Molho aguado

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Há dois fatores suficientes para animar a noite de Hoseok. O primeiro é se deparar com uma enorme praia em frente ao sobrado de Chae, dando-lhe não apenas a vista da imensidão estrelada mas a leveza que sempre sonhou encontrar um dia. Sortudos são aqueles com dinheiro suficiente para realizar seus sonhos. O segundo fator se resume no jantar digno de repetição que tiveram após o banho. Mariscos diversos, carne vermelha e uma grande porção de batata frita decoravam a mesa redonda após chegarem quentes do restaurante ao lado.

Antes de finalizar a noite, Chae comentou sobre a demora até chegarem ali. A viagem durou cerca de duas horas e meia, sem adicionar os atrasos gerados pelas frequentes paradas do ônibus durante o percurso. Exaustos, sentindo o estômago pesar por causa da comida, ambos foram para cama.

A dimensão da casa não a impediu de ter apenas um quarto, e o colchão de casal incomodou pouco. Independente do problema entre os dois continuar irresolvido, o cansaço junto a intimidade obtida durante os meses se tornou motivo suficiente para ele apenas se aconchegar ao lado esquerdo, permitindo soltar um suspiro de seus lábios. Aquela maciez agrada cada átomo do corpo.

— Você tomou seus remédios hoje? — perguntou ao ver Chae pressionar o interruptor. Por ser acostumado com a preferência alheia por pijamas de tecidos claros, vê-lo sair da suíte do quarto vestido por um roupão preto trouxe consigo a estranheza.

O cômodo continuou a receber uma iluminação mínima, vinda da janela atrás da cama. É um pouco assustador a falta de cortinas, mas bonito.

— Sim. — Ao deitar, ele se posicionou de costas na extremidade direita, erguendo o edredom acima dos ombros. — Vamos aproveitar o amanhã.

— Tudo bem. — Hoseok optou por ignorar a distância excessiva, também se virando. Em frente ao seu rosto é possível notar a lateral de um criado-mudo branco. E foi com aquela paisagem amadeirada, junto a sensação gostosa do edredom em sua pele, que adormeceu.

•••

O cheiro estranho ajudou em seu despertar. Ele não reconheceu de imediato, porém, ver seu par de tênis no chão, ao lado dos pés da cama, o fez deduzir que aquela é a origem.

Hoseok ergueu o corpo, esticando os dedos dos pés. O outro lado da cama não possui nada além do lençol amassado, Chae acordou bem cedo.

Após afastar o edredom de suas coxas, ele caminhou em direção ao tênis e depositou o par no parapeito da janela, ar fresco solucionará o problema. Maldita hora que se esqueceu de preenchê-los por talco antes de ir trabalhar.

Diante da paisagem quieta daquela manhã, teve o prazer de gastar alguns minutos a fim de admirá-la. O sol, ainda fraco, é suficiente para aquecer e acariciar sua pele. A leveza do clima praiano é capaz de transformar qualquer humor. Mesmo em uma cidade grande, acordar de frente pro mar leva tranquilidade para dentro de casa e isso afeta todos os aspectos da sua vida.

Se a intenção de Chae, levando-o para aquela região, fosse deixá-lo calmo o suficiente para resolverem o problema de forma rápida, sem dúvidas a escolha foi certeira.

Por mais que desejasse trocar o pijama branco que lhe foi entregue, Hoseok não possui outras roupas, além daquelas que vieram em seu corpo. Então decidiu apenas descer as escadas e pedir emprestado uma camiseta e uma bermuda qualquer.

O aroma do café facilitou sua busca pela cozinha, mesmo perdido entre tantos cômodos não demorou até encontrá-la.

— Você acordou cedo, bom dia. — revelou a própria presença após ver Chae em frente ao fogão, entretido com as bolhas da água ferventes dentro em uma espécie de leiteira.

A segunda música (2Won)Onde histórias criam vida. Descubra agora