Capítulo 15

402 66 14
                                    

Justine
Eu estou totalmente paralisada ao escutar a proposta dos líderes.
- Vocês são extremamente importante para conseguirmos isso - O homem que aparenta ter uns 50 anos, branco, seu cabelo grisalho é grande e está amarrado e tem uma cicatriz que vai do seu pescoço até o maxilar, me encara e continua - Principalmente você Justine. É neta de um dos governadores mais importante. É a única que de fora que pode entrar além dos muros. É a única que viveu como nós e entende tudo o que passamos.

Observo os outros. Molly parece ter um brilho nos olhos inexplicável. Max e Mia estão incrédulos.

- Eu aceito - Digo com toda a certeza que carrego em mim. Essa sempre foi a minha vontade, eu nunca me conformei com a realidade fora dos muros.

- O quê? - Max grita, ele está totalmente nervoso com aquela situação. - Não pode fazer isso Justine, é a nossa casa. - Eu não queria ser rude com ele, mas eu precisa ser clara.

- Não é a nossa casa, nós fugimos de lá, nunca foi minha casa e definitivamente não é mais a casa de vocês - Digo e ele sai irritado. Mia continua parada e pensativa.

- Eu aceito - Ela diz e eu sou pega de surpresa.

- Aceita? - Eu e Molly falamos juntas.

- Tem razão, não é mais nossa casa e mesmo que ainda fosse, não consigo voltar para lá, não depois de tudo que eu vi aqui. - Me volto para os líderes, dois homens e duas mulheres. Uma delas é Nadja que cuidou de Axel.

- Vamos conversar e logo daremos nossa resposta definitiva - Digo, eles concordam e nós voltamos para a ala que Axel está.

Max está sentado ao lado de Axel que ainda dorme. Ele parece atordoado.

- Não podemos fazer isso - Ele diz e nos sentamos próximo a ele.

- Max você prometeu que faria algo - Molly diz. Fico confusa. Ele encara ela como se fosse atingido em cheio.

- Eu posso fazer algo que não envolva derrubar um governo.

- Você realmente acha isso? - Molly pergunta - Lembra do casal que foi morto? Foi o seu governo que fez isso, olhe a sua volta Max. Eu sei que você não concorda com isso.

- Ela tem razão - Mia diz - Se você não aceitar tudo bem, mas eu vou. - Os olhos de Max marejam. Molly o abraça.

- Vai ficar tudo bem - Ela diz - Se alguém tentar machucar você, eu acabo com eles. - Max sorrir ainda abraçado a ela. Suas mãos acariciam seu cabelo e eles não se soltam. Encaro Mia que parece ficar constrangida também. Quando eles se beijam é o momento que nos retiramos.
- Uma caminhada? - Pergunto a Mia.
- Por favor. - Começamos a nossa caminhada ao redor da comunidade, inicialmente vamos em silêncio, mas quando nos aproximamos dos campos de trabalho, vemos os trabalhadores noturnos, paramos para observar. Eles carregam as colheitas para vários caminhões. Sacos e mais sacos levado a força bruta.
- O trabalho nunca para - Digo.
- Eu me sinto mal vendo isso - Ela diz - Todos os anos dentro daqueles muros, vivendo com coisas fúteis, tudo porque as pessoas aqui fora estavam se sacrificando para isso.
- Entende o que eu senti?
- Sim. Eu olho para os muros e não faz mais sentido aquela vida. Essa também não faz, o que me leva a única opção que é criar uma nova vida.
- Não vai ser fácil, talvez no final só vamos ter o mesmo destino dos nossos pais.
- Eles morreram por algo. Eu não me importo de morrer se for para mudar essa merda toda. - Dou um abraço apertado nela.
- Só precisamos convencer Max e Axel.
- Eu acho que a Molly já convenceu o Max - sorrio e ela me acompanha.

Voltamos para a ala de Axel. Max e Molly estão deitados abraçados no chão. Axel abre os olhos assim que percebe nossa presença.
- Quer deitar comigo? Ele afasta para o lado me dando um espaço na sua cama. Aceito e me deito ao seu lado.

Ele me observa enquanto seus dedos mergulham entre meus cabelos.
- Não vai me contar nada? - Ele pergunta e eu o encaro confusa - Escutei a conversa de vocês, eu estava fingindo dormir, mas depois me arrependi porque não sabia que iria acabar com Max e Molly se agarrando - Rimos baixinho para não acordar os outros.
- Então, o que você acha disso?
- Acho que não podemos esquecer o que viemos fazer aqui fora. Estamos atrás do segredo. - Ele tem razão, ainda tínhamos algo para descobrir. - Não tô dizendo que não seja o certo a fazer, mas a nossa prioridade agora é outra.
- Você tem razão. - Ele não diz mais nada, apenas volta a me observar como se buscasse por cada detalhe do meu rosto. - O que foi? - Pergunto.
- você é linda, sabia? - Fico envergonhada. - Eu me apaixonei por você desde o primeiro momento em que te vi. - Eu não sabia o que dizer.
- Você é um mentiroso. - Ele sorrir.
- Não sou, eu nunca tinha visto uma selvagem tão linda.
- Mentiroso. - Ele continua com o único sorriso capaz de me fazer suspirar em seu rosto - Eu te amo. - Eu não sei se foi certo falar aqui, mas eu senti uma necessidade inexplicável.
- Eu também te amo. - Ele encosta seus lábios aos meus e nos beijamos. Axel é a maior surpresa da minha vida, eu jamais pensei que sentiria isso por alguém. Aqui presa em seus braços tenho a sensação de proteção que jamais senti, como se nada além de nós dois existisse.

- Quero te pedir algo - Ele diz separando nossos lábios.

- Se formos pegos, você é a única que tem chance de ser perdoada. Precisa aceitar o perdão. Se formos pegos tudo isso vai acabar, mas quero ter certeza de que você vai ficar bem.

- Não, eu não quero viver lá.

- Vai estar segura lá.

- Não vou aceitar. Se vocês não forem perdoados então eu também não mereço perdão.

- Você merece. Passamos a nossa vida toda lá e isso foi roubado de você. Teve que passar todo esse tempo aqui fora.

- Não me roubaram nada. Se nada disso tivesse acontecido eu estaria lá dentro. Sendo tão fútil quanto a minha família é. Vou viver aqui fora com vocês.

- Não vamos viver aqui fora - Ele diz. - Seremos mortos e a única que pode sobreviver é você. - Meus olhos marejam e entro em desespero.

- Então não vamos ser pegos. Eu não vou aceitar que matem vocês.

- Me promete que vai aceitar o perdão e que vai deixar essa história de segredo para lá. Vai viver sua vida, mesmo que seja no meio deles.

- Não....

- Justine eu só vou conseguir continuar se você me prometer isso. Eu preciso saber que você vai ficar bem.

- Axel...

- Promete - Eu vejo o medo em seus olhos e não consigo negar aquilo a ele.

- Eu prometo.

Quero comentariooooos

Hoffen: UnidosWhere stories live. Discover now