Capítulo 4: Gladíolos se digladiam pela glória

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A noite havia recém caido.

O clima na biblioteca era de uma serenidade que fazia Anahí temer que qualquer barulho acabasse com isso. Como princesa, ela tinha algumas obrigações da qual ela deveria cumprir, estudar era uma delas, mais ainda que qualquer nobre. O problema é que Anahí odiava isso. As contas de finanças se embaralham em sua mente junto de seus conceitos, Sua cabeça latejava toda vez que tinha que organizar os impostos das contas, e isso era só o princípio. Ela ainda tinha que revisar as aulas de administração pública e políticas governamentais. Pelos menos essa última era menos pior que as outras.

Apesar da serenidade do ambiente, ela conseguia ficar quieta em sua cadeira, Anahí tinha o imenso problema de que quando assunto não lhe era interessante

ela não conseguia se concentrar. Agora mesmo ela relia pela décima vez o texto de impostos sobre produtos têxteis e sua mente parecia não querer absorver nada. Seus olhos começavam a ficar marejados. Ela sentia-se uma completa falha.

Se Chiyome estivesse aqui ficaria mais fácil, quando ela precisava relaxar diante de uma conteudo que não conseguia apreender, Chiyome procuraria distraí-la e afastar pensamentos infelizes da mente. É... talvez fosse isso que ela estivesse precisando de uma rápida distração para se acalmar.

Andando pelas estantes da biblioteca, ela se permitiu sentir os cheiros dos livros, eles eram um de seus muitos refúgios para lidar com o dia a dia do palácio. Anahí caminhou em direção a seção de botânica, se fosse pra fugir temporariamente de um assunto que odeia, que seja aprendendo o que ama e de quebra, se sua avó viesse aqui ela não ralhar-lhe por não estar estudando o suficiente ou que estivesse sujando o sangue da família com seu desleixo.

Anahí parou no meio entre as cinco estantes estantes de botânica e começou a passar os olhos de forma rápida entre os livros para ver se encontrava algo que agradasse logo de cara. Infelizmente as capas eram todas tão parecidas que só olhando perto mesmo para achar um título interessante. Ela então começou a observar de perto da esquerda pra direita. Vejamos... já foi lido, já foi lido, este tem ensinamentos ultrapassados, estes estão tão velhos que metade do conteúdo foi devorado por traças. "Ahh..." Suspirou em sua breve derrota. Quando estava chegando na última estante, seus olhos encontraram algo, era um livro que não estava aqui antes, sua capa não era em tons bordô ou marrons como os outros livros, esse a capa era tão verde quanto musgo. Ela correu animada para verificar seu novo achado. O livro não tinha título, mas isso para ela era apenas um detalhe, ela observou com afinco os arabescos da capa, suas formas formavam folhas, flores, vegetais e frutos. Isso apenas aumentou mais ainda sua vontade de devorar esse livro.

Sem pensar muito, ela abriu o livro indo direto para o primeiro capítulo, mas ao ler a primeira frase, ele foi ao chão, o susto que Anahí tomou deixou suas mão congeladas, o livro estava em uma língua que ela nunca viu, Cereli era um reino fechado a relações externas, então o máximo de estrangeiro em suas terras eram os poucos índigos que imigram para cá, mas mesmo assim ela nunca tinha tido contato com a língua estrangeira, suas servas índigos mesmo que às vezes má com ela, usavam Cereliano para se comunicar com ela e umas com as outras. Como um livro de fora veio parar aqui? Ainda mais na biblioteca real?

Anahí apanhou o livro do chão pensando no que faria com o livro, deveria escondê-lo ou entregar a sua mãe? Talvez fosse melhor esconder ele por enquanto... ou será que não?

"O que eu devo fazer, minhas Deusas?" Perguntou apreensiva aos céus, quem sabe elas seriam bondosas e lhe dariam umas respostas.

Anahí voltou a olhar para a parte onde o livro se encontrava e percebeu que havia uma caixa de madeira escondida por detrás dos outros livros. Anahí ainda estava com medo, se sua avó aparecesse agora e a visse objetos índigos, ela lhe açoitava com cipó de broxa por profanar os ensinamentos sagrados e sujar a nobreza de Cereli.

Império das Rosas - A Princesa da Lua NovaWhere stories live. Discover now