#87

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Deitei sobre minha cama e assim permaneci, encolhido no meio dela, com os olhos fechados, o silêncio do quarto, junto ao barulho incessante de pensamentos na minha cabeça. Taehyung apareceu aqui e ficou comigo por longos minutos, me confortando e a todo momento dizendo coisas bonitas pra mim. Chorei no seu colo como um bebê. E depois de se certificar de que eu ficaria bem sozinho, ele se foi para o seu quarto.

Recebi mensagens dos outros, todos me perguntando se eu estava bem ou se precisava de qualquer coisa. Eu não respondi ninguém. Estou deprimente demais para conversar com qualquer pessoa.

Só fui abrir os olhos quando ouvi a porta sendo aberta lentamente. Mirei ela com os olhos cansados e inchados do choro, fitando Jungkook entrar pela porta devagar, a fechando com todo o cuidado do mundo e caminhar com passos leves pelo quarto, parando de frente a cama onde me encontro. Ele me olhava cabisbaixo, com o olhar arrependido.

— Jimin.

— Não quero conversar agora.— me vi dizendo, com a voz fanha e chorosa. Desviei o olhar do seu e comecei a fitar a parede. Ouvi seu suspiro baixo, assistindo de relance ele se movimentar pelo quarto. Então senti a cama afundar no meu lado esquerdo, presumindo que ele se sentou atrás de meu corpo, comigo deitado de costas para si.

— Me desculpe.— sua voz ecoou baixa.— Eu sei que agi feito um idiota e sei que errei. Admito. Eu não sei o que deu em mim, eu só... estava com medo.

Longos segundos se passaram comigo em silêncio. Então, eu me virei lentamente, agora ficando de frente pra si, encarando aqueles olhos escuros e tristes que estão vidrados nos meus também:— Medo de quê?

— Medo de não conseguir ser bom o bastante pra merecer você.

Pisquei demasiadamente lento, apenas o encarando sério, sem dizer uma palavra, processando o que a sua súbita fala me causou.

Foi então que eu percebi. E também me lembrei da história de Jungkook, e por tudo o que ele já passou até hoje.

Enquanto fitava suas orbes escuras e foscas, sem o tão amado brilho que eu tanto amo, que me peguei lembrando das pessoas que passaram em sua vida, e em como todas elas se foram num piscar de olhos. Pelo o que ele já me contou, Jungkook nunca recebeu afeto de ninguém na vida. Seus pais eram pessoas rígidas e frias. Jungkook nunca recebeu um beijo de boa noite de sua mãe antes de dormir, assim como também nunca conseguiu dar orgulho ao seu pai quando era pequeno. Ele nunca comemorou seu aniversário com festas entre família e amigos, pois seus pais viviam dizendo que isso era uma coisa muito estúpida e sem noção para ele. Jungkook não teve muitas experiências na vida. Não participava dos clubes da escola, nem podia ir nas festinhas dos colegas. E na adolescência, tudo só foi piorando. Como ele mesmo me confessou, só teve apenas um relacionamento, este que foi baseado em mentiras e traições da parte do outro. As pessoas que se aproximavam dele eram todas superficiais, entravam na sua vida, faziam uma bagunça tremenda, e iam embora como se nada tivesse acontecido, como se não tivessem despedaçado o seu pobre coração.

A verdade é que Jungkook, de fato, nunca viveu, apenas existia e respirava no automático.

E eu o entendo. Entendo toda a sua situação e não o culpo pela as pessoas ruins e a vida medíocre que ele teve. Até mesmo compreendo sua desconfiança em meus sentimentos, sabendo que pessoas fizeram o mesmo com ele, e logo o descartaram. Mas quero provar pra ele que eu não pretendo ir embora.

Suspirei lentamente e movi meu braço até ele, puxando-o pelo pulso delicadamente, o pedindo em silêncio para se deitar junto a mim na cama. Jungkook não hesitou, se deixou ser puxado, se acomodando de frente pra mim, ainda com os olhos arrependidos vidrados nos meus. Pousei minha palma aberta na sua bochecha, acariciando sua pele do rosto com o polegar, o vendo suspirar baixinho com o meu toque.

𝐏𝐥𝐞𝐚𝐬𝐞, 𝐟𝐮𝐜𝐤 𝐦𝐞 𝐓𝐄𝐗𝐓𝐈𝐍𝐆 ʲʲᵏ⁺ᵖʲᵐWhere stories live. Discover now