Capítulo TRÊS

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Eu sou uma Elliot

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Eu sou uma Elliot. E os Elliot não se deixam abater, repito para mim mesma enquanto ando pelo quarto com uma taça de vinho na mão.

Nunca.

Na verdade, a frase preferida do meu pai é: "Você é uma Elliot. Não envergonhe meu nome. Levante essa cabeça. Arrume essa postura. Saia e conquiste o mundo".

De certa forma, não posso reclamar. Isso me deu uma bagagem gigantesca de autoconfiança, mas junto com isso me deu um senso de urgência maior ainda. Eu sempre estou tentando não decepcionar ninguém. Sempre estou tentando não me decepcionar. E sempre quero deixar transparecer que está tudo bem, mesmo quando nada está, como é o caso agora.

Viro a taça de vinho de uma vez só, bebendo todo o conteúdo, sem classe alguma. Meu pai me olharia feio, me recriminando pelos meus péssimos modos, mas bem, meu pai não está aqui. Minha única companhia nesse momento é a frustração de não ter segurado um noivo porque ele me achava frígida.

Frígida. Puta que pariu!

Volto a pensar em minha atual situação. Eu não quero ficar por baixo, e por isso, acato a ideia estúpida de Lizzie e instalo o aplicativo de encontros no meu celular. Minhas mãos tremem e meu coração bate rápido, então eu me obrigo a lembrar de que estou em casa, sozinha, sem nenhuma testemunha desse desatino. Se nada der certo, eu desinstalo essa porcaria e sigo a vida como uma mulher comum que foi chutada de forma comum.

Enquanto o aplicativo instala, vou até a cozinha e me sirvo de mais uma taça. Estico-me na ponta dos pés e tento pegar um pacote de salgadinhos na parte mais alta do armário, o que me faz lembrar que Dylan brincava comigo que eu era seu chaveirinho. Essas lembranças me dão calafrio quando a palavra frígida invade minha cabeça novamente, fazendo eu me lembrar do porque estou entrando na onda da Lizzie: eu quero provar para mim mesma que não sou fria. Nem na cama, e nem fora dela.

Eu quero provar a mim mesma que o problema estava em nosso relacionamento, não em mim. Eu quero, pela primeira vez, não me culpar de algo que realmente não foi minha culpa.

Então, pensando nisso, eu puxo a merda da escadinha doméstica e subo, confiante, para pegar meu salgadinho sozinha. Eu não preciso de homem para nada, muito menos daquele babaca que se intitulava meu noivo.

Mulher que está me lendo nesse exato momento: se você quer suas batatinhas, pegue-as sozinha. Você pode. E deve.

Sento na cama e cruzo as pernas, enquanto mexo no celular com uma mão e com a outra, eu viro cada vez mais rápido a taça de vinho em minha boca. Enfio duas batatinhas na boca com a esperança inútil de que elas retardarão minha embriaguez, mas sei que essa já é uma luta perdida, porque apesar de eu não ser fraca para o álcool, beber com tamanha rapidez não me fará exatamente bem, eu tenho essa consciência. Mas, talvez, beber me dê a coragem necessária para me dar a chance de encontrar alguém disposto a bem... Sexo casual.

E é disso que eu preciso.

Sexo casual. Uma bela de uma trepada para simplesmente, reiniciar meu sistema.

[...]

Depois de bons minutos zapeando entre os pretendentes que me aparecem no carrossel de opções, começo a ficar desanimada. Nenhum me parece exatamente interessante: ou são muitos mais novos, ou muito mais velhos, e os dois que atendiam dois de cinco requisitos meus, puxei conversa e constatei serem excessivamente babacas. Tudo bem que é um aplicativo de sexo casual, e eu sei o motivo de nós estarmos nele, mas custa iniciar a conversa com um pouco de educação que seja? Aparentemente, isso está em falta aqui. "Oi gata, quer ver meu pau na cam?" ganharia o Oscar de frases mais lidas por minuto nessa droga de lugar, se você quer saber.

Bufo, irritada com a minha ideia idiota, e desisto, jogando o celular ao lado na cama. Jogo-me no colchão, coloco o braço esquerdo sobre os olhos e tento, mesmo que desnecessariamente, saber onde foi que eu errei tão feio para estar aqui, nessa situação. Será que na outra vida eu bati em velhinhos e chutei cachorrinhos na rua? Deus me livre pensar que minha alma antiga possa um dia ter sido tão podre, mas é a única explicação plausível para eu estar passando por isso a essa altura da vida.

Tudo bem, eu reconheço que estou fazendo drama. É só um homem. Nada demais. Outros virão. Mais fortes, mais inteligentes, mais viris, mais bonitos.

É só manter a esperança e o pensamento positivo, Harper.

E se eles não aparecerem, tudo bem. Sua vida não é definida pelos machos que passam por sua cama. Há muito mais para se preocupar durante a caminhada e nunca é tarde para virar lésbica. Aliás, que tristeza já não ter nascido gostando de mulher. Gostar de pau é um carma, porque por melhor que seja sentar em uma bela de uma pica, o que mata é que em volta dela, há um homem.

Porém, antes de eu conseguir chegar à uma conclusão sobre qual lado do meu pensamento que está mais certo, uma notificação aponta na tela do meu celular. Ao que parece um cara me adicionou aos perfis que quer ter contato. Abro um dos olhos, verificando desconfiada, e meu queixo cai em admiração quando finalmente minha visão pousa na tela.

Eu estava falando sobre ser lésbica? Cancela.

O cara da foto está de terno e gravata, ambos perfeitamente alinhados ao seu corpo esguio e aparentemente definido. Seus olhos negros fitam a câmera como se ela fosse uma presa enquanto em sua mão pousa um copo de uísque, e um arrepio percorre minha espinha, porque se esse olhar consegue fazer isso em uma foto, o que não será capaz de fazer pessoalmente? O cabelo bem penteado para trás dá um ar de confiança e polidez, mas a boca carnuda e o sorriso de lado entregam que o homem é todo feito de pecado, e apenas alguns segundos olhando sua imagem faz os bicos dos meus seios se eriçarem. Tento me convencer de que é vinho que me causa essa reação, mas sei que não é.

É ele.

queria agradecer às quase mil leituras

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queria agradecer às quase mil leituras. Falta pouco, e eu ficaria MUITO feliz.

Obrigada pelos feedbacks, eles são muito importantes para mim.

Você está gostando do livro? O que espera dele? =)

Entre os dois - Amor à troisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora