Capítulo 3

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Anastasia

Hoje é um daqueles dias que Antonella levantou da cama possuída pelo demônio. Às seis da manhã ela já estava berrando pela casa como uma louca e minha mãe vinha atrás, reclamando dos seus surtos sem sentido e meu pai ajudando. Eu só suspirei, até mesmo porque se eu dissesse alguma coisa só seria motivo para ela vir me insultar logo cedo e meus pais ficarem ainda mais bravos.

Hoje fazem sete dias que Elliot se matou e a dor está mais insuportável a cada dia. Minha cabeça está pesada devido as noites sem dormir, isso sem mencionar meu rosto vermelho e inchado pelas lágrimas que não secam. Kate, minha melhor amiga chegou do Canadá à seis dias e veio correndo me ver, mas nem seus abraços e palavras suaves tiram da minha cabeça as últimas palavras que ele me disse antes de sair dessa casa completamente devastado.

Eu nunca vou aprender a lidar com essa rejeição.

É como escutar a voz dele novamente. Se eu fechar meus olhos consigo ver as lágrimas que desceram pelo seu rosto e o semblante derrotado que era inédito para mim.

Elliot sempre tinha sido forte, decidido. Quando queria uma coisa não tinha nada que tirasse seu foco. Mas vê-lo tão miserável naquele noite me fez desejar a morte e saber horas depois o que ele havia feito me fez sentir pior.

Culpa não deixou de pesar em meu coração e rondar minha consciência. Essa mesma culpa que vou levar comigo pelo resto da minha vida.

O único que têm conseguido afastar meus pensamentos de Elliot é Christian. Ele é um mistério perfeito; calado, observador e lindo. Depois das minhas duas - e desastrosas - experiências sexuais eu prometi a mim mesma que ficaria um bom tempo longe de qualquer homem, mas Christian chegou para jogar meu juramento por terra.

O silêncio nas ocasiões que estivemos junto me intriga, assim como a forma que já reparei que ele olha para mim. Talvez na cabeça dele ele tente entender porque o irmão não saía de perto de uma pirralha de vinte e um anos enquanto poderia estar por aí construindo um império e transando como um coelho com qualquer super modelo da Victoria Secret's.

Nós não voltamos a nos encontrar desde aquele jantar esquisito em que ele mais estudou os presentes à mesa do que compartilhou sua opinião sobre o assunto. Mesmo que fosse o dia da morte de Elliot, papai e tio Carrick foram sensatos e conseguiram contornar a situação chata e o clima pesado que estava ali. Eles se concentraram em falar de negócios, o que acabou atraindo a atenção de todos, até mesmo de Ethan. Até onde eu sei meu pai pretende dar a ele um bom cargo na construtora, o que eu sinceramente não concordei mas achei melhor não dizer nada.

O problema é que Ethan não me passa confiança profissional já que caráter ele não tem nenhum. Corre o boato de que ele engravidou uma garota de quinze anos e depois a obrigou a fazer um aborto, mas isso ninguém confirma se é realmente verdade. Mas como diz o ditado, onde há fumaça há fogo e ele não é lá a pessoa mais certa do mundo.

— Querida? — mamãe coloca a cabeça pela pequena fresta que ela abriu. Seu semblante também está bastante abatido. Dona Carla teve Elliot como seu filho, afinal foram quase dez anos de convivência.

— Entra, mamãe. Antonella já se acalmou? — ela fecha a porta tranquilamente e revira os olhos, caminhando até a minha cama e sentando perto de mim, envolvendo minhas mãos nas suas.

— Seu pai e eu erramos na criação dela. Sempre fomos da filosofia de que conversar e colocar de castigo era o melhor meio. Funcionou com você, tanto que foram raras as vezes, mas a sua irmã precisava mesmo era de outro tipo de corretivo. — a frustração que ela sente é palpável.

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