Prólogo

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Chanyeol não conseguia entender porque aquele garotinho sempre ficava sozinho no recreio ou como nunca era escolhido na educação física. Para ele nada disso fazia sentido, o garotinho era quieto, mas não era invisível. Ou ele era? Chanyeol não estava vendo coisas de novo, ele sabia disso. Já que sua mãe não fazia mais ele tomar aquele comprimido colorido que tinha um gosto ruim.

E foi com isso na cabeça que ele decidiu ir até o garoto sentado debaixo de uma árvore, afastado de todos. Com passos incertos ele observava como a franja tampava um pouco os olhinhos do menino, sua lancheira estampada com o que parecia ser piratas e ele estava lendo um livro cheio de desenhos.

Quando o outro notou sua presença, olhou para Chanyeol como se esperasse que ele falasse ou fizesse algo a ele.

― O-Oi... Eu sou o C-Chanyeol ― abaixou para ficar da altura do outro, já que era um pouco alto pra sua idade. Como o outro continuou olhando-o sem responder, continuou: ― Você é novo aqui? ― perguntou a primeira coisa que veio em mente, o garoto negou ― Qual seu nome?

― Baekhyun.

Depois daquele dia os dois começaram a passar o recreio juntos, e, posteriormente, se tornaram amigos. Baekhyun costumava arrastar Chanyeol para sua casa, porque dizia que não seria amigo dele se ele não conhecesse One Piece. E era assim que os dois passavam suas tardes, assistindo desenhos e lendo os quadrinhos do irmão mais velho de Baekhyun.

― Baek... Você já beijou uma garota? ― Baekhyun parou de ler e olhou para seu amigo

― Não. Por quê?

― Porquê... Porque a-acho que gosto de uma garota

― S-Sério? ― perguntou movendo suas mãos em sinal de nervosismo e de alguma forma, ele se sentiu triste e alguma outra coisa a mais por saber que seu amigo gostava de uma garota ― Que bom Yeol. Devia dizer pra ela.

― E se ela quiser me beijar? ― disse como se essa fosse a pior coisa do mundo, para Chanyeol era

― Beija ela ué ― deu de ombro querendo encerrar logo aquele assunto e voltar ao seu livro

― Eu nunca beijei uma garota!

― Chanyeol, você já tem treze anos, não aja como um bebê. ― repreendeu ― Depois não sabe o porquê de seus pais não deixa você sair sozinho ― murmurou com um bico, que na concepção de Chanyeol, era fofo. ― E se tá tão desesperado assim, porque não me beija e para de reclamar que nunca beijou...

E foi exatamente o que Chanyeol fez, não deixou que o outro terminasse de falar e colou seus lábios ao do amigo. Baekhyun no início ficou surpreso e com os olhos arregalados antes de retribuir o selinho.

Para Park Chanyeol, sua amizade com o garotinho tímido havia durado anos e não mais de seis meses. Ele ainda lembra que depois daquele selinho que compartilharam debaixo daquela mesma árvore que se conheceram, sua vida havia virado um tormento, e a de Baekhyun, um inferno. Ele ainda lembra de ver seu amigo sair correndo e chorando da escola porque todo mundo dizia que ele era um viadinho de merda. Alguém saiu espalhando pra escola inteira que ele tinha beijado um garoto, mas ninguém sabia quem era, e o Park não sabia se agradecia ou se ficava triste por ser somente com o outro. Deus sabe quantas vezes ele tentou falar com o amigo, quantas vezes tentou ligar. Seus outros amigos não deixava que ele chegasse perto do outro, e mesmo que tentasse, Baekhyun não queria vê-lo.

Por muito tempo ele teve pesadelos com o último encontro deles. Chanyeol estava na porta da casa que tanto frequentou por um tempo, para pedir desculpas pela enésima vez. Mas, diferente das outras vezes, Baekhyun abriu a porta e gritou:

― EU NÃO QUERO SABER DAS SUAS DESCULPAS, PENSEI QUE FOSSEMOS AMIGOS PARK CHANYEOL. NÃO FALA COMIGO NUNCA MAIS. EU ODEIO VOCÊ! ― bateu a porta na cara do outro, sentou no chão voltando a chorar enquanto escutava um "me desculpa Baek".

Com o passar dos dias a dor foi passando, mesmo que lentamente, eles foram se esquecendo. Eles já não frequentavam mais a mesma escola, não se viam na rua, não se falavam, não sabia se estavam bem, já não lembrava do rosto do outro, ou da voz, ou do nome. Já não sabia mais da existência do outro.

E para Chanyeol estava tudo bem, ele ainda tinha pesadelos com um garoto baixinho, que ele não sabia quem era, de vez em quando. Tudo estava ótimo pra ele, conseguiu seu título de capitão do time de futebol americano no seu primeiro ano da faculdade - ele era, sem dúvidas, o melhor jogador da KNUA. Seu curso de música era tudo pra ele, tinha uma namorada linda, era popular, e tinha uma bela reputação a zelar.

Apesar de ter uma pulguinha atrás da orelha dizendo que conhecia uma pessoas baixinha que vivia correndo de um lado pro outro quando os nerds do curso de áudio e vídeo viam gravá-los para usar em projetos para o departamento deles.

Já Baekhyun, depois de tudo que aconteceu em sua infância, se tornou uma pessoa mais fechada - sentimentalmente falando - e não era de confiar em qualquer um. Fora isso, continuou como o viciado em mangás e animes que sempre foi, além de ter descoberto uma nova paixão quando estava no ensino fundamental, gravar e editar vídeos. Para ele, aquilo que era diversão, poder gravar, mexer e fazer o que quisesse com seus vídeos. Até chegou a criar um canal no Youtube, não era o melhor para aquilo, mais era uma forma de se desligar do mundo e falar das coisas que gostava sem ser julgado. Na verdade, era até querido pelos seus inscritos. Mas algo sempre o perturbava quando tinha que gravar os treinos ou jogos do time de futebol americano, e era só colocar seus olhos no capitão que sentia tudo dentro de si, borbulhar, não de um jeito bom, era de ódio.

Tirando isso, a vida deles estavam perfeitas. Até aquele fatídico dia.

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Hey Sweetie!!! Estão bem???

KNUA: Universidade Nacional de Artes da Coreia.

A TrocaWhere stories live. Discover now