Capítulo 41.

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Desta vez, eu olhava pela janela do ônibus Los Angeles ficando cada vez mais distante de mim. Recordei-me do dia em que sai da minha cidade natal para viver a fase mais magica da minha vida. Nunca imaginei um dia conviver com Michael Jackson, muito menos ser noiva do mesmo. Ah... Michael, porque nossa história teve que ter esse final tão triste? Olhei para baixo na direção da minha barriga levemente inchada e ali estava a resposta. O fruto do meu amor e de Michael que florava dentro de mim. Passei minhas mãos sobre a barriga e lágrimas se formaram em meus olhos molhando minha bochecha quando as mesmas caíram. Aconteceu o mesmo quando abandonei Atlanta, mas agora, a dor era mais intensa.

A linda história de uma fã que conseguiu ter seu conto de fadas com seu ídolo tivera acabado, mas para sempre teria um fruto desse conto de fadas comigo. Michael nem sabia da criança e isso em parte era injusto, mas também não era justo comigo mesma viver a tortura diária que estava vivendo. Não tinha confiança para contar para ele sobre o filho e nem tinha como continuar vivendo daquela forma, fiz o que achava melhor para os dois. Respirei fundo e enxuguei as lágrimas em meu rosto. Estava pronta para começar uma nova etapa da minha vida, apenas eu e meu bebê.

Adormeci depois de um tempo de viagem e quando despertei, o ônibus já percorria as ruas de Atlanta. Ele passa pelo centro da cidade até chegar na rodoviária. Olhei pela janela e um leve sorriso se formou em meus lábios, um sorriso em meio a tristeza que estava. Era bom rever aquela cidade que sempre fora meu lugar, era bom rever as lojas familiares, os prédios e tudo que tinha nela.

...

Percorri a rua onde estava localizada a casa dos meus pais puxando minha mala com as poucas coisas que trouxe de Neverland. A rua estava deserta e calma, escutava apenas o barulho da roda da mala em contato com o asfalto.

Distante, eu já conseguia ver a casa dos meus pais aparecendo em meio as dos vizinhos, não havia mudado nada, exceto que o jardim estava mais bonito. Me aproximei da porta, fechei os olhos, enchi meus pulmões de ar e deixei o ar sair lentamente. Abri os olhos e toquei a campainha, não demorou muito para que minha mãe atendesse a porta.

- Maitê? Querida, o que faz aqui? – Arqueou as sobrancelhas deixando transparecer sua surpresa. Saiu de dentro da casa me envolvendo num abraço abertado.

- Que saudades mãe. – Larguei a mala e retribui seu abraço apertando-a forte em meus braços.

- Também senti sua falta, querida. – Disse ela passando levemente uma de suas mãos sobre meu cabelo. – Michael veio com você? – Ela perguntou. Aquela pergunta me trouxe tristeza. E a tristeza com a alegria de ver minha mãe causou uma explosão de sentimentos fazendo com que eu chorasse. Como eu estava cansada de chorar.

- Ah mãe... Acabou tudo entre eu e Michael. – Falei entre soluços. Minha mãe não disse nada, apenas me apertou mais em seus braços. Depois de alguns minutos abraçadas, ela desfez o abraço e me olhou.

- Porque não sobe e descansa da viagem, hum? Seu pai logo vai chegar e podemos conversar melhor. – Mamãe enxugou as lágrimas que molharam meu rosto.

- Tudo bem. – Assenti com a cabeça.

- Deixe a mala aqui. – Ela pediu quando segurei a mesma para traze-la comigo.

- Te amo. – Aproximei-me do seu rosto depositando um beijo em sua bochecha.

- Também te amo. – Ela respondeu com um leve sorriso que por alguns instantes, trouxe alegria em meu coração.

Subi os degraus da escada e abri a porta do meu quarto. Percorri meus olhos pelo local e tudo estava arrumado, nada tinha mudado, era como se eu ainda estivesse morando naquela casa, como se eles sempre tivessem esperado minha volta. Caminhei até a cama e me joguei de costas sobre a mesma. Me sentia cansada e meus olhos ardiam de tanto chorar, não demorei muito para pegar no sono.

