Capítulo 10: Isabela e a Fera.

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Já na biblioteca, Isabela pôde ver a Fera e os outros entre alguns vãos dos livros de uma ou outra prateleira. Ela passava sorrateiramente, a fim de não ser descoberta, até ouvir um grito fino. Era Zip, a pequena xícara, que acabara de revelar sua posição.

Todos foram imediatamente até a garota. Olhando para o chão, lembrou-se do plano entre ela e Tulipa.

Tulipa iria atrair o conselho para capturá-la e, antes que pudessem chegar a levá-la para julgamento, a verdade seria revelada.

- Onde esteve? Sabe o quanto me preocupei... - disse a Fera, em um tom sereno.

- Mentira... – sussurrou, apertando as mãos.

- O que disse?

Ela correu em sua direção, o empurrando para trás. Com os olhos brilhando, encarou um por um e, tentando manter a postura, segurou a barra de seu vestido e mordeu os lábios antes de finalmente falar:

- Fui eu...! A culpa de todos estarem assim é minha! Fui eu quem os enfeitiçou!

O silêncio tomou conta da biblioteca real.

Madame Samovar foi a primeira a se aproximar da garota. Com os olhos ao mesmo tempo tristes e cheios de raiva, a chaleira não pôde deixar de espirrar seu chá para todos os lados na biblioteca.

O chá estava quente. Isabela protegeu o rosto, mas mesmo assim foi atingida em algumas partes do corpo: suas mãos e braços, e um pouco no pescoço, descendo em direção ao peito, escorria uma gota fervendo.

- Você entrou aqui, fez com que o Mestre acreditasse em você! Você destruiu nossas vidas e meu filho, que mal teve lembranças de como era ser um humano e nunca terá, pois você nos levou até mesmo nossa Bela, a verdadeira Bela!!! - Madame Samovar suspirou enquanto todos se mantinham em silêncio - Você com certeza é a mais cruel das criaturas! Agora como seu castigo, veja... Veja todos perecerem até que não sobre mais nada humano no castelo!!!

As palavras da chaleira atravessaram o coração de Isabela profundamente. Seus olhos se encheram de lágrimas; rapidamente com as pontas dos dedos enxergou-o antes que escorressem.

- Você tem coragem de chorar? - perguntou Plumette se aproximando com a expressão de desaprovação - Não tem mais nada a nos dizer, do porquê nos fazer passar por tudo isso?

A garota tentou conter as lágrimas, mas elas insistiam em sair de seus olhos. Ela balançou a cabeça negativamente à resposta de Plumette, que em seguida em sua face tinha decepção e foi para os braços de seu amado, Lumière, o candelabro. Todos soltaram um suspiro de tristeza e o clima estava pesado demais, como se fosse esmagar o coração de Isabela. Aos poucos, os objetos foram saindo da biblioteca, até sobrarem apenas Isabela e a Fera.

Ele foi até a porta e a fechou. Virou-se para Isabela com os olhos cheios de fúria, parecendo um animal prestes a pegar sua presa. Ele começou a derrubar os livros em cima da mesa de estudos e foi bagunçando tudo o que tinha pela frente. Arremessava os livros contra Isa, que se contraía a fim de proteger-se. A besta rosnava alto e esbravejava, já não podia conter sua fúria animalesca.

- Você condenou a todos nós!! A TODOS!!! - vociferou com as mãos sobre um livro grande de capa dura. Ele simplesmente o arremessou sobre a garota, que desta vez não conseguiu evitar. O peso do livro fez com que caísse para trás.

- Ela não amava você... - murmurou.

- O que disse?! - questionou Fera em um tom de raiva. Ele foi até Isabela, que estava no chão, e a levantou pelos cabelos.

Com os pés suspensos balançando no ar, a pobre garota protestava aos puxões de cabelo e, depois de alguns minutos, a Fera finalmente a soltou.

- Bela... Ela não amava você da mesma forma. Desde criança ela te enxergava como um irmão mais velho que a protegia! Aquele sentimento que vocês viveram não era real! Alguém a enfeitiçou para que fizesse isso... Para que pudesse despertar em você este amor!!!

A Bela e a FeraWhere stories live. Discover now