Quinze

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Sasuke bateu na porta se identificando, ouviu de seu irmão que podia entrar, e o fez

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Sasuke bateu na porta se identificando, ouviu de seu irmão que podia entrar, e o fez. Itachi estava rodeado de livros, com olheiras enormes, e ainda assim abriu um sorriso ao vê-lo.

- Você sabe que está horrível, não sabe?

- Sei. Ser médico é uma desgraça. Então, por favor, Sasuke: só faça o curso se realmente for o que quer, ou não vai valer a pena.

- Bem... É sobre isso que eu quero falar.

Sasuke tinha em mãos um caderno. Tinha dito na semana anterior, na terapia, que tinha medo de que as coisas que escrevia assustassem as pessoas se ele fosse honesto demais. Ele leu alguns textos e poesias para ela, e ela lhe disse que ele devia ser cru e verdadeiro em tudo o que fizesse. Que o que o fazia bom era justamente o fato de que ele escrevia o que sentia. Ele não podia ser mecânico sobre aquilo. Por isso abriu o caderno em uma página específica e leu em voz alta para Itachi.

"Hoje a morte me visitou. Inegável que ela faz isso com frequência e costuma me observar. Não como uma companheira, e sim como um abutre. Quer ver até onde aguento. No começo sempre acho que vou ceder rápido, até descobrir que aguento mais. E todas as vezes eu aguento mais um pouco. Hoje, no entanto, ela não quis me testar. Quis conversar. Ela me disse 'Suas mãos estão cortadas e sujas de sangue. Parte desse sangue até secou. Você tem dores e feridas e é tão fácil acabar com elas. Por que continua aqui? O que usa para cobrir suas cicatrizes?' Eu usava amor, agora uso palavras. Escrevo nelas. Escrevo com lágrimas. Escrevo com fogo se for preciso. Com ferro. Com sangue. Risco em cima as sequências que me consomem enquanto tento dormir. Risco até não conseguir ver mais nada. Escrevo na mesma frequência dos meus batimentos cardíacos. E vencê-la mais uma vez."

Quando Sasuke finalizou as últimas palavras, Itachi levantou os olhos para encará-lo e deles saíam lágrimas descompassadas. Suas mãos tremiam. Sasuke, que até aquele momento estava de pé, abaixou até a altura do seu irmão que estava sentado. Aquele foi um texto escrito após uma das últimas crises mais difíceis. Uma das crises que ele não conseguiu frear, não importava quanto chá de erva doce e banhos quentes tomasse.

- Sasuke, fazia tanto tempo que eu não ouvia nada seu. Isso é lindo. Muito obrigado por confiar em mim.

- Tachi, eu não quero fazer Medicina. Eu quero escrever, quero me dedicar a isso. Eu sei que talvez Fugaku nunca aceite, mas eu não posso fazer Medicina quando tudo o que eu quero é continuar fazendo isso. E se eu tiver mesmo que fazer faculdade, eu faço qualquer outra coisa. Literatura, Design, mas medicina não.

- Você não vai fazer Medicina. Não vou deixar ninguém te forçar, ouviu? - Sasuke assentiu - Agora me abraça pra eu saber que você tá vivo mesmo.

[...]

Ninguém falava sobre aquilo, o que não tornava menos real para Sasuke. Ele tinha doze anos e a Escola Fundamental de Konoha era próxima de casa. Ele ia e voltava andando sozinho. Um dia, ele não voltou. Por mais que procurassem, não o encontravam. Ele não respondia mensagens, não atendia o celular e não parecia estar nenhum lugar. Dez dias se passaram nesse inferno, a polícia da Folha e todos os serviços particulares de segurança envolvidos, até helicópteros e jornais.

O Sol Vai VoltarOnde histórias criam vida. Descubra agora