Top 10 webcomics estrangeiras

30 1 0
                                    

Dizer que "eu leio muitas webcomics" não chega nem perto de dar a dimensão de quantas webcomics eu leio em um ano. Primeiro, porque não tenho muita grana sobrando para comprar quadrinhos publicados tradicionalmente e, segundo, porque as coisas que gosto podem ser difíceis de encontrar em publicações de massa.

Estou há tanto tempo nesse barco que quase desacostumei de HQs tradicionais. Quer dizer, o formato tem suas desvantagens. Webcomics se atualizam muuuuito lentamente ao longo dos anos, já que os autores não esperam estar com um volume pronto antes de publicar, e como geralmente são feitas por hobby, o estilo pode flutuar um pouco e o autor pode, simplesmente, perder interesse antes de terminar ou não ter mais tempo de produzir as páginas, fazendo com que você nunca veja como terminarão.

Por outro lado, webcomics são, de maneira geral, gratuitas e, justamente por serem fruto de um hobby, tendem a ser bem mais experimentais e bem mais fiéis à visão artística do criador, que não precisa fazer concessões para torná-las mais comerciais. Há também um volume gigante delas, então, se uma entrar em hiato eterno, você logo encontra outra para mais ou menos preencher o vazio. Esse volume também garante que sempre haverá uma webcomic para você, não importa o quão particulares sejam seus gostos.

E eu leio tantas, mas tantas webcomics que tive que separá-las em categorias só para ser capaz de apresentar todas. Hoje, vou falar das "webcomics estrangeiras". Para entrar nesse top 10, a webcomic tem que ser estruturada em páginas (fiz um top 10 só de tirinhas!), tem que ter terminado pelo menos um arco satisfatório (não quero recomendar uma HQ que vai fazer vocês ficarem com raiva de mim pq foi cancelada bem quando estava boa e nunca foi para lugar nenhum) e tem que ter um autor não-brasileiro. E eu descobri que sigo tantos autores estrangeiros que tive que fazer um top 10 separado para autores de um agregador de webcomics chamado "The Duck", em que participei por um tempo, fora um top 10 para tirinhas e outro para fancomics.

Afiem seu inglês, porque essas HQs merecem:


#10 - Empowered, de Adam Warren

Empowered está aqui embaixo não porque a qualidade é pior que a das outras HQs ou porque não gosto dela (como eu disse, fazer esse top 10 não foi fácil), mas porque ela não nasceu como uma webcomic. Adam é um veterano da indústria dos quadrinhos e trabalhou em grandes editoras no passado. Empowered começou como uma comissão de um cara com fetiche em "donzelas em apuros" que queria histórias em que uma super-heroína sexy acabasse amarrada e amordaçada em uma série de circunstâncias. Essa personagem virou a super-heroína loirinha Empowered (ou, carinhosamente, Emp), que já tem 11 volumes impressos com vários episódios em cada.

Quando você lê esse passado duvidoso e vê que a roupa de super-heroína da Emp é uma hipermembrana tão fina e colada na pele que ela parece estar usando pintura corporal, é fácil começar a ler a série com dois ou três pés atrás. Eu li por ter visto uma coisa legal no TVTropes (nem lembro mais o que era) e quis checar. Continuei a ler mais porque... Emp é adorável. Ela ainda é uma heroína estagiária e está tentando ser aceita no maior grupo de heróis da sua cidade (quiçá país), os Super-Homeys, mas a maioria dos heróis nesse grupo são machistas e/ou desagradáveis e a hipermembrana perde uma parte considerável de seus poderes quando é rasgada - o que acontece o tempo todo, porque um espinho de rosa pode rasgar o negócio (ela se regenera depois). Isso resulta na pobre coitada perdendo os poderes nos momentos mais críticos e terminando amarrada, amordaçada e, não-raro, humilhada. Não surpreende que a autoestima da garota esteja sempre em ruínas. Por sorte, ela vai conhecendo pessoas legais e se tornando uma heroína mais e mais competente com a passagem dos volumes (mesmo que a vida nunca se torne necessariamente mais fácil).

O humor de Adam Warren é muito bom e o mundo criado por ele tem uma vida toda própria. Isso, e o fato de que você quer TANTO que a Emp dê a volta por cima de sua humilhação constante, me fez uma leitora fiel, e posso dizer com propriedade que, seis volumes mais tarde (como webcomic, como HQ impressa, Empowered está no volume 11), a história melhorou mil por cento e valeu a pena aquela viagem meio sofrida pelas histórias mais agoniantes de insucesso de Emp. Uma vantagem de acompanhar as aventuras dela como webcomic são os comentários frequentes do Adam, na descrição e nos alt-texts, que ajudam a criar em quem lê um "olho crítico" legal, já que ele está sempre pontuando coisas que você não perceberia de outra maneira, mas é útil para criadores e leitores especializados de HQ.

Resenhas e artigos de opiniãoWhere stories live. Discover now