Capítulo 4: Não tenhas medo

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09h – Igreja Catedral

Gabriel chega à secretaria da igreja e procura por algum padre que possa conversar com ele. Antes, ele faz uma visita à algumas imagens de santos e ele se prostra diante de uma representação do Sagrado Coração de Jesus — e ali desabafa:

— Meu Senhor, eu te agradeço a oportunidade de estar aqui nessa igreja para conversar para receber ajuda através de um padre, representante de vós na Terra. Sinto uma dor na alma forte que é o incômodo do que está acontecendo comigo que é a sexualidade que está borbulhando como hormônios. Peço perdão por não seguir a lei da natureza, estou descobrindo que sou diferente dos outros, o Senhor sabe. Já fiquei muito triste com essa situação, me sinto preso. Me ajude.

Ao se retirar de perto da imagem, Gabriel se ajoelhou e chorou, se sentindo mal e com vergonha de Deus, pois sua mente estava lotada e uma bagunça. Logo após se senta em um banco e tira um terço com contas pretas, já antigo e começa a rezar enquanto aguarda o padre na sala de confissões.

09h30 – Um padre surge na Catedral

Ao ver movimentação na igreja, Gabriel se levanta do banco e faz o sinal da Cruz e diz: "que Deus me ilumine e esclareça a dor. Amém!" ele vai para um banco perto da sala do pároco, junto de sua mochila, pois, acaba de sair da escola e surgiu nele a necessidade de fazer isso, de falar com uma pessoa que em nome de Deus, o entenda.

— Gabriel?

— Sou eu!

— Vamos, entre. Sente-se

— Então mocinho, o que te trouxe aqui?

— É-éee... algo muito difícil de contar. A minha cabeça tem me atormentado, e isso me atrapalha muito, há bastante tempo.

— Tente, Deus irá ouvir e entender, eu não irei julgá-lo, pois, não é minha função como orientador religioso, irei ouvir e lhe passar um conselho, que talvez possa ajudar. Não precisa citar nomes ou algo do tipo, aqui você está na casa de Deus! Você visitou o sacrário? Então, Ele está ali e em nosso meio.

— Eu vim até aqui seu padre, para pedir ajuda, pois, eu não ando me sentindo comum e normal igual as outras pessoas. Eu tenho atração por pessoas do mesmo sexo, e, eu não consigo colocar isso em minha mente. — responde começando a chorar.

— O que te incomoda?

— Me incomodo comigo mesmo, padre. Sou uma pessoa muito fechada e teimosa, fico criando situações em minha cabeça, coisas desnecessárias, e infelizmente, já não tenho um estado mental muito bom. Tenho um histórico de problemas de se cortar, tentar suicídio e entre outras coisas.

— Você faz algum tratamento, Gabriel?

— Sim sim. Eu passo com um psicólogo pelo menos uma vez por semana. Tive que pedir ajuda profissional por quê eu tive algo ruim que era se cortar compulsivamente; segundo a médica do pronto socorro, eu já estava em um perigo sem perceber! Era um risco eminente de morrer a qualquer hora.

— Como está sendo sua vida de oração?

— Varia bastante, as vezes passo a maioria dos dias rezando terço, lendo a Bíblia, e indo nas missas á noite depois do trabalho, mas, também acontecem desânimos de não ter vontade de rezar, ir á missa, e infelizmente acabo caindo no vício da pornografia e da fornicação.

— Tem surtos frequentemente?

— Não mais.

— Isso é ótimo. Eu recebo várias pessoas também com essas doenças, e a pessoa já é fechada, ela carregando algo pesado, fica um sentimento horrível. Sobre a sexualidade, não se desespere mais, não tenha vergonha de você mesmo — seria uma imagem terrível aos olhos de Deus, ver um de seus filhos que só Ele conhece se excluindo por conta de sexualidade.

— Eu sinto vergonha e indigno de Deus, sabe, padre. — disse trêmulo.

— É normal, e fico feliz que você me procurou para um conselho, isso é um sinal de uma pessoa corajosa. Muito aliás! E pelo o que você me contou de não se sentir digno de Deus, todas as pessoas sentem e até você deve ter percebido nas missas antes da Comunhão Eucarística: "Senhor, eu não sou digno(a) que não entreis em minha morada, mas, digo uma palavra e serei salvo(a). Você sabe de onde vêm esta frase?

— De um soldado romano que não tinha fé, mas, pediu a Jesus que curasse um de seus soldados? — perguntou

— Exatamente. Primeiro devemos ter confiança em Deus, depois, podem chegar as outras pessoas para fortalecer essa confiança, pois, sempre iremos cair e levantar. Vou usar seu exemplo que é muito comum entre a juventude: a pornografia; ela não é boa, só faz você encher de um vazio que foge como o furo de um balde, o balde é sua vida, suas necessidades do corpo, mas ele está com um problema: a corrosão e o furo. — O padre respondeu.

— Olhe meu jovem, a sexualidade não é nenhum pecado desde que você saiba usar ela e conviver. Não é pecado você simplesmente ficar excitado ou ter vontade de se masturbar; até porque é o seu corpo e ele tem instintos como todo mundo. Apenas algumas pessoas conseguem se controlar, e não posso lhe dizer que é fácil. Por experiencia própria, quando na minha puberdade, eu também passei com algo assim. — respondeu. E pelo simples fato de você ter atração sexual por outra pessoa do mesmo sexo, não precisa se condenar. E outra: lembre da frase de São João Paulo II "Não tenhais medo".

— Eu acho que agora consegui entender, minha cabeça estava atormentada com esse peso. Uma simples conversa, me ajudou bastante. Quero voltar á casa do Pai. Me confessar acho que é o mínimo que posso fazer para me livrar de culpas e assim me perdoar.

— Muito bem, iremos começar a confissão. Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Depois de alguns minutos, Gabriel sai do confessionário e segue para os bancos da igreja onde reza. Suas palavras não podem ser descritas, mas, ele sente algo como uma pena em sua alma de tão leve, e com a mente tranquila. Ao rezar o Terço, o rapaz finaliza comentando: — Que esse terço seja dedicado á todas as pessoas que sofrem com a sexualidade, que elas não se sintam oprimidas, mas, também tentem andar no bom caminho. Que o Homem que sabe de tudo nos ajude.

Ao se despedir dolocal, faz o sinal da cruz e segue em paz, para viver mais um tempo, agora semficar desesperado pela sexualidade, com grande chance de descobrir tal"problema".

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⏰ Last updated: Feb 21, 2020 ⏰

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Dilema de Gabriel: Sexualidade e fé no jovemWhere stories live. Discover now