Cap 18: Prologo - O serafim Daniel (Terceira temporada)

118 8 0
                                    



Foi uma tarde de quarta bem comum como era de se esperar, Daniel chegou com seu sorriso fino e simpático, com um short surfista e uma camiseta azul clara. Sentamos a mesa da cozinha, e logo partimos para o assunto em questão. Ele se mostrou como um ótimo aluno; escutou tudo direitinho, seu comportamento me fascinou, e ali, refleti que nunca tinha notado com mais detalhes como o Daniel era um serafim educado, ingênuo e puro. Digo assim porque sentimos quando alguém demonstra malícia, ele não, ele me olhava concentrado no que eu falava, e seus olhos estavam sérios, sua face sem expressão, apenas um "Humhum" concordando com alguma pergunta ou ideia apresentada. Ele estava sendo o aluno que qualquer professor queria em sua sala.
Um jovem assim é coisa rara de se encontrar, afirmo, pois eu mesmo com a idade dele não era tão educado assim, mesmo tendo poucos anos a mais, estava me sentindo mais adulto do que eu era realmente. Em algum momento, um breve momento, ele sorriu, e aquela cena ainda hoje depois de anos, se mantém viva, foi esta cena que realmente me fez sentir diferente, não foi o Rafael com sua boca quente em meu falo, nem o Rochel com suas carícias, nem o Adriel com seu corpo quente e másculo. Mas foi a percepção do sorriso de outro homem que me fez ver que eu era um cara sensível. E foi naquela tarde de quarta feira que senti algo mais afetivo por outro homem, senti que eu poderia gostar sem que o sexo fosse o objetivo principal.
Ao fechar a porta depois de sua saída. Senti-me leve, feliz e excitadamente ansioso por vê-lo novamente.
Já no colégio nas aulas seguintes notei o Daniel mais presente, mais próximo, mais amigo, mais companheiro. Nos intervalos eu o acompanhava com furtivos olhares, e uma coisa me atiçou a curiosidade, depois de alguns dias, eu nunca o via com sua namorada. Então me dei conta que eu nunca o tinha visto com ela. Ou ela não existia, ou ela não estudava ali. Uma coisa ou outra. Então resolvi investigar, procurei visitar a barraca de lanches dele e do irmão, passei a frequentar, me tornei amigo da família. O Daniel estava cada vez mais próximo, até mais afetivo do que um amigo normal. Neste nível de relacionamento, eu ainda não tinha parado para refletir se era eu que estava me aproximando demais, ou se era ele que estava me puxando para sua vida.
Um dia, aproveitando que ele não estava a barraca, fiquei conversando com o irmão dele, e então como sem querer perguntei sobre a namorada do Daniel, e o irmão confirmou minhas suspeitas. Não existia nenhuma namorada, pelo menos até onde ele sabia. Tinha que tirar minhas dúvidas afinal, eu estava gostando dele e sentia que era um sentimento que não seria correspondido, e eu não tinha coragem de me arriscar o que poderia afastá-lo, e ficar sem vê-lo não me agradava, eu o queria o máximo possível por perto.
Numa noite fria de novembro, ele estava em minha frente cercado de pessoas amigas e familiares cantando parabéns para seus 19º aniversários, ele não mentira sobre a idade, e minha felicidade estava explícita 'na cara', e ele me perguntou alguns minutos depois do bolo ser cortado, o motivo de tanta felicidade, eu respondi que estava feliz por fazer parte do círculo de amizade dele, de está ali compartilhando com ele, de poder está ali para dar um abraço de felicitações, então ele disse, 'que abraço? você ainda não me deu nenhum abraço.' Então eu o abracei bem forte, e disse no seu ouvido: que você seja muito feliz e que encontre umA PESSOA que lhe faça muito feliz! Ele me olhou e disse, 'mas eu já encontrei', ai eu disse que ele não tinha encontrado, pois a namorada dele não existia, então ele me olhou sério e disse que eu não sabia de nada, então fiquei sério e disse para ele que se tivesse uma namorada ela estaria ali no aniversário dele. O clima ficou tenso, mas eu notando sua mudança de humor, parei e disse que tudo bem, que eu estava sendo bobo, depois da festa sai para ir embora, e ao chegar na praça ele me alcançou, e procurando um lugar mais escuro me chamou pois queria me dizer algo.
-- Caladriel, você tem razão, eu não tenho namorada.
-- E por que inventou essa história pra mim?
-- Não sei, na hora saiu, queria parecer um cara esperto e normal para minha idade, coisa desse tipo.
-- Bem, eu desconfie pois eu nunca a vi, e Daniel nós já somos amigos, não devemos esconder coisas bobas um do outro, não estou pedindo que me conte seus segredos, mas que não precisa se esconder de mim.
-- É, eu sei, você tem razão.
-- Então amigo, agora minha felicidade voltou, pois eu estava triste com nossa conversa a pouco, nem tanto por você, mas por mim parecer um cara enciumado e bobo.
-- É, notei mesmo você com jeito de quem estava com ciúmes.
-- Pois é, sou mesmo, tenho ciúmes dos meus amigos.
-- Só amigos?
-- Das namoradas também.
-- Namoradas?
-- O quê?
-- Calma, brincadeira!
-- Brincadeira sem graça numa hora dessa.
-- Olha, Caladriel, naquela hora em que eu disse que já tinha encontrado a pessoa que poderia me fazer feliz, eu não estava mentindo.
-- Como assim, você está de olho em alguma garota?
-- Veja só, pode parecer estranho, mas eu encontrei VOCÊ.
-- Mas Daniel, como assim? O que você ta querendo me dizer?
-- Caladriel, você me fez despertar para os estudos, me tirou das ruas, hoje já não sinto falta de ... de outras coisas... você é meu herói.
-- Amigo, não diga bobagens, eu apenas sou um cara normal, nem tenho idade ainda suficiente para ser herói de ninguém.
-- Não seja bobo, você é um homem diferente de todos que eu já vi, é tanto que minha mãe esses dias estava comentando lá em casa, que meu irmão deveria voltar a estudar, e que você era um exemplo, nossa como ela gosta de você.
-- Nossa fiquei até corado com essa.
-- Mas ainda tem mais...
-- O quê?
-- Em relação a você ser a pessoa que poderia me fazer feliz...
-- Sim, eu já entendi, sou seu herói, alguém para você seguir como modelo. Essa parada toda aí. Eu entendo não precisa se explicar.
-- Escute! - por um momento senti ele paralisar antes de continuar - Eu te amo!
Meu estômago se revirou todo, meu sangue gelou, eu tinha escutado direito, naquele momento, eu estava petrificado. Não tinha palavras, não tive reação, era surreal. A noite fria, gélida, e escura pareceu apenas uma folha em branca. Então quando despertei estava em casa, sozinho no sofá.
No outro dia, Daniel me telefonou avisando que estava chegando, era uma manhã de sábado, eu estava bem animado, eufórico, queria vê-lo logo, queria saber se tudo aquilo foi realidade ou se realmente foi apenas um sonho como eu estava crendo.
Ele entrou, estava de cara fechada, não amarrada, apenas sem expressões, mas nada fora do normal, então ele me olhou encarando, e perguntou como eu estava me sentindo depois da revelação da noite passada; senti uma pontada de felicidade rompendo minha face séria, e então não pude mais me conter, e o abracei fortemente.

Continua....

O Professor - E Seus AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora