8- As aparências enganam !

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Elizabeth Morgan

-Bom dia mamãe !

-Bom dia querida!

Me sentei pro café da manhã com minha mãe sem puxar conversa pois estava com pressa pra ir trabalhar, tenho muitas casacas e vestidos pra terminar os acabamentos, mas o silêncio durou pouco.

- William lhe contou sobre o baile ?

-Sim !

-Willian saiu cedo, me pediu ajuda pra contatar o melhor buffet de Paris pra festa de boas vindas do Senhor Carnavon! Me diga como ele é ? - perguntou animada mexendo o açúcar no chá.

- Só tive um breve contato, nada de especial pra dar tempo de traçar um perfil mamãe, ele chegou cansado e foi pro seus aposentos.

-Eu cheguei conhecer o pai dele, se ele puxou ao pai ele deve ser horrível !- sorriu sarcástica.

-Bom mamãe... quanto a aparência dele eu diria então que ele deve se parecer com a mãe ! Tenho que ir ! - engoli meu chá dei um beijo em minha mãe e sai apressada.

- Bom dia Hanibal ! - O cocheiro sempre vinha me buscar, ele era alto magro e tinha sempre um sorriso discreto.

Chegando na mansão quando desci da carruagem de um tchauzinho pro cocheiro agradecendo pela gentileza.
Assim que pus os pés no hall de entrada ouvi uma melodia muito bonita dentro da mansão. Era o som melancólico de um violino, parei um pouco e fechei meus olhos por segundos pra apreciar.

Então resolvi seguir aquela música triste porém maravilhosa, passei pelo atelier e vi que Harold estava distraído com seu trabalho.

Eu tinha apenas que entrar e fechar a porta, mas alguém estava tocando tão divinamente que minha curiosidade em saber da onde vinha o som falou mais alto.

Tentei não fazer barulho pra que o Violinista não se assustasse e parasse de tocar, então subi sorrateiramente e percebi que vinha dos aposentos do Senhor Heitor e que a porta estava entre aberta e o avistei, era ele tocando muito concentrado e com um semblante sereno. Estava em trajes formais, muito elegante, calça, casaca azul marinho, colete ,colarinho alto e plastrão, as botas tradicionais de montaria marrom.

Ele tocava em frente uma estante com partitura e um metrônomo ao lado numa escrivaninha de mogno. A luz da manhã iluminava os tons pastéis do quarto e o som brilhante do violino amanssava a alma de quem quer que estivesse ouvindo.

Ele demonstrava muita habilidade e uma ótima afinação. Me lembrei que Harold já tinha mencionado que ele era um Violinista muito conceituado em Londres e não era pra menos. Fui sem perceber sendo puxada pela melodia a ponto de esbarrar na porta, foi ela rangeu. Droga!

Ele parou na hora e me viu o observando. Que vergonha !

-Desculpe Senhor Carnavon, não quis interromper, é que a música me chamou a atenção e...bom... não tive intenção de bisbilhotar, me perdoe !

Ele caminhou vagarosamente em minha direção num silêncio fúnebre que era quebrado somente pelo tic tac do metrônomo e claro com um olhar frio e difícil de decifrar, e o modo como ele veio me olhando fez eu ir recuando pra fora do quarto e ao passar pela porta ele chegou bem perto de mim, me encarando com aqueles olhos verdes.

-Acho...acho melhor eu voltar pro meu trabalho, assim eu não ! - o som da porta batendo na minha cara quase me fez cair pra trás ,mal pude terminar de me desculpar pela ousadia. Fiquei vermelha de vergonha e roxa de raiva. Que sujeito grosseiro e desprezível !

Eu desci as escadas com muita raiva e me dirigi direto pro Atelier.

—Que ódio ! Como ele pode ser tão idiota ?! Podia ter acertado meu rosto !

A MARCA! ( Livro Pausado)Where stories live. Discover now