Capitulo 2

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No relógio marca três e vinte dois da madrugada

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No relógio marca três e vinte dois da madrugada...

Gritos, muitos gritos. Gritos aterrorizantes, gritos de pavor e ouço a voz dela clamando por misericórdia.

Tiros, muitos tiros e então o silêncio. Os gritos foram silenciados pelos disparos de uma arma de fogo, talvez duas, não sei dizer ao certo. Minha vontade é de gritar, mas nada sai da minha boca. O medo me paraliza tanto, que chego a desconfiar se estou respirando realmente. Ouço passos e sinto que estão vindo atrás de mim. Eu irei morrer sem ao menos saber o porque!

Meu Deus, não deixem que me machuquem. Proteja a minha família. Quando faltava pouco para chegarem aonde eu estava escondida, os passos param e então escuto duas vozes.

- Tem certeza que a garota não esta aqui!? -A voz de homem pergunta.

- Ela não vem para casa em dias de semana, ela divide um apartamento com uma colega da faculdade. Ela só vem aos finais de semana. -Uma mulher diz e eu reconheço sua voz. É a secretária da minha mãe.

- Realmente, só tinha a puta da Juíza, o corno do marido e os dois filhos. Não podemos deixar pistas, entendeu?

- É claro que eu entendi! Quem arrumou esse serviço? Acha que foi fácil olhar pra cara daquela mulher todos os dias? Sabendo que ela poderia foder com a vida da minha família? O serviço esta feito, vamos fazer uma geral e ir embora daqui. Na certa o barulho dos tiros chamou a atenção de algum vizinho. -A mulher diz nervosa.

Horas depois eu criei coragem e levantei do chão e entrei na casa. Tudo estava revirado, os corpos dos meus pais estavam na sala, o rosto da minha mãe estava virado para o corredor. Perdir meu chão naquela hora! Não tive coragem de ir nos quartos, não conseguia ver os corpos dos meus irmãos.

Um grito forte sai rasgando minha garganta. Dor, medo, solidão, revolta, ódio! Tudo acaba saindo no grito.

- SOCORROOOOO! -Grito deixando o todo o sofrimento sair rasgando tudo.

Acordo com a garganta irritada de tanto gritar. Quase todas as noite são assim. Já se passaram sete anos e eu ainda tenho os mesmos pesadelos. Já fiz acompanhamento psicológico, já tomei medicação, mas nada faz com que eu durma direito. Minha vida, o meu mundo acabou naquela noite. Não existe nada no mundo capaz de aplacar o sofrimento que aquela noite me causou. Perdi tudo o que mais amava, do dia para a noite meu mundo ruiu e eu me vi sozinha. Não era para eu estar em casa naquele dia, só estava por que meu irmão caçula estava doente e carente da minha presença. Não era para eu ter levantado da cama naquela noite, só levantei para pegar um copo de água para o meu irmão tomar a medicação. Era para eu estar morta, mas o que me salvou foi ser desastrada. Derramei a água e fui até a área de serviço buscar um pano de chão.

Foi por ser desastrada, que hoje eu estou viva. Milagre ou maldição?

Olho para o relógio e são exatamente três e vinte duas da manhã. O mesmo horário sempre. Como eu já sei que não vou consegui dormir, vou para o banheiro e coloco a banheira para encher. Jogo uns sais de banho e olho hipnotizada para as bolhas que vão se formando. Coloco um mantra no meu celular, tiro meu pijama e entro na banheira. Fecho meu olhos e deixo meu corpo relaxar aos poucos. Pratico a respiração da Yoga, e deixo minha mente absorver a paz que o mantra tenta passar. O corpo relaxa, mas a mente continua trabalhando a todo o vapor.

Imperfeito (Degustação Disponível na Amazon)Where stories live. Discover now