Se acalma

2.1K 145 1
                                    

SARAH


Passei a noite sozinha, Stephen me avisou que pegaria dois plantões, então dormi tranquila.

Eu me levantei mais ou menos as nove da manhã e fui pro banheiro, fiz minha higiene pessoal e preparei meu café da manhã.

Me sentei à mesa, acompanhada de inúmeras preocupações rondando minha cabeça, preocupações do tipo: Como vou me sustentar, como vou sustentar minha filha, não tenho nem metade das coisas compradas, e olha, gastei minha reserva com o aluguel e apenas metade dos móveis do apartamento estão comprados.

Minha vida já não estava tão legal assim, mas agora ficou uma maravilha, né ? Bufei passando as mãos no rosto sentindo um enorme medo de acabar dando tudo errado, não podia ter acontecido isso, eu precisava do trabalho, e agora ?

Mil coisas passavam na cabeça e uma vontade de chorar me tomou, não consegui segurar e fiquei ali, debruçada sobre a mesa chorando até a merda da campainha tocar. Fiquei em silêncio esperando quem quer que fosse, ir embora, mas, obviamente não aconteceu e começou a me chamar.


— Sarah, Sarah abre aqui, sei que você está aí, é sério. Você tá bem ? — Era Stephen.

Abri a porta sem me preocupar em como estava, eu só precisava de um abraço. Stephen me olhou preocupado e só me perguntou se era algo com a bebê. Eu neguei e ele me abraçou deixando algumas sacolas no chão.


— Eu tô aqui, se acalma. Me conta o que houve ? —


— E-eu estou com medo, medo de não ser suficiente, medo de não ser uma boa mãe, medo d-de tudo. Não vou ser capaz, nem trabalho eu tenho mais, eu sou tão inútil...— Chorava copiosamente e ele me apertou em seu abraço.


— Sarah, se acalma...você vai conseguir, se acalma, tá bom ? Vocês vão ficar bem, eu te prometo. Olha, independente de aceitar ou não, eu vou te ajudar. Se acalma, você foi tão forte até aqui, não pode pensar em parar agora, entendeu ? —


— Eu não quero abandonar a minha filha, como fizeram comigo. Eu só quero cuidar bem dela, mas, parece que tudo está desmoronando novamente — Suspirei sentindo ele limpar meu rosto com calma.


— Sarah, você vai conseguir. Isso são obstáculos da vida, só que você...aliás, nós. Nós, vamos vencer todos eles, entendeu ?
Não vou deixar que ela acabe em um orfanato, posso não ser o pai, todavia, vou te ajudar a cuidar, sei que está novamente acontecendo tudo muito rápido. Mas, você sabe que eu te amo, não sabe ? Então, mesmo que eu não me veja como o pai, não vou deixar vocês duas desamparadas, ouviu ? Se acalma —


— Eu só sinto mais vontade de chorar com você falando isso, Stephen —
Sorri ainda sentindo aquela angústia, mas, procurei melhorar, não só por minha gravidez, mas, também pra não preocupar ele. — Obrigado, de verdade. Você sempre sabe oque falar — Sorri.


Stephen me abraçou novamente e beijou rápidamente meus lábios.

— Santa lá no sofá, eu tenho umas coisas pra te mostrar. E você não pode ficar brava —


Me sentei e ele veio com as sacolas fechando porta.


— O que é tudo isso ? —


— Fecha bem os olhos que já te deixo ver o que é —

Fechei fazendo bico por causa da curiosidade, enquanto isso, ouvia o barulho das sacolas plásticas ecoando.

— Pode abrir ! —

Fiz um "O" com a boca e arregalou os olhos se levantando.

Levantei do sofá de boca aberta e sorrindo. Passei a mão nas caixas vendo tudo que eu queria ter comprado, desde talheres a torradeira e muito mais.



— Você é muito doido, deve ter gastado uma nota com isso — Me virei pra ele e o abracei com força. — Obrigado, muito obrigado mesmo. Até as cores são as que eu queria. Por que fez isso ? — Sorri enchendo o rosto dele de beijos. — Por maus que tenha amado tudo, não posso aceitar —


Stephen apertou as mãos em volta do meu corpo e mordiscou minha orelha.


— Para por favor...apenas aceite —  Suspirei. — E outra, comprei porque eu quis, porque você estava precisando e também porque quando a neném chegar você vai ter que facilitar, né ? E outra...tem móveis chegando daqui uns dias — O soltei indo olhar tudo de perto. — E para de reclamar de preço, já falei que dinheiro não é o problema —



— Sthepen...—


— Abre logo, Sarah ! —

Hesitei inicialmente mas acabei abrindo todas as caixas e ficando completamente boba, bem mais do que já estava.


— Me ajuda a arrumar tudo isso na cozinha ? E no resto da casa ? — Sorri feito criança com uma cafeteira na mão e ele veio pegar as outras coisas.

Colocamos tudo em seu devido lugar e a casa ficou práticamente toda equipada e eu toda contente.

— Mais uma vez...obrigado. Eu...eu não sei o que fazer para pagar isso, ou pra te agradecer o suficiente — Me encostei na pia.


— Para vai, eu já disse pra não se preocupar. Mas, eu sei como você pode agradecer...— Aproximou-se passando a mão em meu rosto.


— Por mais que seja permitido, eu não vou transar — Cruzei os braços esperando a proposta dele.


— Não é isso, mente poluida. E não, não pode transar ainda — Avisou em sinal de alerta. — Você pode me agradecer, voltando comigo...que tal ? —


Respirei fundo enquanto encarava ele.


— Faz só uma semana que estamos nos comunicando novamente e não sei se quero ir tão rápido assim...mas, agora me sinto em dívida e odeio a ideia de parecer que estou aceitando apenas por isso —


— Primeiro, tudo sempre foi rápido com a gente e estava tudo bem. O único problema é que nós tínhamos muitos segredos escondidos, nunca iria dar certo. Agora, você sabe tudo sobre minha vida e eu sobre a sua, estamos de peito aberto.
Segundo, para de paranoia ! Por favor, me dá essa chance ? — Beijou minha testa.

Respirei fundo e deslizei minha mão sobre o pescoço dele.

— Tudo bem...mas, por favor, vamos procurar não decepcionar um ao outro novamente. Se não gostar de algo que eu fizer, me fala e eu também vou falar.
Só abrindo o jogo, pensando bem e com muita conversa, tudo vai dar certo —

Stephen sorriu.

— Esqueceu de sitar uma coisa muito importante. O amor, com muito amor vai dar certo —


Sorri e abracei ele com toda a minha força.

— Posso voltar a usar aquela aliança, guardada na minha gaveta ? — Vi os olhos dele brilharem.


— Você ainda tem ? — Assenti e vi ele enfiar a mão no bolso. Pegou a carteira e tirou de lá, exibindo em seguida, a antiga aliança — Eu só tirei hoje pra fazer alguns procedimentos no hospital —


Sorri de lado e o beijei.


— Olha, eu nunca consegui passar um dia se quer, sem pensar em você, Deus é a testemunha viva disso. Por mais que eu focasse em outras coisas, nem que fosse com ódio, eu lembrava de você —


Ele riu de mim, com os olhos cheios de água e eu também.


— Que saudade...— Me puxou pra outro beijo.












Caminhos Cruzados.Where stories live. Discover now