A Garota -20 ( Penúltimo)

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Alguns dias depois...

Ruggero é lindo.

Ruggero é o cara mais bonito que já vi e, nos dias que passamos juntos sem nos largar a menos que fosse muito necessário, percebi que eu havia feito o certo quando optei por lhe perdoar e viver nosso amor, apesar dos pesares.

Quando as aulas voltaram e fomos obrigados a passar horas perdidos em aulas desinteressantes que só serviam para nos separar, eu ouvi Valentina frisar trocentas vezes o quão meu olhar de apaixonada lhe fazia querer se apaixonar também; era engraçado, mas era bom.

Porque, juro pela minha vida, eu estava perdidamente apaixonada por aquele garoto da sala ao lado. Eu nem podia segurar meu sorriso bobo sempre que ele aparecia na soleira da minha sala de aula e me lançava um sorriso quente que fazia meu corpo se arrepiar e desejar beijá-lo ali mesmo sob o olhar julgador da professora e os risinhos debochados dos meus colegas.

Estar apaixonada era uma sensação maravilhosa.

Certo dia após pedir a Suzana, nossa professora de história, para ir beber um pouco de água, uma coisa interessante aconteceu.

Assim que sai da sala e adentrei o corredor que me levaria até os bebedouros, uma cena peculiar me fez paralisar, mas não porque dois garotos estavam se beijando no corredor vazio e silencioso, isso era o de menos; o que me fez parar foi quando finalmente reconheci um dos garotos.
Era Lino.
O Lino da Giovanna.
O Lobo mal.

Lino gosta de garotos.

Eu já ia voltar sem chamar atenção quando um muro de fúria se chocou contra mim, me atropelando e passando por mim como se eu fosse um mero detalhe ali.

Giovanna avançou na direção dos garotos gritando impropérios e arranco Lino do garoto que, ao se dar conta do que acontecia, apenas teve tempo de se encolher em seu medo por ter sido descoberto.

− Eu sempre soube que você era um frouxo, mas... Isso?! Isso é demais até para mim! – Escutei Giovanna berrar sem se importar em incomodar as pessoas que assistiam aula. – Vamos lá, diga algo, pare de ser uma bichinha incubada! Que nojo que eu tenho de você!

O menino moreno que beijava Lino olhou para todos nós e depois saiu dali desapontado – talvez esperasse que Lino defendesse seu suposto caso – mas para seu desapontamento, Lino apenas abaixou a cabeça, amedrontado.

Mesmo de costas eu podia imaginar a cara que Giovanna estava fazendo, pois isso se refletia em sua postura rígida e suas mãos que abriam e fechavam ao lado do corpo magro.
Eu queria ir embora, mas me vi caminhando na direção deles.

− Gi, eu posso te explicar... – Lino ensaiou uma explicação, mas se calou.

− Explicar? – Ela repetiu com excesso de nojo na voz. – Explicar que está me traindo com um suburbano bolsista do primeiro ano?! Um garoto! – Ela riu sem humor. – Ainda mais nos corredores, se fodendo para a possibilidade de alguém ver!

E então minha boca abriu antes que eu pudesse impedir.

− Não fale assim com ele!

Giovanna girou lentamente nos calcanhares me lançando um olhar de puro ódio, como se fosse voar no meu pescoço e arrancar meus olhos com os dentes.
Eu dei um passo para trás.

Você. – Falou, andando na minha direção. O maxilar travado. – Você, sua morta-de-fome! Por culpa sua perdi meu amigo, por culpa sua um monte de merda aconteceu! Sabia que o pai do Ruggero, aquele imbecil, ligou para os meus pais e agora eu vou ter que passar minhas tardes trabalhando em um dos restaurantes da minha família?! Vou ser uma merda de uma garçonete, por sua culpa!

A Garota da Sala ao Lado [Concluída]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora