Cap. 05

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28/11/2018    (quarta-feira)

Acordei, no momento não lembrei de nada que aconteceu na noite passada. Abri os olhos lentamente, olhando ao redor do quarto, ainda sentado na cama. No chão eu vi uma calcinha jogada, enquanto do outro lado, um sutiã, e assim com todas as peças de roupa dela. Sorrio ao lembrar dos momentos que vieram como flashes na minha mente. Me levantei já calçando os chinelos e andando em direção ao banheiro para tomar banho e escovar os dentes. Após isso, faço minha rotina normal, que é tomar café da manhã reforçado, vestir uma roupa clara comum, dar um beijo na minha filha, pegar as chaves e ir trabalhar. Hoje o dia vai ser cheio. Vamos trabalhar contra o tráfico na Penha e provavelmente vai durar um dia inteiro, pois temos que usar inteligência e cautela no processo, o que pode levar tempo.

No carro, após parar em um semáforo vermelho, pego o celular no bolso e já começo com as mensagens de bom dia para minha esposa. Ela adora quando acorda com as minhas mensagens de carinho. Buzinaram, olhei no retrovisor e logo após para o farol, ele já havia aberto e os motoristas impacientes buzinavam sem parar. Demorou um pouco para que eu chegasse no BOPE, o trânsito hoje estava infernal, justamente de manhã, o que achei estranho por um momento, antes de ver que o motivo tinha sido o choque de um carro com um caminhão. Pelo meu ponto de visto, o motorista do caminhão estava errado, ele deveria estar bêbado. Mas que Deus tenha piedade e que todos os envolvidos estejam bem agora.

Pensei em comprar flores amanhã, tanto para dar para Sarah quanto para meu filho, que até hoje não havia dado uma para aquela garotinha que ele gosta.

•••

Caveira Cadu, à sua direita, a uns trinta metros de distância, sujeito armado com fuzil. Roupas: bermuda branca, camisa vermelha lisa, boné branco, chinelo preto nos pés.

Já avistei o sujeito — falo pelo rádio, em resposta de um dos caveiras.

Era uma correria que só. Mal tinha tempo de pensar em minhas ações antes de completar as mesmas. Tiro para todo lado. Isso tudo já na metade do dia, estávamos completando praticamente doze horas de operação. A sede já era imensa, e o cansaço mais ainda.

As vielas eram estreitas e ingremes demais, o que dificultava a passagem dos soldados. Sinto que se eu chegar em casa e não comer nada eu irei desmaiar e parar outra vez naquele hospital com sintomas de desidratação. O calor nos faz pingar de tanto suor. Os cabelos já estão molhados por completo, como se eu estivesse acabado de sair de uma piscina. Bem que eu queria, na verdade. Essa roupa pesada e quente só piora as coisas. Minhas mãos suavam ao segurar a arma de grande porte.

Tudo isso para prender traficantes e acabar com o tráfico deles. Tudo isso por pessoas que escolheram o caminho mais fácil, e com toda a certeza, o mais errado. Mas eu faço isso por amor. Minha paixão é defender meu povo. Gente como eu, que escolheu trabalhar e ganhar cada moeda, escolheu esperar para vencer na vida. Não esses sujeitos que atrasam a vida de trabalhadores. E só paro quando a última bala acertar meu peito em cheio através de um colete.

Eu ia soltar um grito após ter sido atingido por um de raspão em meu braço direito e deixar minha arma deslizar pelos dedos com a fraqueza, mas Eduardo posicionou sua mão direita na minha boca, impossibilitando. Tudo isso para ainda estarmos no sigilo. Para que o plano continuasse dando certo. Fechei os olhos, respirei fundo e, de novo, posicionei a arma próximo do ombro. Essa operação não terminaria sem mim.

Isso tudo foi resultado da defesa que fiz a uma criança que estava passando no meio do tiroteio entre ambos os lados. E não me arrependo nem um pouco, esse tiro poderia ter a matado. Na hora lembrei do meu filho, aquele garotinho deveria ter a mesma idade que o meu. E ele não seria mais uma vítima de bala perdida, seja de qual for a arma que o tiro tenha vindo.

Meu Caveira - A Vingança (Concluído)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang