𝗌𝖾𝗉𝗍𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋

𝟐𝐧𝐝 𝐚𝐜𝐭: 𝐠𝐨𝐝𝐝𝐚𝐦𝐧-𝐦𝐚𝐧 𝐜𝐡𝐢𝐥𝐝

até mesmo o amor se em demasia morre afogado na própria mentira. mamãe dissera que a paixão não existe e as paredes gritaram que se cartelas de medicamentos estão espalhadas pelo quarto, o desequilíbrio é nítido, facas têm vida e garotinhas são apenas um petisco. elas estavam esperando convictamente que alguma hora eu iria acordar do sono blindado em uma luz cegante até mesmo em quilômetros de distância. pelo visto, além de cega, também estive surda.

portanto, não satisfeita de cair no conto do vigário, acordei o mais cedo que pude. imperceptível, enfiei 5 no buraco para segurarem meus braços impedindo que eu caísse. antes que houvessemos percebido, nuvens de fumaça se empilhavam sob nossas cabeças. nossos pesadelos estiveram locados no fundo de um poço sem fundo junto com ingessos para shows caríssimos, promessas de dedinho e rostos semelhantes que se julgavam gêmeos só por que eram comuns.

mamãe me disse que a beleza de uma mulher que não necessita de escada é irreverente. desta vez eu acreditei nela e na minha capacidade de escalar as paredes internas de um corpo que está se decompondo. cravo uma, duas e três facas dentro do coração do garotinho inseguro do fundamental II, que acredita que se recortar o seu próprio rosto e costurar no meu e de mais 5, talvez consiga se ver sem precisar de um espelho para ser mais egocêntrico do que já é. mas seus luxos não foram cedidos. afinal, ninguém tem coragem de beijar a mesma boca que já beijou o próprio cadáver.

- 𝖕𝖆𝖗𝖆 𝖖𝖚𝖊 𝖛𝖎𝖈𝖙𝖔𝖗 𝖘𝖆𝖎𝖇𝖆 𝖖𝖚𝖊 𝖔𝖘 𝖒𝖊𝖚𝖘 𝟓 𝖋𝖆𝖓𝖙𝖆𝖘𝖒𝖆𝖘 𝖉𝖔 𝖎𝖓𝖛𝖊𝖗𝖓𝖔 𝖏𝖆𝖒𝖆𝖎𝖘 𝖘𝖊 𝖔𝖗𝖌𝖚𝖑𝖍𝖆𝖗𝖆𝖒 𝖉𝖊 𝖇𝖊𝖇𝖊𝖗 𝖉𝖔 𝖘𝖊𝖚 𝖘𝖆𝖓𝖌𝖚𝖊.