Alguns anos depois...

- Mamãe, compra isso para mim? – Zoe vinha correndo em minha direção com um saco de bala em mãos.

- Zoe, olha o tanto de coisas que você já colocou no carrinho.

- Mas mãe, essas balas são as minhas preferidas.

- Isso é o que você disse sobre tudo que está no carrinho. Se quiser levar, vai ter que trocar por alguma coisa. – Falei a encarando. Ela olhou por um longe tempo as coisas que estavam dentro do carrinho e voltou pelo mesmo corredor que veio correndo. O semblante dela estava triste e isso cortava meu coração, mas ela precisa saber que não podia ter tudo que queria.

- Pegou tudo, querida? – Escutei a voz de minha mãe atrás de mim.

- Acho que sim. – Falei verificando a lista e as coisas que estavam dentro do carrinho. Olhei para Zoe vindo andando em nossa direção e vi que o tempo passava em um piscar de olhos. 6 anos se passaram desde o nascimento dela e não existia um dia que eu não pensasse em seu pai e o quão parecidos eles eram. Seus belos olhos enormes negros, sua boca, sua cor e sua doçura. A única coisa que puxara de mim era o cabelo.

Depois que sair de Neverland, não tive mais contato com Michael, ele até tentou falar comigo algumas vezes durante esses anos, mas o evitei todas as vezes. Claro que sem noticias eu não ficava, esse era o ruim de ter um ex famoso, você querendo ou não, terá noticias dele. Soube de seu casamento com a filha do Elvis e da separação, soube do seu outro casamento com uma desconhecida e de seus dois filhos. Ele seguiu a vida e eu ficava feliz por ele, assim como eu segui a minha. Não me casei e nem tive outros filhos, mas voltei para Jack. O melhor era que ele tratava Zoe como se fosse sua filha e isso não tinha preço para mim. As vezes ficava me perguntando se Michael pensava em mim como eu pensava nele. No fundo eu sabia que ele sempre seria o amor da minha vida, mas e eu? Será que sou o amor de sua vida também?

- Por que ela está com essa carinha triste? – Mamãe me perguntou fazendo com que eu me despertasse dos devaneios.

- Não deixei ela levar um pacote de bala.

- Por que não?

- Mãe, olha o tanto de coisas que ela já pegou. – Virei o carrinho na direção do caixa. – Outro dia compramos balas. – Segurei sua pequena e delicada mão quando ela se posicionou ao meu lado, começamos a andar na direção do caixa.

- Tudo bem, mamãe.

- Isso, sem pirraça. Você é uma princesa e princesas não fazem pirraça.

Michael on:

Paris adormecia profundamente em meus braços. Ouvir sua respiração lenta me acalmava. Coloquei ela em seu berço arrumando com cautela seu corpo para não acorda-la. Prince já estava dormindo, mas Paris sempre tinha mais dificuldade para dormir, afinal, era mais nova. Seu berço ficava em meu quarto, depois de coloca-la nele, deitei sobre minha cama. Precisava descansar de um dia um tanto cansativo. Virei de lado para apagar o abajur em cima do criado mudo e encarei a foto que estava ao seu lado. Uma foto antiga, de uma fase da minha vida na qual eu jamais me esqueceria. Na imagem, eu sorria, não um sorriso falso como muitos, mas um sorriso verdadeiro. Ao meu lado, a mulher que sempre irei amar, Maitê. Peguei o porta retrato com a bela foto e fiquei olhando para ele por um tempo. Foram bons momentos que tive com ela, os melhores da minha vida. Por que deixei esse amor ir embora tão facilmente? Se eu tivesse com a maturidade que tenho hoje, jamais teria deixado Maitê ir embora. Apertei o porta retrato contra meu peito como se ainda pudesse senti-la em meus braços através da foto e o coloquei novamente sobre o criado mudo apagando em seguida o abajur. Naquela noite, fui dormir com o aperto no peito que sempre causava quando me lembrava da mulher da minha vida, a mulher que era inspiração de muitas das minhas músicas e que deixei ir embora.

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