Mil espaços ao piano

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Dia 10

Noah estacionou um pouco mais a frente do que de costume, para que Josh estacionasse atrás. Ficou enrolando dentro do carro, não queria e nem sabia como contar aos amigos que eles ficaram preocupados com ele por nada. Visto a demora, Any, que tinha Josh parado ao seu lado, bateu na janela, chamando sua atenção.

- O que houve? - A voz doce da cacheada ficou abafada pela vidro, Noah quase não pode ouvi-la.

- Nada... - Enfim desceu do carro.

Abriu a porta de entrada da casa (ou mansão, de acordo com Josh), e não encontrou nenhum dos amigos na sala de estar, muito menos na cozinha. Então seguiu pelo enorme corredor, na esperança de achá-los na garagem. Ao abrir a porta, deu de cara com todos os rostos familiares espalhados pelo ambiente, com expressões tensas e cheias de preocupação. Expressões essas que logo se tornaram de surpresa, ao verem, parados atrás do americano, Any e Josh.

Beauchamp observou bem o lugar. Era bonito. Um pouco bagunçado, mas com certeza a cara de Noah. Pensou que se ele fosse um lugar,  certamente seria esse. Pôsteres espalhados pelas paredes, luzes coloridas penduradas em várias partes, uma estante cheia de discos e uma vitrola, instrumentos diversos e uma bandeira do Brasil, tornavam aquele lugar o lugar do Noah. Sentiu-se confortavelmente bem ali.

Estava tão distraído observando tudo que nem percebeu as caras de choque dos amigos dele o encarando. Não até Any o cutucar, fazendo-o parar de olhar em volta e voltar para a realidade. Sorriu envergonhado.

- Noah? - Hina apareceu de repente com um copo d'água em mãos. Era a única que ainda não estava lá e se aliviou por ver que todos os outros estavam tão perdidos quanto ela.

Deixando-os cada vez mais confusos e ansiosos, Noah não disse nada que pudesse explicar o que tinha acontecido. Apenas sentou-se ao piano e começou a tocar. Seus dedos eram ágeis e habilidosos, corriam pelas teclas e formavam uma melodia gostosa de ouvir. Se sentia mais calmo com a música, tocar e cantar eram as coisas mais importantes de sua vida, falavam por ele, então, quando não sabia como se expressar com palavras, apenas tocava.

Josh pensou que não poderia se surpreender mais com o garoto, mas ele era uma caixinha de surpresas que estava se revelando aos poucos. Noah passou vários minutos tocando uma música que ele não conhecia, enquanto todos os outros o observavam.

-Eu sinto muito - sussurrou, depois de parar e ficar uns segundos em silêncio, pensado no que dizer.

- Sente pelo o quê? - Sabina sentou ao lado dele no banco acolchoado.

- Eu fiz vocês se preocuparem atoa...

- Do que tá falando, Noah? - Foi a vez de Lamar se sentar, do lado disponível.

Josh então pensou quantas pessoas cabiam naquele banco. Era uma mania que ele tinha: entar pensar em coisas aleatoriamente estranhas em momentos tristes, constrangedores ou confusos, como esse agora, para achar uma escapatória do clima ruim a sua volta.

- Ele não fez nada... - Todos prestavam atenção nele, inclusive Any e Josh que queriam entender o que tinha se passado antes de voltarem para casa. - Ele simplesmente desistiu de desligar os aparelhos.

- O quê? Assim, de última hora? - Sina estranhou.

- É! Assim, de última hora.

- E você sabe porquê? - Heyoon se aconchegou mais no sofá.

- Não. - Noah olhou para as próprias mãos. - Eu não sei. Ele parecia tão decidido em desligá-la. E aí de repente, puf, desistiu.

Silêncio se seguiu entre eles. Todos tentando assimilar as informações recebidas. Então Noah colocou as mãos no rosto e começou a chorar.

Mil Luas Ao Seu Lado | NoshWhere stories live. Discover now