Lembranças de um passado sem memórias

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Aquela garota estranha estava ali novamente. O que ela queria desta vez? Não sabia o porquê, mas ela o deixa de certa forma... perturbado, irritado até. Não conseguira esquecer do encontro do dia anterior, a forma que ela tocara seu rosto, era delicado e ansioso ao mesmo tempo. E aquela expressão triste nos olhos dela... Bobagem. Estava pensando demais. Ela apenas o confundira com outra pessoa.

— E aqui fica nosso principal caça — explicou Morpheus, que mostrava a oficina para a garota de um modo totalmente solícito, o que era um tanto inusitado, vindo de alguém como aquele sujeito. — Mantemos ele muito bem. Veja isso... essa peça foi trazida especialmente do planeta...

A garota seguia a explicação de Morpheus com uma aparente curiosidade, ouvindo tudo, fazendo perguntas. Desviou os olhos dela, quando notou que estivera tempo demais cuidando dos passos da jovem heroína. Morpheus encarregara-se de lhe contar tudo o que sabia sobre Rey Skywalker, mesmo não sendo solicitado para cumprir este papel. Mas, ele acabara ouvindo e guardando muitos mais informações do que gostaria de admitir.

Rey Skywalker era a última Jedi, treinada pessoalmente por Luke Skywalker e pela General Leia Organa. Ela salvara a galáxia de Palpatine. Era uma grande amiga do General Finn e do General Poe Dameron. Aliás, havia vários boatos de que ela estava envolvida com um deles. Morpheus apostava em Dameron. Claro, manter-se informado sobre a vida romântica de seus superiores era algo extremamente imprescindível para sua vida.

— Yuri, mostre a Rey nossa mais nova aquisição.

Ela voltou para ele aqueles grandes olhos. Por algum motivo, sentiu que deveria fugir deles, correr para o mais longe possível.

— Tudo bem — respondeu, sem olhar para Rey. — Me acompanhe — disse, voltando as costas para ela.

O barulho de seus pés batendo no piso frio e gelado era o único som que havia ali. Ele foi o primeiro a subir no pequeno caça, apelidado de "Ghost". Era quase impossível que duas pessoas coubessem naquele local, mantendo seus espaços pessoais intactos. O caça fora projetado apenas para o uso de uma pessoa.

— Os controles são um pouco diferentes dos outros caças — falou ele, apontando para o painel. — Se você quiser pode testar...

Ele sentiu o corpo Rey quase tocando suas costas. O braço dela se estendeu em direção ao painel. Aquela posição era estranha, quase um abraço, sem nenhum toque, mas, bastava um leve movimento para se tocarem. Sentiu os músculos ficarem tensos. Por que ela precisava ficar naquela maldita posição?

— Você que quer eu te ensine como funciona? — falou porque o silêncio era sufocante e tornava tudo ainda mais estranhamente íntimo.

— Acho que sei como funciona — respondeu ela, mexendo em alguns botões.

— Certo...

Ele não ousava se mover. A presença dela em suas costas era perturbador. Não era o fato de ter uma mulher tão perto de si. Não, ele já tivera várias mulheres perto de si e nenhuma causara aquela sensação desconcertante como ela lhe provocava. Era porque era ela. Algo em seu corpo reconhecia aquele corpo. Certo, aquele pensamento fora... idiota. Ele nunca vira aquela garota antes em sua vida.

— Preciso voltar... tenho vários caças para consertar — proferiu quase com impaciência. Não era exatamente irritação com a garota, era mais uma irritação consigo mesmo.

Ela não se afastou dele, não se mexeu sequer um centímetro.

— Preciso falar com você — declarou ela sem rodeios. — Me encontre hoje, naquele bar que fica próximo daqui.

Rios Fluem Até VocêWhere stories live. Discover now