E tudo começa com uma camisa...

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Com a chegado do fim do ano, Stiles tinha certeza de três coisas. (1) o mês mal tinha começado e já não tinha quase nenhum dinheiro na carteira. (2) As tão almejadas férias pareciam ser um sonho distante, com um prazo apertado para a finalização de um projeto publicitário, teria sorte se conseguisse terminar tudo antes do Natal. (3) Passaria as festas, provavelmente, longe de casa e sozinho. Quando quis dizer sozinho, significava solteiro, já que todos os seus amigos tinham suas respectivas caras metades, o que também significava um final do ano a qual teria que segurar vela. Na verdade, ele seria a personificação de um candelabro, pela quantidade de velas que iria segurar ao longo das festas de confraternização...

Sendo um ômega as coisas complicavam ainda mais. Parecia que a época natalina era uma espécie de período de cio coletivo. Não, ele não estava exagerando. É como se fosse propagado uma estranha mensagem subliminar que era a sua última chance de conseguir se atar a alguém. Um ômega ou um alfa sem par no final do ano era sinônimo de derrota e seria digno de pena. Lógico que isso tudo era só uma fantasia criada para justificar o sexo casual e as tentativas (por vezes inconvenientes) de flertes.

Stiles não gostava de sentir essa pressão de ficar com alguém só para satisfazer uma convenção social. Ok...Talvez se sentisse meio deprimido por não ter encontrado O Alfa ideal. Mas, para ser sincero consigo mesmo, não estava procurando com afinco... Havia outras formas de se satisfazer que não envolviam a presença de outra pessoa.

Quem você está querendo enganar? Você está na maior SECA...

Tentou ignorar a verdade por trás das palavras proferidas por sua mente. Já basta ser um candelabro na forma humana, agora até sua própria consciência precisa jogar na sua cara o quão desesperado por contato humano (ou de um Alfa bem bonitão) ele estava?

Stiles continuou seu trajeto de retorno para casa. O frio começou a incomodá-lo. Tal sensação fez que recordasse outra grande certeza de sua vida: não tinha muitos agasalhos para a estação invernal que se iniciava. Isso somado com o fato de não ter muito dinheiro reduzia as possibilidades de solução...

– E agora? – questionou a si mesmo. Como se o universo estivesse o ouvido e resolvido intervir em seu drama de vida, ao fim da rua avistou um Brechó. Pelo visto, mudar sua rota habitual de retorno ao lar tinha suas recompensas!

Stiles não pensou duas vezes antes de adentrar na loja de roupas usadas. O local era bastante grande, com diversas fileiras repletas de roupas dos mais diversos tipos. Havia desde camisas floridas ao estilo havaiano, como casacos de pele (falsa ou verdadeira? Não sabia).

Apesar de ter uma placa indicando a fileira aonde se encontrava as roupas para o inverno, Stiles se viu atraído para um canto obscuro da loja. O que o atraiu? Foi o cheiro. A capacidade olfativa de ômegas e alfas era prodigiosa, principalmente pertinente aos ferormônios. Aliás, o aroma dessas substâncias químicas orgânicas influi e muito no comportamento desses indivíduos em particular. Stiles era contra essa ideia de ser controlado por seus instintos fisiológicos, até se achava quase que imune a tudo isso...

Mas ali estava ele, farejando e seguindo uma trilha de odor estranhamente inebriante. Ao fim, encontrou o que estava rastreando, uma pilha confusa de roupas jogadas sobre uma bancada. Pelo cheiro difuso advindo da pilha, sabia que eram roupas recém-doadas. Mesmo com tamanha mistura de odores, Stiles ainda foi capaz de identificar a fonte do seu interesse.

Um camisa de lá de coloração azul marinho. Stiles percebeu que o tamanho da vestimenta era bem (com ênfase no bem) maior que o seu tamanho. Claramente deveria ter sido de um alfa.

Cheiros e AromasWhere stories live. Discover now