isso a enfurecia por que, no seu ponto de vista, ela teve muitos anos para procurar pela irmã e nunca o fez. Por outro lado, não conseguia deixar de pensar no que ela dissera, na noite anterior, sobre ouvir o outro lado da história. No entanto, ainda não sentia que era o momento certo para isso.

— Eu... eu vou deixá-la trabalhar — disse, afastando-se em direção à porta.

Quando já estava com a mão na maçaneta, ouviu-a chamar seu nome. Virou-se para ver que ela havia saído de trás da mesa e vinha caminhando pelo centro do escritório, quase em câmera lenta. Céus! Era como ver a própria Roni. Engolindo em seco para afastar a onda de saudade que ameaçava lhe dominar, Emma apenas esperou que ela falasse.

— Amanhã a noite a cidade estará comemorando o feriado do Dia do Minerador. É uma tradição local e eu estava pensando que seria uma ótima oportunidade para apresentar você como... você sabe... minha esposa.

Ainda atordoada com as próprias lembranças e o turbilhão de sentimentos dentro do peito, Emma tentou obrigar a sua mente a funcionar.

— Porquê você acha isso?

— Bem, porque toda a cidade vai estar presente, então, poderemos tornar isso público de uma vez por todas. — Estava tentando, mas não estava sendo capaz de acompanhar o raciocínio da prefeita, então ela continuou: — A não ser que você queira falar com seus pais primeiro.

— Não! Não precisa. Se você acha que é uma boa oportunidade então não há motivos para não aproveitá-la.

— Tem certeza?

— Sim. Certeza absoluta — abriu a porta, virou rapidamente, sem realmente olhar para ela e disse: — Nos vemos mais tarde.

Saindo quase correndo dali, caminhou sem destino pela cidade até chegar às docas. Não sabia exatamente quanto tempo tinha levado para chegar até ali, ou como voltar, só sabia que precisava respirar ar fresco e acalmar-se para poder controlar todas as sensações que ver Regina daquela maneira tinha lhe causado. No entanto, a imagem dela vindo na sua direção quase da mesma forma de quando a viu pela primeira vez no cemitério em Nova York, no enterro de Roni, continuava voltando a sua mente. Céus, era muito azar que as duas fossem tão parecidas fisicamente! Emma quase tinha pulado nos braços de Regina para aplacar a saudade que sentia da sua esposa. Quer dizer, da sua outra esposa. Droga! Que confusão!

Oh, Roni, quanta falta você me faz!, lamentou enquanto sentava em um banco, de frente para o mar, com as mãos sobre o próprio ventre e permitindo que as lágrimas molhassem o seu rosto. Aquele não era o melhor lugar para chorar, sabia bem disso, mas precisava de um pouco de alívio emocional. E, com certeza precisaria de uma carona para casa, pois a pequena pontada de dor que começava a sentir no pé da barriga indicava que havia feito esforço demais por um dia, e ainda nem havia tomado o café da manhã. Sem contar que ser vista vagando aos prantos pelas ruas da cidade seria uma péssima primeira impressão.

The Sister | SwanQueenWhere stories live. Discover now