O Encontro

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- É brincadeira, não é? – Helena perguntou incrédula.

- Eu estive ciente do que a senhorita passou, e a melhor maneira de provar sua melhora quanto ao escândalo é essa, o casamento. Os acionistas são tradicionais e conservadores...

- Deixa eu ver se eu entendi, você esta me aconselhando a forjar um casamento?

- Não, estou te aconselhando a formalizar um amor.

Helena soltou uma gargalhada estrondosa. Dr.Praz se manteve firme em sua postura séria. Ela ia dizer uma resposta muito, mas muito malcriada quando Leandro se pronunciou:

- Não! Faz sentido... – O irmão balançava a cabeça afirmativamente. – É exatamente como uma estratégia de marketing. Não sei como ainda não tinha pensando nisso! E será super fácil Hel, você é uma mulher linda e...

- Eu.não.vou.me.casar! – Helena disse pausadamente.

- Senhorita, seu avô queria isso.

- O meu casamento?

- Não, Helena. A presidência. – Leandro respondeu no lugar do advogado. Helena estalou a língua, pouco se lixando.

– Me desculpe, Dr. Praz, mas duvido muito que meu avô ia querer algo além de minha decadência.

- Tudo bem, senhorita. Acredito que precise pensar nisso com mais cuidado. – Ele disse estendendo a mão para ela. Helena aceitou o cumprimento. Dr.Praz fez o mesmo com seu irmão e se foi, deixando-os a sós no escritório.

De certo, a presidência da empresa não era um cargo comum. Havia benefícios, e muitos. Teria influência, voto decisivo e majoritário, comporia o conselho administrativo e financeiro, e claro, como poderia se esquecer? O salário, montante pelo qual muitos brigariam.

Expandiria não só o legado da marca da empresa, mas se expandiria como advogada e empresária. E por consequência, sua própria empresa "Solto Maior Advogados Associados" teria capital e influência suficiente para ser o maior escritório corporativo jurídico do Brasil.

No entanto, e se fizesse a burrada de se casar e não conseguisse a presidência? Teria valido a pena?

Não.

Além do mais, depois da sua terrível quase experiência com Ryan, a palavra casamento tinha sido categoricamente abolida de seu dicionário.

- Droga! Marcelo era um machista conservador - Ela blasfemou e levou as mãos até os olhos, massageando as têmporas.

- Não fale assim dele.

- Mortos não escutam, Leandro.

- Mas os vivos, sim. E eu estou cansando de ver você fazendo tempestade em copo d'água...

Leandro continuava falando, mas a sua voz era apenas um zunido ao longe enquanto a cabeça dela estava um turbilhão. Percebendo isso, o irmão se colocou na frente dela, chacoalhando-a pelos ombros.

- O Marcelo te amava, Helena.

Helena juntou as sobrancelhas e virou o rosto. Leandro passou as mãos pelos cabelos negros e respirou fundo.

- Porra Helena, vai mesmo renunciar a sua herança?! – Explodiu, assustando-a com a voracidade da voz. – É a chance da sua vida! De dar a volta por cima!

- Leandro, se você está tão interessado, por que não tenta continuar na empresa como presidente, se elegendo após seu período como definitivo?

Pedaços do Meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora