Capítulo XXIV

3.9K 506 44
                                    

Desceu da moto e entrou no bar colocando o capacete na mesa e retirou os óculos escuros observando a cautela e curiosidade que havia provocado no local. Um homem velho na casa dos sessenta se aproximou puxando a cadeira e sentando a sua frente, puxou um cigarro da blusa encardida e abriu uma caixa de fósforo mantendo os olhos escuros atentos.

– Faça sua proposta. – exigiu riscando o fosforo e com a chama acendeu o cigarro que pegou com os dedos calejados cuja as unhas eram sujas e por entre os lábios secos saiu uma fumaça espessa.

– Soube que está fazendo uma nova droga, ainda mais pura.

– Soube é?

– Cocaína pura batida com êxtase e LSD.

– Está informação é verdadeira.

– Quanto cobra por uma grande quantidade?

– Vendo uma caixa contendo duzentas embalagens desse brinquedinho por 10 pila.

– Dez mil é muito dinheiro.

– Eu faço e trabalho nesse brinquedo há meses, costumo chamar ele de Bem-me-quer-mal-me-quer, não vou mentir não, garoto, é das fortes, mata um homem que não souber seus limites e seu efeito é assassino em seu corpo. O uso disso mata mais que câncer, para não dizer que sou um vendedor que não abre o jogo.

– Não preciso que abra jogo nenhum, mas não vou lhe dá dez mil.

– Podemos negociar.

– Lhe ofereço dois mil e quinhentos a vista em espécie e abro mercado para você na minha boate. – Damien foi persuasivo e observou a experiencia do velho balançar.

– Quantos frequentam sua casa de festas?

– Um grande número de consumidores, pessoas boas para usar e que viciam rápido, eles pagam qualquer valor e se me fizer um preço bastante generoso deixo você cobrar o quanto quiser por unidade e lhe dou prioridade de até vinte caixas por mês.

– Por que nunca ouvi falar de você? – o velho o analisou desconfiado.

– Tenho o dinheiro em mãos, se for bom mesmo te faço grande em dois meses, mas se me enrolar ou tentar me passar a perna lhe garanto que vai para um lugar onde não vai ser possível vender seus brinquedinhos.

– Esse bar é meu e meus amigos estão aqui, garoto, não sou novo por aqui.

Damien se inclinou o olhando bem.

– Como vai Susana e o pequeno João?

O velho empalideceu imediatamente e os dedos tremeram quando bateu o cigarro no copo tentando ganhar tempo, o loiro não desviou os penetrantes olhos prateados do outro que visivelmente perdia a confiança.

– Dois mil e quinhentos a vista e te dou a caixa.

– Perfeito.

*

– Se eu fosse você entrava fuzilando geral no bar e saia com a grana e com a droga. – Cacco avisou o aguardando no carro blindado.

Damien guardou a caixa e entrou no carro deixando que o outro conduzisse.

– E é por isso que não é o chefe. – o outro se calou concentrado no transito. – Não tem a ver com pagar ou não pagar, mas quem diz o que fará. Não importa quanto dinheiro e poder possua, é preciso fazer um nome e se você não tem palavra ninguém confia em você, logo perderá negociadores, clientes e aliados. No crime não é muito diferente da guerra, Inaccio, não vence o mais forte ou com mais armas, mas quem tem a melhor estratégia.

(Concluído) Sombrio  - Série Legião da Noite. Damien Kostner Livro1Where stories live. Discover now