capítulo 7

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Ela parece desconfortável, pela primeira vez ansiosa.

-Só tenho minha irmã Omma e sua filha Alice. Meus pais nos abandonaram em um orfanato, Omma fugiu quando descobriu que havia ficado grávida...eu fui adotada logo depois e me esforcei para arrumar um emprego e mandar dinheiro para Omma, mas os meus pais adotivos morreram. Somos só nós 3.

-De quem Omma estava grávida?

Limpo a garganta.

-Do diretor do orfanato.

Ela se endireita na cadeira.

-Qual era o orfanato?

-Santa Graça.

Ela concorda e um brilho misterioso aparece nos olhos da garota.

-E o que mais?

-Como assim o que mais?

- Por que foi parar lá? Por que Omma teve a criança?

-Omma não ligava para quem era o pai, Alice é parte dela. E eu penso o mesmo. Nossos pais nos abandonaram. - digo meio bruscamente e a encaro. - Sua vez.

Aperto o play do gravador.

Ela sorri.

-Meu nome é Annelise Macharie. Tenho 17 anos e comecei a matar com 14 anos. - Ela relaxa ao falar do assunto- Eu sempre observei a maldade do mundo e nunca entendi o sistema, já que o mal continuava acontecendo apesar do sistema, então que tal apagar fogo com fogo?

Cruzo os braços a ouvindo.

-Meu pai era um infiel, e um pervertido. Eu tive amigas diferente do que os sensacionalistas de merda possam pensar, isso foi bem antes de Ann Machi surgir. -ela pega o gravador e começa a falar para si mesma cheia de narcisismo- Annelise Macharie um belo dia convidou sua mais preciosa amiga para sua casa, brincavam em seu quarto até Annelise se afastar por um momento e quando voltar encontrar sua amiga trêmula e seu pai descendo as escadas. - ela começa a narrar seriamente- Eu logo pude entender o que teria acontecido, e ela me contou, o sistema não tomaria uma iniciativa melhor que a minha eu tinha certeza.

Me arrepio, ela parece irritada e fervorosa.

-Dias depois dele ter feito um ato nojento com a minha mais preciosa amiga, eu o flagrei entrando em um hotel com uma vadia desconhecida, informei a minha ingênua mãe, tudo. Ela chorou, e eu sabia que ela não tomaria uma iniciativa melhor que a minha, então eu reuni o pessoal mais barra pesada que eu pude encontrar, chorei e fiz um belo teatro ao dono da máfia local que minha mãe achava que eu não sabia que vendia pílulas de ecstasy para ela. - Ela parece imersa nas lembranças- Ele apreciou a causa e disse que daria um jeito, se eu apenas entregasse um bilhete a minha mãe. E foi o que eu fiz e ele apareceu morto no dia seguinte.

- Qual foi o recado?

-Ele queria levá-la para jantar.

-Isso é sério?

-Eles tem um caso agora, aposto que ela não lhe contou isso. - o sorriso ácido acende. - Agora El Padre é o meu "padrasto".

El Padre, o narcotráficante mais influente do estado. A história só fica mais enrolada.

-E depois?

-Eu pude manipular El Padre usando minha mãe, não me entenda mal, negócios ao negócios, ele queria minha mãe, e eu queria armas, drogas, contatos, e precisamente justiça e por hora anonimato.

-Onde conseguiu o apelido?

-El Padre me deu, eu achei prático, mas a manipulação com ele não durou muito, minha ingênua mãe estava se entregando rápido e eu tinha que sugar tudo e agir por conta própria . James C'lier o garoto quem matei, meu suposto namorado era filho de El Padre, aposto que ele não quer me ver agora e é por isso que minha mãe não vai vir nem quer ser incomodada sobre mim.

Concordo, parece tudo muito mais complicado.

-James tinha que morrer por dois motivos. Número 1: Ele sabia demais, sabia de coisas, detalhes que arruinariam coisas demais e número dois, James estava planejando eliminar minha mãe, para me fragilizar e El Padre pegar de volta todo o império que construí as custas dele. - ela da de ombros- Era um mata mata, e eu sou boa em mata mata.

E vai ficando cada vez mais difícil culpar Ann por alguma decisão . Chega ao ponto onde em questiono de minha própria moral.

Um guarda aparece perto de nós sinalizando que a hora da conversa acabou.

Concordo e olho Ann.

-Algo mais por hoje?

-Quero que neste livro fique explícito que não se trata de uma vida de uma criminosa juvenil, mas de uma vida em prol de outra, do amor de uma filha por uma mãe.

Ela desligou o gravador e me entregou .

-Te vejo amanhã Katherine. - ela se levanta e segue o guarda.

Observo ela se afastar com o gravador em mãos, por que Annelise teria escolhido a mim para receber tamanhas informações?

Com este livro ela não só vai questionar o sistema como vai calar muita gente e ser eternizada na memória de muitos .

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora