capítulo 40.

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Com o teste na mão, respirei fundo e lágrimas rolaram sobre meu rosto enquanto eu o observava. Em uma outra situação, eu estaria eufórica e feliz, mas não me sentia assim. A vida de Michael estava um caos, será que ele teria cabeça para isso agora? Para um filho? Essas perguntas rondaram minha cabeça deixando-me nervosa. Enxuguei as lágrimas do meu rosto e sai do banheiro, manteria aquela gravidez em segredo.

Alguns dias depois...

Michael começou a agir como se nada tivesse acontecido. Por um lado, eu aprovava essa atitude, queria que ele esquecesse a acusação e voltasse a viver, por outro, eu reprovava. As pessoas falavam mal ao seu respeito, algumas pensavam que ele realmente tinha abusado da criança e isso incomodava-me pois se ele estivesse me escutado e provado sua inocência, esses comentários não estariam por ai.

Minha gravidez ainda estava em segredo, fui em um médico escondido para ver como estava a saúde do bebê e a minha. Descobri que estava de quase 2 meses e que o estado do bebê era ótimo, mas o meu não. Com toda esse situação, eu mal me alimentava. O médico diagnosticou-me com anemia, a situação era critica. Disse todos os perigos que aquela doença trazia para mim e para o bebê. Poderia dificultar o ganho de peso do bebê, ao parto pre-maturo, falha do desenvolvimento pela anemia e pobre desenvolvimento intelectual. Além disso, eu ficava sempre muito cansada e sempre com tonturas. Essas tonturas poderiam favorecer a queda, prejudicando a vida do bebê. Queria tanto contar tudo para Michael e passar por isso junto a ele, mas como? Michael e eu nos afastamos bastante, eu tentava me aproximar, entrar em sua intimidade, mas ele construiu uma parede que não conseguia quebrar. Ele sempre estava fora, e quando ficava em casa, era distante, sentia-me totalmente abandonada. Talvez era por isso que ficava tão insegura em contar tudo. Todas as noites eu chorava em silêncio.

...

Na noite seguinte, Michael e eu chegamos de uma festa beneficente e fomos direto para o nosso quarto, ele logo foi tomar um banho. Eu precisava conversar com ele, aquela situação estava corroendo-me por dentro e mais, colocando a minha vida e a do meu filho em perigo.

- Michael, podemos conversar? – Sentei-me na cama quando ele saiu do banho, enxugava seu cabelo com uma toalha branca.

- Claro. – Michael sentou-se ao meu lado. As coisas estavam tão estranhas que fazia tempo que não beijava-o ou fazíamos amor. Por um lado, não me importava, tinha medo que ele notasse a pequeno inchaço da minha barriga, por outro, sentia muito falta do seu carinho e toque.

- Você ainda me ama? – Perguntei. Tinha um nó em minha garganta e eu estava com muita vontade de chorar, mas segurei as lágrimas.

- Claro que amo, Maitê. Porque pergunta isso? – Michael franziu as sobrancelhas.

- Você está distante de mim. Tudo está diferente. Você está dando mais atenção para seu trabalho do que para mim. Eu entendo você, entendo que estou noiva do REI DO POP, mas mesmo quando está em casa fica distante, como se não sentisse prazer em ficar comigo. – Disse olhando-o no fundo dos olhos. Michael permaneceu calado por um longe tempo, pensei que não me responderia, mas ele começou a falar.

- Desculpe-me por isso, sei que estou agindo de forma incorreta com você, mas eu ainda sofro com a acusação e prefiro sofrer sozinho. – Respondeu em um tom calmo.

- Michael, sou sua noiva, não acho certo você me tratar como uma estranha. Deixe-me alegrar sua vida, ajuda você a passar por isso. - Segurei a mão de Michael com uma certa força. Precisava faze-lo feliz, essa era minha missão de vida e também precisava dele para me ajudar a passar por tudo que estava acontecendo comigo.

- Eu vou deixar, quando me sentir seguro para ser feliz. Estou vivendo como se a qualquer momento algo ruim pudesse acontecer. Não quero voltar a ver a luz do sol novamente e em seguida as nuvens o tamparem vindo junto uma tempestade. Não quero. - Disse ele, sua voz saia pesada e no fundo eu entendi ele, mas não sentia-me nada feliz assim e se continuasse poderia morrer ou matar o meu filho. Minha vontade era de ficar ao seu lado até tudo isso passar, mas não podia. Não sabia como ele poderia reagir quando soubesse que eu estava grávida e com minha saúde critica. Parecia não ter psicológico nenhum para isso.

- Não posso viver assim. Não posso me casar com uma pessoa que nem me deixa tenta-la fazer feliz. Eu te amo Michael, mas não consigo te ver desta forma... – Falei na esperança dele dizer que tentaria mudar, que se abriria comigo, mas não foi isso que ele disse.

- Você é livre para fazer o que quiser, Maitê. – Disse ele.

- Tudo bem. – Levantei da cama e o encarei. Com lágrimas nos olhos retirei a aliança de noivado que ele tinha me dado, segurei a mão de Michael abrindo seus dedos e depositei a aliança na mesma. – Eu sempre vou te amar, mas não posso viver assim. – Falei com peso em meu coração, nem consegui olhar em seus olhos ao dizer, apenas depositei um beijo em sua testa e sai do quarto. Meu coração estava sangrando, era como se alguém estivesse apertando-o entre seus dedos, o ar parecia fugir dos meus pulmões, era difícil respirar. Lágrimas rolavam sobre meu rosto. Aquela fora a situação mais difícil que passei em toda minha vida, escolher entre o amor da minha vida e meu filho. Naquela época eu não conhecia Michael verdadeiramente, pois se conhecesse, saberia que a felicidade para ele nasceria junto com a criança.

A fãWhere stories live. Discover now