𝓒𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔

59 7 0
                                    

~2~

꧁꧂

Paguei a minha viagem de táxi, dando alguns poucos passos à frente e encarando a imensa mansão em que eu moro.

Respirei fundo como se puxasse todas as energias possíveis para aguentar mais um dia naquele lugar.

Por mais que eu tivesse certeza que meu pai estava na empresa, ainda assim, a vagabunda da mulher dele conseguia ser pior do que o próprio.

Sempre pensei em como seria se eu tivesse uma irmã, achei que seria legal, porque aí, talvez, eu não me sentisse tão sozinha nesses últimos dois anos, quase três, em que meu pai acha que só ele sofreu com a morte da mamãe e por isso acha que ser essa pessoa fria, manipuladora, egocêntrica, gananciosa e egoísta, vá trazer ela de volta.

Ele simplesmente se fechou de uma forma, que agora é como se eu nem existisse pra ele, até aí tudo bem, eu ficaria mais na minha, mas foi quando ele me apareceu com aquela interesseira em casa que eu percebi... As coisas realmente desandaram e agora ter uma irmã me parece a coisa mais horrível do mundo!

Isadora é americana, alguns anos mais velha do que os meus quase dezoito anos, porém suas atitudes e forma de pensar a fazem parecer uma moleca que nem sequer sabe lavar o fundo da calcinha.

Chin, o porteiro, abriu o imenso portão assim que eu me aproximei, o cumprimentei de longe, visto que a guarita mais parecia uma torre, o que ressalta mais o meu conceito daquela "humilde" casa ser uma prisão de passarinho para mim.

Da porta era possível ouvir a voz fina, irritante e histérica de Isadora conversando com alguma amiga encostada que nem ela.

-Senho...

Interrompi Min-Jee, a empregada, ao colocar o dedo na boca para que fizesse silêncio.

Não quero de jeito nenhum, que aquela outra me veja e viesse com as suas falsidades. Fujo como o diabo foge da cruz!

Mas a minha fuga foi falha, porque eu sou desastrada e acabei me esbarrando com uma das outras empregadas novatas que agora estava com uma bandeja e xícara de chá quebrada no chão.

-mas o que...? -Isadora se virou no sofá. Puta merda!

-me desculpe, Senhorita Kim, me desculpe... -senti dó, a menina só faltava dar com a testa no chão do tanto que se curvava.

Antes que eu abrisse a boca para dizer que estava tudo bem e que a culpa tinha sido minha -o que era verdade-, a outra lá se intrometeu, tendo a ousadia de segurar em meus ombros.

-olha o que você fez! Sua desastrada, estragou o meu chá!

Revirei os olhos, me afastando nada discreta das mãos de Isadora.

-m-me desculpe... Senhora Kim.

Antes de ouvir aquilo, eu estava realmente cogitando em ignorar tudo e qualquer coisa do show que aquela mulherzinha faria só por conta de um chá, no entanto, minha raiva se estendeu para além de Isadora, quando a empregada cometeu o erro de juntar aquele sobrenome, com aquela criatura.

Todo o meu corpo ficou tenso.

-desculpas não me servem. Está demitida.

-o que...?! -a menina ficou pálida e por mais que eu estivesse com raiva da besteira que ela falou, eu tinha em mente que a culpa não era sua.

-não, ela não está- me meti entre a empregada e a encostada, vendo-a me fitar com sua pior cara- ela pode simplesmente limpar a bagunça e ir fazer outro chá, ou melhor, eu posso fazer, já que a culpa foi minha.

꧁𝓦𝒆𝒍𝒍 𝒘𝒊𝒔𝒉 𝒙 𝓑𝒂𝒅 𝒘𝒊𝒔𝒉꧂Where stories live. Discover now