46 • Por favor, acorde!

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O tempo não parou com o coma de Heron Borelli

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O tempo não parou com o coma de Heron Borelli. Ao seu redor o mundo continuou a girar, os problemas e segredos expostos tornaram-se o centro das notícias em toda mídia. O mundo estava totalmente focado nas informações reveladas, em cada conteúdo e nomes. Enquanto ministros, chefes de máfia, CEOs e qualquer um envolvido em corrupção era cassado, Rico usou dessa oportunidade para expandir os negócios. Salvou alguns dos homens mais importantes para a economia com a promessa de alianças. Varreu seus crimes para debaixo do tapete e riscou seus nomes da lista negra da Interpol, FBI, CIA, e outras organizações.

Na família Borelli, o silêncio perpetuava a cada manhã, a cada dia que Heron não despertava. As visitas de Kiara, Anelise e Petrus eram frequentes. Entravam em seu quarto, sentavam e passavam horas com ele, conversando sobre assuntos aleatórios, contavam histórias, compartilhavam lembranças. Kênia também fez sua presença, sentindo a dor tão severa quanto o restante, culpando-se por ter sido tão incompreensível e leviana. Observá-lo por tanto tempo sem ouvir suas alfinetas a fez perceber que todos os xingamentos a manteve, de certa forma, ligada a ele.

Eu... Nunca me desculpei com você. — começou, pausando para se recompor. Havia ido ao seu quarto pela parte da noite, no horário em que todos estavam ocupados com outros afazeres. Poderia ter a privacidade que precisava. Sentada na cama ao seu lado, acariciou seu rosto com o polegar. — Talvez... se eu tivesse dito que sinto muito, nossa relação teria sido diferente. Você era só um garoto que perdeu a mãe... Eu, mais do que ninguém, deveria ter compreendido sua dor. Odiei seu pai quando o culpei pela morte da minha família, sei como deve ter se sentido ao ter que conviver comigo. Você tem que acordar, Heron. Precisa me dar a chance de me desculpar! Eu tenho que dizer pra você que sinto muito pela sua mãe. Eu sinto muito, querido.

Mesmo chorando e se desculpando, não houve mudança nos sinais vitais. Os sons dos aparelhos permaneceram iguais, estáveis, como se ele tivesse apenas tendo um leve sono. O descer e subir do peito dava a impressão de que ele poderia acordar à qualquer momento, mantendo a esperança intacta em seus corações.

Os dias continuaram a seguir, aos poucos e lentamente, as visitas no quarto de Heron iam diminuindo. Ravena não escolheu ficar com Reece, mas também não optou por ir com Rico. Ciente de que não poderia pensar somente em si mesma, redescobriu o que queria da vida e como queria viver. Trocou de nome e desapareceu pelo mundo, deixando rastros por onde passava, na expectativa de que alguém fosse achá-la. Sem notícias, sem ligações ou mensagens, chegou um dia que aceitou a morte de Heron, que perdeu a esperança e vivenciou o luto como deveria ter feito há muito tempo. A barriga crescia com o passar dos meses, mesmo sozinha, esteve feliz a cada visita à obstetra.

Então, um dia, finalmente alguém apareceu.

[...]

Anelise e Kiara percorreram o extenso corredor do andar onde ficava localizado os quartos, principalmente o de Heron. As duas carregavam consigo flores que haviam colhido no jardim da casa. Era início de outono e as flores amarelas enfeitavam toda a casa nos jarros, dando uma perspectiva diferente ao ambiente. Com a ausência de Derian e Rico, o ar pesado, de certa forma, aliviou. Ambos estavam mais frustrados do que qualquer um, temerosos pela demora de Heron em não abrir os olhos. Rico precisava do filho como seu sucessor, já não era capaz de lidar com tudo sozinho, se deu conta de que Heron havia feito um bom trabalho.

Os herdeiros Borelli. - IIWhere stories live. Discover now