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Pensamentos depressivos de um infeliz embargado em tristeza


Plim. Plim. Plim. O celular de Jeon Jungkook apitava em sua frente como nunca havia apitado antes, seu psiquiatra sempre o chamava horas antes da consulta para confirmar sua presença, mas o garoto resolveu não responder. Naquela noite Jungkook resolveu pensar no que acontecia a seu redor, e percebeu como foi tolo por não perceber que todos os seus professores seguiam ordens do Sr. Jung. Todas as vezes em que ouviu os alunos comentando de como as mensalidades haviam aumentado e a dele continuou igual, todas as vezes em que se sentiu observado pelas professoras, ou funcionárias da limpeza. Se sentiu um completo idiota.

Jungkook tomou coragem e ligou para o número da secretaria de sua escola, ele nunca faltava e perder conteúdo logo no começo do ano letivo o deixava em desvantagem em relação aos outros colegas. O objetivo de Jeon era pedir para que alguém lhe desse o conteúdo depois, mas no fundo, bem no fundo, no seu coração, ele sabia que seu real objetivo era conseguir conversar com o diretor. A única pessoa que ainda não havia desistido dele.

O ruído do telefone chamando o deixava apreensivo, decidiu desligar quando pensou em uma hipótese que até aquele momento não havia invadido seus pensamentos. O diretor poderia ter mudado de ideia quanto ao que falou? Ele poderia estar tomado pela adrenalina e não mediu suas palavras. Francamente, quem iria querer um depressivo infeliz como seu filho? Se nem mesmo sua própria mãe o quis, por qual motivo o Sr. Jung estaria falando sério. Quando seus dedos se aproximaram do botão vermelho, a chamada fora atendida.

- Secretaria do Colégio Seol In-ha, bom dia!

- Boa tarde, por acaso posso falar com o diretor Jung? É delicado.

- Quem fala?

- Jeon Jungkook. Sala 3-3B

- Tudo bem, será encaminhado para o telefone do diretor.

O coração de Jungkook começou a acelerar, seus olhos involuntariamente se esbugalharam a ponto de por um triz não sair de suas órbitas. O jovem Jeon limpou a mão em suas calças assim que percebeu que estas suavam muito e começou a respirar pela boca quando sentia que pelo nariz não era o suficiente. Para quem o ouvisse iria parecer que Jungkook havia corrido uma maratona antes de ligar para o colégio, mas na verdade ele estava ansioso para falar com seu diretor e tentando se preparar psicologicamente para ouvir palavras de desprezo, ou então um "Eu me equivoquei". Do mesmo jeito que sua mãe, seu tio, seus familiares e Jimin haviam desistido de o acolher por medo ou vergonha, assim também seria com Sr. Jung.

- Diretor Jung Jae-ha. Quem fala?

- Diretor? Sou eu, Jeon Jungkook. - Disse com dificuldade.

- Ah, sim, Jungkook. O que deseja?

- Eu irei faltar hoje, não me sinto muito bem. Você sabe que hoje-

- Sim, eu sei, hoje faz mais um ano desde que seu pai se foi. Pode ficar em casa, não há problema.

- Muito obrigado, diretor. Tenha um bom dia!

- Idem para ti, meu filho. - E desligou o telefone.

Jungkook jogou o celular sobre a cama e segurou seus fios de cabelo tentando não arranca-los. Se deitou na cama e sentiu como se tivesse 6 anos novamente, sentiu o afago de sua mãe em seus cabelos e sua doce voz perguntar que história ele queria ouvir. Jungkook ouviu um barulho no andar de baixo, e mais outro, e outro, e outro, seu corpo tremia e tremia como o de uma criança fraca e chorona a cada som assustador que ouvia. Como se fosse automático, seu corpo se levantou da cama e seguiu até a porta de seu quarto, um suspiro fora solto antes que a maçaneta girasse e a porta rangesse. Os olhos de Jungkook varreram o local a procura do emissor dos barulhos mas tudo o que pôde ver fora dois corpos no chão da sala, eram seus pais, eles estavam de mãos dadas, caídos no chão enquanto um homem encapuzado ria alto segurando uma arma.

Hey, can you hear me? | JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora