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O ar-condicionado em 23°c fazia com que arrepios percorressem o meu corpo, o quarto em tons de branco e azul me faziam pensar que aquilo era um hospital, as persianas entreabertas deixavam um clima aconchegante e ao mesmo tempo sufocante. Em minha frente estava uma mulher, dormindo profundamente, com as mãos entrelaçadas à minha. Na poltrona bege perto da porta, havia um homem, na casa dos 20 e poucos anos, com as mãos no rosto, parecia cansado, olhos cor de caramelo, pele morena, usava uma roupa de policial, tudo nele era bonito, quando seus olhos encontraram os meus, suas sobrancelhas se arquearam, ele estava surpreso.

- Ela acordou! - ele gritou vindo para minha direção, seu grito acordou a mulher, que mesmo assustados seus olhos não deixaram de ficar cheios de lágrimas, como agora eu poderia ver seu rosto, ela parecia ser da casa dos 50 anos, os cabelos não pintados há tempos deixavam mechas brancas à mostra, ela usava um batom vermelho que estava borrado. Havia um ar glamouroso sendo emanado dela.

Chorando ela me abraçou, o que me trazia conforto, suas lágrimas que esquentavam meu pescoço eram derramadas aos montes. Por que as lágrimas daquela mulher me deixavam tão triste. Por que eu estava em um hospital? Quem eu era?

- Minha querida, você finalmente acordou! Ó Deus só pode ser um milagre - ela parecia tão feliz.

- Me desculpe, mas quem é você?- os olhos negros e amáveis agora, estavam arregalados com pavor eminente em sua íris. Ela soltou uma ordem em forma de grito quase estridente para o homem, - Chame o médico! Rápido Jongin! - ele correu para fora do quarto e voltou trazendo um homem vestido com um jaleco branco, com os cabelos negros desarrumados e olhos da mesma cor eram de perder o fôlego, e em seu pescoço havia um crachá com um nome -Byun Baekhyun.

Baekhyun fez um sinal para a mulher se afastar, pegando um banquinho e sentando-se na minha frente, ele começou uma série de perguntas que pareceriam banais, se eu lembrasse de alguma coisa.

- Olá, eu sou o neurologista Byun Baekhyun, eu vou começar algumas perguntas, e me responda com sinceridade. Qual o seu nome? - a senhora olhava fixamente para mim, de um modo apreensivo, eu pensei por alguns segundos até achar um nome de que eu me lembrava.

- Seulgi? - Baek anotava todas a resposta, enquanto Jongin havia saído para fazer uma ligação. A senhora estava com um rosto chocado, acho que foi pela minha resposta. Baekhyun suspirou.

- Por que ela não lembra doutor? - os olhos da mulher lacrimejavam - Isso é ruim, mas ao mesmo tempo é bom. Ela lembra de alguém do círculo de amizades, isso quer dizer que ela pode lembrar de mais outras coisas além dessa. - Baekhyun disse antes de virar sua atenção para mim novamente.

-O seu nome é Seungwan, Son Seungwan e você tem 25 anos - ele voltou a olhar para a prancheta - Quem ela é? - ele apontou para a senhora a mulher que me fixava seus olhos em mim.

- Talvez a minha mãe? - seus olhos se encheram de lágrimas - Ela se lembra! - a mulher abriu um sorriso caloroso. Eu queria abraçá-la, mas o que me impedia era que o resto da minha mente parecia um borrão.

- Isso é muito bom, senhora Son. - nesse momento Jongin entrou na sala, Baek aproveitou para perguntar - E quem é ele?

- Só sei o nome porque minha mãe disse quando eu acordei, Jongin, não consigo me lembrar de nada além disso, me desculpe. - ele chegou perto da cama e colocou a mão em meu ombro, sorrindo - Está tudo bem amor, sou eu, Jeongin, seu marido.

O rosto de Baek se tornou ilegível, o de minha mãe era feliz mas ao mesmo tempo triste, era o mesmo semblante de Jeongin era o mesmo que ela, mas sem a parte do feliz.

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O médico havia chamado minha mãe para conversar fora do quarto, nesse tempo um garoto chegou, ele dizia ser meu irmão e que seu nome era Minseok, ele me trouxe flores e parecia extremamente feliz por eu ter acordado, pra ele não importava se eu esqueci de tudo ou não. -Quando Jongin me ligou, eu rapidamente antes de vir aqui trouxe as flores favoritas da minha irmãzinha, espero que com elas você se lembre de algo. - peguei o buquê sorrindo. - Elas são tão lindas, mesmo com que eu não lembre, eu acho que eram minhas preferidas mesmo.

- Mesmo você não se lembrando, farei de tudo para recuperar suas memórias, maninha. - ele disse com um olhar pensativo - Eu vou começar a falar tudo que a gente já fez, até os segredos mais obscuros que só eu sabia! - ele soltou uma risada maligna, o que me fez rir, mas era obrigada a parar logo, algumas partes do meu corpo doíam.

Ah, eu esqueci de te falar, nós temos uma irmã mais nova, ela se chama Yeji. Está nos seus 19 anos, você não deve se lembrar mas vocês duas eram companheiras de estudo. Ela simplesmente ficou louca quando você deixou ela sozinha pro exames de admissão na faculdade. - ele parecia alegre em me ver acordada, ele realmente queria contar tudo que eu perdi, tanto que ele quase não fazia pausas pra respirar. - Você ta me ouvindo? - pigarreei antes de dizer - Ah, sim.

- Ela não pode vir porque tava na faculdade. - ele parou e virou para o Jongin. -Falando em dever, você não deveria estar no trabalho?" - ele disse e quando Jeongin foi responder ele rapidamente foi cortado.

- Se pode nos dar licença nós teremos uma conversa de irmãos, entende? E se você se atrasar mais um dia vai acabar sendo demitido. - arregalei os olhos, Jongin veio até mim e acariciou meus cabelos - Posso ir?

Afirmei, e ele beijou minha bochecha com carinho -Tchau Minseok, tchau Seungwan. - ele disse antes de sair do quarto.

- Você ouviu o que a mamãe estava dizendo com médico? Eles estavam negociando a sua alta! - sorri, mas algo me intrigava, ninguém havia contado para mim o que aconteceu ou por que eu estava em um hospital e sem minhas memórias?

- Então Min, o que aconteceu comigo? - naquele momento os olhos que lembravam um gato de Minseok ficaram arregalados de um misto de raiva e tristeza, ele vacilou antes de responder.

- Você foi atropelada. - ele suspirou antes de responder -O seu marido entrou pra polícia querendo pegar o cara que te deixou assim e fugiu do local.

- Mas pegaram ele? - por algum motivo falar sobre aquilo me deixava enjoada. -Não, ainda não.

Amnesia | WendyWhere stories live. Discover now