Capítulo 3: Rótulos

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06h – quarto de Gabriel

(celular tocando alarme)

— Meu Deus, como eu dormi de repente, passei a noite todo torto nessa cama depois de falar com minha irmã sobre aquele assunto triste — diz o garoto coçando os olhos e se levantando da sua cama.

— Bom dia, maninho!

— Bom dia, Carol!

— Como passou a noite? Dormiu bem?

— Como uma pedra e todo torto. Obrigado por me ajudar um pouco com aquele assunto delicado e triste que é o dilema da sexualidade.

— Não precisa agradecer. É algo mais comum do que pensa!

— Posso continuar a conversa agora tomando café com você?

— Claro!!!

— Pois então, ontem você me disse do medo de rejeição na sociedade, certo?

— Sim, estava desesperado com o que as pessoas podem falar de mim. — disse parecendo frustrado, olhando para a caneca.

— A conversa que tivemos te acalmou?

— Um pouquinho. Ainda tenho minhas dúvidas e pensamentos que preciso responder para mim mesmo. Sinto receio de descobrir o meu corpo, não só fisicamente, mas também sexualmente; por exemplo: até um tempo atrás eu parei de deixar meu corpo reagir, ter uma ereção natural ao ver um menino muito bonito e sem saber o que fazer ou onde colocar a cara. Uma outra é ter medo de me tornar algo que nunca me imaginei já que na minha cabeça existe um tipo ideal de pessoas que gostam do mesmo sexo.

— Como diz o Faustão que você tanto gosta: "Errou!". Não existe um tipo "ideal" de gay. Consegue me descrever o tipo ideal de como é ser um garoto?

— Não... não consigo explicar, sei lá, nem deve ter explicação.

— Viu só? Não sãotodos os gays e héteros que tem o mesmo corpo, jeito de falar, pensamentos,gostos musicais e ideologias, religião, por exemplo: seria um absurdo paraalgumas pessoas, você ser cristão e estar no meio gay. Algumas pessoas, amamnos colocar em potes com rótulo.

Dilema de Gabriel: Sexualidade e fé no jovemWhere stories live. Discover now