Capítulo 2

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-Com certeza foi você.

-Ai, Josh, não sei não. Todo mundo parecia me odiar aquele dia, duvido nada que as outras professoras também tenham me dado notas baixas.

   Eu e Josh conversávamos em frente ao bebedouro no fim da aula de ballet contemporâneo.

-A Bruxa parecia te odiar mais ainda hoje. Tenho certeza que a vaga é sua. E também porque a Sarah está vindo para cá e eu estou saindo. Tchau, tchau. Me liga pra gente comemorar.

Droga.

-Oi Chloe! Como você tá?- morrendo.

-Tô ótima! Ótima mesmo, bem...bem ótima.-me apoio no bebedouro. Acho que vou morrer.

-Então...vamos conversar ali no meu escritório.-Estou vendo uma forte luz.

-Claro!

-Então, Chloe. Parabéns! Você foi a aluna selecionada para dançar o solo representando nossa academia em todas as competições desse ano.-AI MEU PAI ETERNO.- A primeira vai ser na Itália e é exatamente daqui a um mês.

Ah, não. Não acredito que vou ter que negar essa oportunidade. Era tudo que eu queria. Mas como vou pagar por todas essas despesas sendo que não temos dinheiro nem para sustentar a nossa casa?

-Oh, Sarah. Eu fico muito alegre pelo convite, de verdade. Mas não vai dar.-Vejo que ela se assusta com a negativa.-É porque eu não tenho condições de pagar essas viagens. Eu achava que eram só as Regionais, mas pelo visto não é e eu não vou conseguir.

-Chloe! Isso é um insulto, sabia? É óbvio que você não vai pagar nada! Tudo isso é por conta da academia e mesmo que não fosse a nossa família faria questão de cobrir suas despesas. De verdade.

-Ai, Sarah. Eu sou tímida mas não sou burra não. Vou aceitar sim! – digo muito feliz. Sei que as pessoas vão cair em cima de mim dizendo que sou uma interesseira, mas Deus sabe que não, então eu também não ligo.

- Claro que vai!- Sarah afirma rindo.- Bom, amanhã se prepare para um dia bem burocrático, esteja aqui bem cedo pois o Pedro vai te levar apara resolver os problemas de visto, passaporte, essas coisas. E aumente o ritmo de treinamento! Todos os dias, de 19h às 21h você vai ensaiar comigo, certo?

-Claro! Eu não vejo a hora!- digo muito animada.

-Eu também não.

No outro dia eu acordo cedo e coloco uma roupa melhorzinha para resolver os detalhes com o senhor Stone e coloco minha roupa de dança na bolsa.

Saio dando tchau para a mamãe e pegando o bolo de cenoura que fizemos ontem para a família Stone. Mamãe ficou muito feliz e emocionada com a notícia e decidimos agradecer de algum modo pela gentileza.

   Ao chegar na academia vou direto para a sala de Sarah e do uma batida.

-Pode entrar!

   Assim que entro o Senhor Stone se levanta e Sarah abre um sorriso ao ver o bolo na minha mão.

-Não acredito que a dona Mônica fez um bolo para mim! Ai, eu aamoo o bolo dela!- rio enquanto deposito em sua mesa.

-Na verdade, esse foi eu que fiz, mas ela ficou monitorando tudo, então acredito que esteja bom. É para a família de vocês.- Falo e dou uma olhada para o senhor Stone que abre um risinho.

-Sarah. Ouviu a senhorita Spitz? É nosso. Nada de comer sozinha. Podemos ir, senhorita Spitz? – Pergunta enquanto pega sua maleta.

-Chloe. E podemos ir sim. Até, Sarah!

-Até, Chloezita!- Fala enquanto mete o dedo na cobertura de chocolate ao mesmo tempo que seu irmão da um tabefe na mão dela.

   Ao chegarmos na calçada o senhor Stone abre a porta do passageiro para mim e entro em seu carro. Oh, meu Deus. É um cheiro de menta e madeira tão aflorado que dou uma respirada profunda para sentir mais enquanto ele da a volta no carro.

-Trouxe seus documentos, Chloe?

-Sim, senhor Stone.

-Pedro. É Pedro. Vamos passar um certo tempo juntos e senhor Stone é o apelido do papai.- Oh, céus.

-Certo...Pedro.- Ao ver meu desconforto ele solta uma risada lindíssima. Estou tão ferrada.

   Chegamos rapidamente e ao ver que eu tinha dificuldades em resolver os problemas, ele puxou a liderança do processo e fiquei muito mais calma, além de ter decorrido de forma bem mais rápida.

   Já eram mais de 13h30 quando tudo terminou e eu estava morrendo de fome e já pensando em o quanto eu estava ferrada com a senhora Dolby, pois com certeza iria me atrasar.

-Vai para casa?-Pedro pergunta enquanto coloca o cinto.

-Não, não. Gostaria de ir para a academia se não fosse incômodo.

-Não é. – Responde enquanto coloca o carro em movimento.- Você almoça ali por perto? Achava que almoçava em casa. É bem ruim ficar direto, né?

-Hm, é um pouco cansativo sim, mas nada demais. Tem sim um shopping por perto mas eu costumo levar um lanchinho. – Falo enquanto procuro minha maçã na bolsa e ele me olha curioso.

  Droga, não queria comer na frente dele, mas se eu esperar chegar na academia para comer eu vou me atrasar mais ainda.

-Achei.- Falo balançando a maçã e ele me olha incrédulo.

-Uma maçã?

   Balanço a cabeça de modo afirmativo enquanto mastigo de forma tímida. Assim que termino de mastigar, ao ver ele ainda duvidoso, resolvo me explicar.

-Quando chego em casa como algo com mais sustância, como diz minha mãe.- rio fraco.

-Certo. – Ué, do nada ele aceitou e seguiu em frente, ainda bem. Talvez eu não me atrase tanto.

   Me assusto quando paramos me frente ao shopping perto da academia e Pedro abre minha porta para eu descer.

-Vamos almoçar.

-Ah, entendo. Desculpe-me, com certeza você deve estar morrendo de fome também. Mas olha, eu vou indo tá? Minha aula já começou faz um tempo e como eu já almocei...- vou explicando enquanto arrumo minha bolsa.

-Não, não.- Ele me corta.- Me entendeu errado. Nós vamos almoçar. Não tem condições de você treinar tudo o que treina e almoçar uma maçã. –Ah, não.

-Oh, não se preocupe, faço isso há um bom tempo, o corpo já acostumou.

-Chloe. Almoçar. Vamos.

-Não, Pedro, eu não vou. –Falo e cruzo meus braços. Será que ele não entende que não tenho dinheiro?

-Droga de mulher teimosa. Que nem o cachorrinho pequeno.

Ahn?

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⏰ Last updated: Jan 20, 2020 ⏰

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