VII

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- O que eu ainda não estou sabendo? - Perguntei fechando o punho.

- Ela está em um hospício, depois que você sofreu o acidente ela começou a alucinar, então a família achou melhor interna-la. Depois de sair daqui vamos visita-la, nós quatro, tenho certeza que ela vai ficar feliz em ver o grupo reunido.

Joohyun fez uma grande pausa antes de continuar falando.

- É, eu vi o Jongin saindo, vai morar com ele enquanto se recupera?

- Na verdade não, vou ficar um pouco na casa da minha mãe, o médico disse que isso pode me ajudar a lembrar de coisas da minha infância.

- Toda vez que se lembrar de algo, diga para sua mãe e se for muito sério para a policia, ok?

- Ok, além disso o que é essa sacola ai na sua mão?

- É uma roupa da minha nova coleção, estou te dando como um presente de boas-vindas, minha amiga.

- Muito obrigada Bae, agora vou para minha consulta com o doutor Byun.

- Então já vou indo querida, bye bye. - Enquanto saía ela esbarrou em Baek e congelou, com um olhar assustado Joohyun ajeitou a bolsa no ombro e se retirou.

Baek voltou sua atenção para mim novamente.

- Como vai a paciente mais perigosa desse hospital?

- Vou bem, e primeiro, eu só roubei sua comida uma vez. Supera.

Ele riu apoiando o braço no encosto de minha cama.

- Sentiu dores na cabeça ou se lembrou de algo?

- Eu senti e consegui lembrar de alguns acontecimentos e o nome de quatro amigas minhas. - Eu disse orgulhosa.

- Que bom, e você se importaria de dizer para mim o que a senhorita lembrou?

- Eu lembrei de uma conversa agradável que eu tive com minhas amigas e de uma festa, nós fomos embora porque alguém de quem não gostávamos tinha chegado.

- E você lembra quem era essa pessoa? - Ele disse engolindo em seco.

- Não faço a menor ideia.

- Bom, eu acho que suas lembranças estão voltando quanto você encontra pessoas que fazem parte de seu passado, mesmo que ela não volte quando você encontra outras. O que você se lembrou foram momentos de que algum modo te marcaram.

- Entendi, mas e aí, vamos falar sobre a minha alta?

- Eu já disse para a sua mãe que me dói muito te dizer que...

- Que?

- Que acabou o pudim de chocolate na cafeteria.

- Para de brincar Baek e fala logo.

- Você está de alta a partir de amanhã.

Soltei um gritinho de felicidade sabendo que iria voltar a vida que a Seungwan antes de sofrer o acidente tinha, tão feliz que pequenas lágrimas brotaram em meus olhos. Baek ao me ver chorando  me abraçou, eu lembrava daquilo, daquele cheiro, daquele abraço.

- Baek.. - Digo sentindo minhas bochechas queimarem.

- Ah, me desculpa. - Ele desfez o abraço. - Mas você fará consultas frequentes com a nossa psicóloga e comigo. Sua mãe sabe de tudo certinho. 

- Ah, mas amanhã eu tenho uma visita.

- Sim, mas acho que essa visita vai te acompanhar até sua casa.

- Acho que sim.

- Está com medo?

- Medo de que?

- Da vida que sua mente apagou.

- Eu aguento, além do mais, aguentei um coma de um ano e meio. Acho que perto disso as outras coisas não são mais que pequenos desafios.

- Se você diz.

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Já era noite e eu não podia acreditar que pela manhã eu voltaria para minha casa, minha antiga vida e meus antigos amigos, se eles ainda lembram de mim. Jongin estava segurando minha mão enquanto dormia na poltrona, ele ficou o dia inteiro do meu lado.

- Ei, acorda. - Levei meu outro braço para acordá-lo.

- Hum. - Ele resmungou se espreguiçando. Aproveito o momento para passar a mão em seu cabelo o arrumando.

- Vá dormir em um lugar mais confortável, a sua casa.

- Mas eu quero ficar com você.

- Amanhã eu vou receber alta, então você vai poder ficar bastante tempo comigo, ok?

- Ok. - Ele se levantou depositando um beijo em minha bochecha. -Amanhã eu venho te buscar, ok?

- Está bem.

Ele se virou indo embora. Respirei fundo sem deixar que a ansiedade me tomasse por querer que o dia de amanhã chegasse logo, eu rolava na cama controlando a necessidade de ir lá fora esticar as pernas e sentir o ar puro. Peguei um livro que estava na bancada começando a lê-lo, mas sou interrompida com o bater na porta.

- Pode entrar! - Digo me arrumando no encosto da cama, colocando o travesseiro em minhas costas.

- Já está dormindo? - Da porta entrou Baekhyun com um saquinho em uma das mãos.

- Você gosta de entrar no quarto de garotas a noite, né? 

- Minha segunda profissão.

- Então, por que veio?

- Vim trazer uma pequena surpresinha pra você. - Ele retirou um cookie do saquinho. - É um presente de despedida, nós só nos veremos uma vez a cada duas semanas a partir de amanhã.

- Obrigada, um presente vindo de você? Que bicho te mordeu?

- Meu hipopótamo rosa de bolinhas brancas que eu crio na minha casa, por quê?

- Ok, foi um erro perguntar.

Nós dois rimos e conversamos até umas 23:00, a presença de Baek me fazia descontrair como se nós nos conhecessemos a muito temgpo, ele se despediu de mim e depois de olhar alguns poucos minutos para o teto consegui dormir.




Amnesia | WendyOnde histórias criam vida. Descubra agora