Cap. 26

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Dois policiais conseguiram abrir a porta, nem me importei como. Eu só conseguia olhar para o meu filho caído no chão, pálido e desacordado.

Uma ambulância para a estrada ****** **** ******** — um deles diz no rádio para o Batalhão. — Vamos levá-lo de carro o mais rápido possível até a estrada que falei no rádio, de lá vamos para um hospital da região para não perdermos tempo.

— Vou colocá-lo no carro dele e dirigir até lá, vocês podem ir na frente para mostrar o caminho — eles assentem indo lá para fora.

Seguro os braços de Cadu, o pegando no colo. Abaixo um pouco, peço à Miguel que suba nas minhas costas e assim ele fez.

Coloquei meu filho no banco do passageiro com o cinto de segurança. Quanto a Miguel, o deixei no banco de trás, na cadeirinha.

— Vovô, o papai morreu?

— Não, Miguel, o papai tá vivo. Só está dodói.

— Ele vai ficar bem?

— Claro, ele é forte, assim como você.

— E a mamãe?

— A mamãe está dodói também, querido. Ela precisa ficar em um hospital. Os médicos vão cuidar dela e se ela se dedicar ela vai ficar bem. A mamãe fez muito mal para o papai, ela precisa se cuidar agora.

— Ela tá doida?

— Não, meu bem, ela só precisa de... um tempo sozinha.

— A mamãe ficou falando que me amava, toda hora.

— E ela te ama. Todos nós amamos. Inclusive o papai.

O caminho inteiro que eu percorri atrás das viaturas o meu neto me questionava. Eu estava adorando conversar com ele e responder suas perguntas, mas ao mesmo tempo não conseguia esconder a preocupação com o meu filho. Nunca estive tão aflito em toda a minha vida. Certeza que é pelo tempo que perdi. Até hoje fico me remoendo, o remorso é muito grande. Se eu pudesse voltar no tempo e mudar aquele cara durão que só pensava em trabalho... mas já que não posso eu preciso ao menos cuidar do meu filho antes que seja tarde.

A ambulância já estava nos esperando na estrada. Parecia tudo uma cena de filme. O veículo no meio da rua, junto com outras viaturas e o carro do Cadu que era conduzido por mim. Um monte de gente em pé olhando o meu filho ser atendido pelos paramédicos. Miguel segurava minha mão, ele só observava tudo, sem dizer nada. Eu poderia ir com ele, mas daí o Miguel ficaria com os policiais e se sentiria sozinho sem alguém da família, então resolvi continuar dirigindo o carro com ele lá atrás, dessa vez calado o caminho todo. O hospital não ficava longe. Chegamos em pouco tempo. Os policiais, inclusive parceiros de Cadu, queriam muito ficar e esperar por notícias do mesmo, mas precisavam deixar os sujeitos na delegacia. Como cheguei junto com a ambulância, pude ver eles levarem a maca com o paciente até uma sala de cirurgia com acesso restrito.

Fiquei na sala de espera aguardando por notícias, enquanto isso Miguel estava no meu colo, deitado no meu peito. Eu verificava várias vezes se ele estava dormindo, mas pelo o contrário, estava atento olhando a novela que se passava na televisão do hospital. Eu sei que ele nem está prestando atenção na novela em si, mas sim, no pai dentro daquela sala sendo operado. Decidi ligar para a família e dizer que tudo ocorreu bem. Procurei pelo nome do meu genro e liguei. Não demorou até que ele atendesse, a primeira chamada já foi suficiente.

Alberto? Como está tudo ? é tarde, estávamos preocupados.

— Bom, ocorreu tudo bem na operação. Miguel está aqui conosco, são e salvo.

Meu Caveira - A Vingança (Concluído)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora