É só quando chove que crescemos.

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Yejin não sabia muito sobre si, nem sobre os outros. Soube mais sobre Abe Haruno e sua fixação por boinas e manicure quando as duas tiveram que limpar o freezer assim que chegaram, e Yejin contou sobre sua amiga que trabalha no cinema.

— O nome dela é Hyejun — Yejin soprou um riso pra fora quando viu a careta da Haru quando ela resolveu lamber um picolé que quase sobreviveu ao fatal derretimento do episódio anterior. — As vezes eu vou lá só pra comprar pipoca.

— Tem gosto de manga e limão. — Haru fez uma cara azeda. "Me desculpem, picolés." Ela sussurrou para o palitinho indo para a sacola de lixo.

— Ei! Vamos terminar de limpar esse freezer logo. — A outra ordenou, pronta para bater na japonesa com um dos palitinhos.

Ter uma colega de trabalho começava a tornou aquela monótona rotina divertida, Yejin estranhava a maneira que rapidamente se deram bem e a maneira que conversavam diariamente como se se conhecessem a anos, embora a coreana mais falasse sobre coisas superficiais do que realmente falava sobre si, também fazia piadas que possivelmente só Haru encontrava algum tipo de graça.

Naquele dia Haru contou um pouco sobre sua vida, participou de campeonatos de dança esportiva por dez anos e venceu algumas dessas competições, era um grande orgulho para sua mãe. Yejin achou incrível, ficou boquiaberta – e um tanto apreensiva – com as piruetas que a japonesa deu pelo corredor.

— E por que veio pra cá? — Yejin perguntou, assaltando uma das balinhas no pote do balcão.

— Queria tentar algo novo — disse Haru, observando o céu nublado pela vidraça. — Vai chover, mas se eu me apressar posso chegar em casa antes da chuva.

— Você não trouxe um guarda-chuva?

— Eu não tenho um guarda-chuva. — Reparou nas gotinhas que começavam a surgir no vidro, bufou. Fazia calor demais para andar com um casaco de capuz, no fundo apenas admitia que, infelizmente, sua boininha iria ficar encharcada até chegar em seu lar, ou por sorte a chuva teria parado até às seis horas.

Infortunadamente a chuva engrossou, se tomou vencida pela situação.

— E como tem sido? — perguntou Yejin, com a balinha de morango derretendo na boca.

— Hum? — Haru distraída indagou, ainda encarando a chuva.

— O que fez de novo até agora?

— Ah! Bem, eu arrumei esse emprego — Suspirou. — Não é muito ainda, nem diferente do japão, mas pelo menos eu conheci você e o Senhor Cho, que são muito amigáveis.

Yejin não pode deixar de achar adorável a maneira fofa que Haru disse e mais adorável ainda quando ela deu a volta no balcão apenas para agarrar o braço de Yejin e repousar a cabeça ali, sem dizer nenhuma palavra.

Contudo, mesmo sendo fofíssimas essas aproximações repentinas de Haru, causavam uma precipitação indesejada no coração de Yejin, que em reflexo passou a recuar quando esses afetos duravam tempo demais, como não queria que aquilo pudesse ser mal interpretado pela garota, ela arrumava alguma desculpa e ia pra longe.

E Haru parecia não perceber em nenhum momento o que estava causando.

(...)

A chuva continuava intensa, o Senhor Cho entrou com os ombros encharcados, murmurando de ter se esquecido de seu guarda-chuva. Jogou conversa fiada com Yejin com as perguntas diárias sobre como havia sido o dia, Haru estava terminando de limpar uma das mesinhas que ficava ao lado da máquina de café, o som da chuva se distinguia fortemente com o som frequente da circulação dos automóveis lá fora.

Summer Sun, Something's BegunDonde viven las historias. Descúbrelo ahora