Capítulo 28

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Seus olhos se arregalaram enquanto ainda tentava normalizar sua respiração, tinha corrido até o andar de cima para ver do que a velha empregada falava. Passou de porta em porta, escancarando os diversos quartos da enorme casa, a curiosidade trazia ansiedade e um ligeiro medo em seu peito. Inferno, ela não sabia mais o que esperar de Damon.

Para sua grande surpresa, quando encontrou o quarto que era notavelmente diferente dos outros, ela se chocou. As paredes claras, coloridas em tons pastéis, tendo a cor branca por todos os lados em algumas peças de móveis cuidadosamente pintados. Tinham brinquedos organizados próximos a um baú, uma poltrona confortável próxima de um dos cantos da parede, um grande guarda-roupas e por fim, o móvel que mais indicava o objetivo do quarto: um berço. Ele era ligeiramente maior e mais chique do que os convencionais, os brinquedos que pendiam sobre fitas coloridas numa forma circular sobre a madeira, acompanhada por um véu branco que cobria a superfície do berço dando um ar angelical ao mesmo.

O choque preenchia sua expressão, sua testa tensionada, olhos arregalados e a boca semiaberta. Não conseguia formar um pensamento certo sobre o que seus olhos viam. Surpresa seria a palavra que definiria melhor o que ela estava sentindo.

Um quarto de bebê.

Trancou sua boca, sentindo a pressão quase dolorosa de seu maxilar enquanto lutava contra o nó que se formava em sua garganta. Se apoiou contra a extremidade da porta, sentindo os joelhos fracos. Ela não queria uma criança. Ela não podia ter uma criança.

Pelo menos não com Damon.

Sabia que ele queria prendê-la a ele de todas as formas, mas não imaginava que sua obsessão o levaria a querer trazer uma criança ao mundo. Estremeceu ao imaginar uma vida presa a Damon, seus planos de fuga iriam para o lixo, Lilian se decepcionaria com ela, tudo estaria perdido, sabia que mães solteiras não tinham chances na sociedade em que viviam, teria um destino ainda pior do que nas mãos de Damon.

Chorou batendo a cabeça contra a extremidade da porta, com medo de que ele a obrigasse a ter aquela criança, sabia que era comum isso acontecer nos casamentos. Imaginou mais dor. Uma coisa era ir para cama com Damon quando desejava, outra era a forma como era feito em seu passado, sempre sendo tomada com brutalidade.

Damon era um monstro, não duvidava que a forçaria conceder essa criança. Por outro lado, pensou que já poderia estar grávida a muito tempo, o que não ocorreu, talvez ela fosse podre por dentro, ou Deus não permitiria que uma perdida violada carregasse em seu ventre uma criança. Chorou ainda mais com esse pensamento. Se encolheu no chão como uma bola. Queria ser mãe um dia, não agora e nem com Damon, mas queria.

Estava tudo tão confuso.

Ficaria triste se soubesse que não poderia ter filhos, mas ficaria ainda mais triste se esse filho fosse de Damon. Uma mão tocou em seu ombro, tremeu ao voltar seu olhar para a mão que a tocava, mas relaxou quando viu a pele dourada de Lilian. Subiu seu olhar, chegando até as feições indígenas da mulher, se deparando com um olhar puxado e bonito de seus profundos olhos negros. Ela lhe dava um olhar de conforto enquanto firmava ainda mais um aperto em seu ombro.

- Se levante, Helena. - Sua ordem era firme, exigindo que ela fosse forte.

Helena sentiu seus olhos se afundarem em profundas lágrimas e a mulher circulou-a com os braços, exercendo força para ergue-la. A garota soluçou, torcendo o rosto em uma careta quando estava de pé e partiu para os braços da mulher. Ela não tinha muitas figuras femininas em sua vida, e definitivamente não era próxima de Lilian, mas ela precisava daquilo, precisava desesperadamente de um abraço,  de alguma figura que beirasse ao mais próximo de materna que ela teve. Não sabia nada de Lilian, mas precisava dela.

A mulher era ligeiramente mais alta que ela, esfregou seu queixo contra o topo da cabeça da menor em um ato de carinho enquanto a apertava em seus braços.

- Fique calma, criança. - Sussurrou enquanto a balançava no intuito de acalmá-la. - Venha.

Lilian a soltou, envolvendo a pequena mão com a sua e a puxando pelos corredores até o quarto dela e de Damon. Abriu a porta e deu um empurrão carinhoso nos ombros femininos, a incentivando a adentrar ao cômodo. Ela o fez, relutante e com o corpo encolhido mas fez. Ouviu a menina fungar e sentiu pena da garota enquanto fechava novamente a porta e ia arrumar os cobertores para a menina deitar.

Suas mãos moveram as cobertas e enquanto lhe oferecia um sorriso terno, a convidou em um pedido mudo para se deitar enquanto erguia a coberta, esperando que a mais nova se escondesse debaixo delas, e assim ela o fez. Ela chorou e fungou durante todo o percurso antes de se deitar e encolher seu pequeno corpo naquela cama macia, sendo embrulhada pelos cobertores caríssimos logo em seguida.

- Nunca mais escute as empregadas da cozinha. - A mais velha murmurou, com suas unhas longas se enterrando nos cabelos castanhos, acariciando a menina chorosa. - Você não devia ter visto aquilo.

Helena fungou indignada, erguendo seus olhar avermelhado para a serva.

- Esperava que fosse uma surpresa para quando eu finalmente carregasse o filho daquele desgraçado? - Sua voz era carregada de ódio.

- Isso não vai acontecer. - Lilian garantiu.

- Como pode me garantir isso?

- Irei trazer Dominic a mansão.

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⏰ Última atualização: Mar 21, 2020 ⏰

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