Se ao menos as coisas fossem diferentes

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- Galáxia, minha filha onde esteve a noite toda?

- Não exagere, papai, a noite está apenas começando. - Disse a garota demostrando a inexistência de paciência em si mesma.

- Posso saber do seu paradeiro em todas essas horas em que estiveste desaparecida?

- Estive bem aqui nesta Casa, papai.

- Deixe-me adivinhar, estava no jardim, não é mesmo?- Perguntou Estrela com doçura em sua voz como sempre.

Antes de responder, Galáxia percebeu que Lua se aproximava acompanhada de Elijah.

- Papai, eu vou me retirar, eu apareci, as pessoas me viram, fiz presença, então já estou indo.

- Galáxia, filha, tem certeza de que quer se retirar? Tem uma pessoa que eu gostaria que conhecesse... Ah Elijah...- Disse assim que a outra filha e o futuro genro se juntaram a eles.- Onde está Jon?

imediatamente Galáxia sentiu um soco no estômago, como pôde ter sido tão burra? Era obvio que Jon era uma abreviação de Jonatás, logo ele era o convidado de Elijah e filho da Casa da Sabedoria e ela havia mentido para ele, mentiu para alguém da Casa da Sabedoria! Estava condenada aos olhos das Castas e dos céus, no entanto, ela não era a única errada da história, afinal Jon era aquele ajudando humanos não ela.

Estava confusa, havia errado, no entanto foi um erro estranhamente consolador.

- Meu pai, eu realmente preciso me retirar.

O Duque relutante assentiu finalmente.

Galáxia estava se retirando quando percebeu que sua irmã a estava seguindo.

- Permita acompanha-lá, querida irmã.

A mais nova então lançou lhe um sorriso amarelo não disfarçando que aquilo a desagradava.

- Sabe que não precisa fazer isso, Lua.

- É claro que sei, mas insisto de qualquer forma.

Depois de alguns minutos ambas as filha do Duque se encontravam nos aposentos da mais nova que agora havia tirado a máscara de Vênus sua falecida mãe.

- Por que me seguiu até aqui?- Perguntou Galáxia de maneira rude.

- Porque sei que fez alguma coisa, e foi algo grave devido sua reação lá em baixo no salão.

- Do que é que está falando? Não tive qualquer tipo de reação no salão.

Lua olhou a irmã com deboche e ainda por cima levantando a sobrancelha direita.

- Então está me dizendo que não estremeceu quando ouviu o nome do convidado do meu noivo?

Galáxia revirou os olhos bufando reconhecendo que Lua havia vencido.

- Muito bem.- Disse a garota se sentando na cama.- Eu posso ter estremecido um pouco ao ouvir o nome do convidado de seu noivo.

- Um pouco? Você irmãzinha, não sabe disfarçar bem.

- Acha que papai percebeu alguma coisa?

Lua se aproximou e sentou-se perto da irmã.

- Papai? Decerto que não, ele nunca foi bom em prestar atenção em seus filhos de qualquer forma.

- Bem, isso é bom.- Galáxia estava nervosa e Lua percebeu. - Lua, posso lhe contar um segredo?

- É claro.- Disse ela preocupada colocando sua mão em cima na da irmã.

- Mas não deve contar a ninguém, nem a Estrela e muito menos a Elijah.- A mais velha confirmou com a cabeça.- Eu conheci esse Jon, Jonatás, para ser mais exata e... e acabei fingindo ser outra pessoa.

- Como assim? - Perguntou Lua ainda sem entender.

- Fingi ser alguém sem um grande nome ou uma grande Casa, até mudei a cor dos meus olhos com magia para não correr o risco de ser reconhecida por um dos convidados de papai. - Ela fez uma pausa. - Eu disse que me chamava Daisy, e ele me pareceu acreditar.

Lua piscava confusa absorvendo a informação que recebera, quando o fez por completo, não levou muito tempo para explodir.

- Galáxia! Galáxia como pôde ser tão imprudente dessa forma! Fingir ser alguém que não é! E ainda por cima usando magia para encobrir o ato!

- Lua! Clamo para que fale baixo, ou alguém vai poder ouvir!

A mais velha encarou os olhos de Galáxia que gritavam por clemência, então, analisou a situação por alguns segundos em cada ângulo que podia, por fim respirou fundo achando a resposta e a calma dentro de si.

- Acredito que seu ato pecaminoso contra a honra da Casa do céu não será algo que terá algum impacto, afinal, sua pessoa, seu nome, seus olhos, eram outros, logo... esse rapaz não terá nada contra a filha mais nova do Duque de Mercúrio.

Lua não estava errada, Jon conhecia Daisy e não Galáxia e se chegasse ao ponto de qualquer tipo de acusação ser posta a mesa, a garota também teria uma arma, pois quem estava mancomunado com humanos não era ela.

Elijah da Casa da Sabedoria estava preocupado com Jonathan e percebeu que a garota Galáxia pareceu nervosa ao escutar seu nome, ao ver sua noiva e futura cunhada se distanciarem, o jovem pediu licença ao Duque e a esposa para se retirar também.

Seguiu então para o jardim, local esse que Galáxia acabara de voltar, porém não havia nada lá, quando estava prestes a voltar ao salão de baile, Elijah escutou um grito de mulher e o seguiu sem pensar duas vezes. Por fim chegou ao celeiro da propriedade e acabou presenciando um parto humano, pelo menos a tentativa de um, o que o deixou surpreso era o fato de Jonathan estar tentando ajudar, o garoto humano estava mostrando humanidade, grande erro pensou Elijah.

- Você pode ser bom Jon, mas não é muito inteligente.- Disse assim que adentrou ao celeiro e avistou o loiro.

- Elijah! - Ele pareceu aliviado ao ver o outro rapaz.- Temos que ajudar essa mulher, temo que sem ajuda ela possa morrer, e talvez... talvez não possamos salvar o bebê também. Eu... Eu estava indo embora, juro que estava! Eu sei que não devia estar aqui mas olhe...

Antes que o humano pudesse manifestar mais qualquer tipo de argumento, foi parado por Elijah.

- Jonathan, eu entendo seu lado, mas e se mais alguém o visse? Céus nos livres, mas e se alguém do patamar do Duque ou o próprio o visse?

- Eu sei, e eu entendo, mas eu...

- Sei que quer ajudar, e esse é justamente o motivo pelo qual está aqui e se as coisas fossem diferentes nós... eu os ajudaria, mas essa mulher e seu filho já estão condenados.

- Elijah, não... eu sei que ainda podemos ajudar... a criança está presa, mas a cabeça já saiu, se me escutar...

- Não! Não! Não podemos ajudar humanos! - O celestial viu que seu tom estava acima do comum, porém sua resposta foi de impulso, percebeu então olhos humanos sobre ele, e não eram os de Jonathan. - Não aqui e não agora! Isso é uma ordem. - Ele então virou para a velha ama que ajudava no parto. - Não nos viu aqui e se falar algo que contrarie isso será condena, escrava.

A velha ama então assentiu, Jonathan por outro lado, olhava a cena com horror, talvez se as coisas fossem diferentes...

Milhares de mundos, dimensões encontradas em coexistência, diversas espécies e algumas coisas nunca mudam...

E infelizmente, nunca irão mudar.

Um Novo Mundo Que Roubamos Para NósWhere stories live. Discover now