Mil situações mal entendidas

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Dia 45

Fazia uma madrugada fria em comparação ao constante clima abafado da Califórnia.

Sabina estava enrolada no cobertor e, apesar do frio, suava como se estivesse acabado de correr uma maratona. Respirou fundo, encarando o escuro. Tinha dormido mal, e apenas por uma hora, antes de despertar de vez, com os pensamentos longe daquele quarto. Sua mente não parava de trabalhar, a figura do namorado não saia de sua cabeça. Muito menos a traição.

Virou para o outro lado, procurando uma posição confortável para tentar voltar a dormir. Entretanto, logo se incomodou com o cabelo longo que não parava de pinicar suas costas, virando o corpo de outro modo. Bufou irritada quando seu braço começou a adormecer embaixo da cabeça e, novamente, se remexeu para mudar de posição. Repetiu algumas vezes, não encontrado nenhum modo de se aconchegar na cama.

- Mas que droga! - Depois de um tempo, desistiu de tentar adormecer e sentou-se com as pernas cruzadas, olhando fixamente pra frente.

- Ei...- Sentiu Noah colocar uma mão em suas costas, iniciando um carinho preguiçoso.

Sorriu com a tentativa do melhor amigo de consolá-la.

Noah estava de olhos fechados, lutando contra a vontade de voltar a dormir, se esforçando para não parar o cafuné. Passou alguns minutos daquele jeito, sentindo o braço começar pesar, quase se entregando ao sono outra vez, até que ouviu a longa e cansada respiração da amiga.

Forçou os olhos a se abrirem e sentou-se também.

- Desculpa. Não queria te acordar.

- Não tem problema - respondeu sonolento - Não consegue dormir?

A voz dela não surgiu. A única coisa que Noah podia ouvir era o som ambiente, silencioso.

Acompanhou-a na quietude, mesmo que soubesse que a cabeça de Sabina não descansava, não queria forçá-la a dizer nada. Sabia que a amiga precisava analisar a situação e, quando conseguisse falar sobre, falaria.

Fechou os olhos que ardiam pelo sono, mas manteve-se sentado, atento a qualquer possível som. Então, como se já estivesse preparado para aquilo, ouviu um murmúrio e percebeu que ela chorava baixinho, evitando, mesmo que na escuridão do quarto, olhar pra ele.

- Ei, ei, ei, vem aqui. - Se arrastou pela cama, chegando perto, e a abraçou de lado. - Olha pra mim, Saby. Não chora.

Sabina se aconchegou nos braços dele, deitando a cabeça em seu ombro.

- É só que...- uma fungada. - Eu achei que era uma bo-boa namorada. - outra fungada. - Sempre me esforcei e dei tudo de mim. Mas não foi o suficiente. - terceira fungada. - O que tem de errado comigo? Por que ele fez isso?

- Sabina, não tem nada de errado com você! - Jacob fez questão de enfatizar a palavra negativa. - Tá me entendendo? Você era uma namorada perfeita. Conheço muitas pessoas que matariam pra estar do seu lado e receber todo o seu amor. O problema aqui é ele. Ele é o babaca. Ele errou. Não tem nada a ver com você. Tudo isso é completamente responsabilidade dele.

- Eu sei tá legal! Sei de tudo isso! - Maria suspirou. - Mas eu fiquei pensando, quando ele deixou de ser feliz comigo, ao ponto de chegar a me trair, e pior, forçar minha melhor amiga a uma coisa que ela nunca quis.

Mil Luas Ao Seu Lado | NoshWhere stories live. Discover now