Capítulo 32

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P.O.V MARIA LUIZA

3 meses depois

- Por que tá com essa cara? - pergunto pro meu namorado.

Até emburrado fica lindo.

- Tô só preocupado gata. - ele beija minha testa.

- Estamos fazendo o enxoval do nosso filho e você fica com essa cara de cu, poxa. - reclamo enquanto vejo umas camisas de "Amor da Mamãe".

Conversamos bastante e ele foi tão carinhoso ao dizer que assumiria nosso filho.

Descobrimos que é um menininho. Mas ainda não tínhamos escolhido um nome.

- Ele deve estar pensando numa maneira de contar pro seu irmão. - Larissa diz.

É, meu irmão ainda não sabia.

Na verdade, ninguém sabia. Só eu, BMO e Larissa.

E o medo do que ele diria, eu sou tão nova e estou grávida, e é justamente o que meu irmão sempre disse pra eu tomar cuidado.

- Eu vou contar. - eu falei por fim, indo até o caixa pagar parte do enxoval.

Entramos no Uber e fomos para casa.

Larissa ficou tirando foto das roupinhas para registrar e eu subi com BMO pro quarto.

Minha barriga estava consideravelmente grande e estava alisando ela quando ouvi o barulho do meu amor sentando na cama.

- Quero falar com você. - ele disse.

- Claro. Pode falar. - sorri indo até ele.

- Vou pro Brasil. Resolver umas paradas. Daqueles primos lá, que falei com tu. - ele me olhou.

- Poxa, amor, vamos nas férias de fim de ano, eu visito meu irmão e você vê seus primos. - peço chorona.

- Não dá. - diz seco e eu abaixo a cabeça.

- Vai quando? - pergunto.

- Agora. - ele se levanta.

- Tá maluco? - levanto indo atrás dele.

- Ih, Maria Luiza, larga de mim, porra.

Saiu do quarto batendo a porta e eu me encolhi na cama, chorando baixinho.

Era foda conviver com uma pessoa que em um momento é um doce e em outro é um ogro.

Mas ele me ama, e isso é uma fase. Tenho que entender.

- Amiga? Ele foi pra onde? - Larissa entrou no quarto.

P.O.V LARISSA

- Brasil. - ela me responde e fico confusa.

Não era esse o plano que ele havia me dito um tempo atrás.

- Se despediram? - perguntei.

- Ele mal olhou na minha cara. - resmungou.

Lembro de tudo que ele me contou sobre a mãe dele, e logo minha ficha cai.

- Filho de uma puta, desgraçado. - sussurro e Maria Luiza me olha confusa.

- Que? Não fala dele assim... - tentou.

- Arruma suas coisas, a gente vai pra uma casa aqui no quarteirão. - digo pegando meu celular e enviando uma mensagem pro Crusher.

- Amiga? Por que? - me perguntou.

- Anda, Maria Luiza, depois a gente volta. - digo sem paciência e ela apenas sai em direção ao armário pegando um casaco.

P.O.V MARIA LUIZA

Eu não estava entendendo nada.

Desci as escadas correndo atrás da Larissa que olhava preocupada.

Saímos de casa e começamos a andar nas calçadas até que senti meus pés doendo.

- Pra mim não dá. - digo e ela me encara.

- Maria Luzia, vamos. Pelo bem do seu filho. - diz.

- Meu filho tá bem, vamos voltar pra casa. - afirmo.

- Só anda. - Larissa diz entre dentes até que seu celular toca e ela atende - Merda. Vai pela rua de trás, a velha tá na minha direção. Vai, Maria Luiza. - apontou pra trás e eu dei meia volta.

Eu não entendia o que estava acontecendo, até que uma lâmpada acendeu na minha cabeça.

"Nunca confie em homens", foi o que meu irmão me disse.

Porra, antes eu tivesse o escutado.

Era tudo um plano desde o início.

Era tudo vingança.

E eu acreditei.

Começo a correr segurando minha barriga e viro a esquina, de modo que não conseguia mais ver Larissa, até olhar o visor do meu celular.

- Amiga, vou te explicar rápido. Tem uma casa amarela grande, é do Crusher, vai pra lá. BMO é um pau no cu e a mãe dele tá aqui, ela tá na rua que estou, precisa ir pra casa do Crusher. Entendeu? - se embola nas palavras e fico sem reação enquanto corro.

- Entendi. - digo e paro, quando avisto do outro lado da rua a casa do Crusher.

O Arthur era a última pessoa que eu queria ver nesse momento.

Mas era a única que seria capaz de me ajudar.

Quando notei, estava de olhos fechados.

Lembrando da cena do momento que acordei.

Minha barriga de 6 pra 7 meses tampava minha visão toda do que havia na minha frente.

E eu fazia carinho nela, conversando com meu filho.

Até que despertei do transe pelos gritos.

Os gritos da Larissa no celular.

Minha mão esquerda na minha barriga.

Meus cabelos voando no meu rosto.

O Arthur na janela da casa, eu sorri.

E ele me olhou.

Desesperado.

Eu vi o medo no olhar dele. De longe.

Eu vi o pavor.

E eu ouvi o grito dele.

- Maria Luiza, o carro!

Até que eu ouvi o pneu, aquele barulho de derrapada na esquina.

E olhei pra direita.

Prata.

Prata era a cor do carro.

Carro de família.

E dirigindo, estava ele. O pai do meu filho. O que ia criar a família junto comigo. A nossa família.

Fiquei estática.

Alterando meus olhares entre Arthur e BMO.

E eu escolhi o Arthur.

Mas era tarde demais.

Meu corpo foi jogado para o nada.

Para nenhum dos dois.

E eu só conseguia pensar no meu filho e no sangue que encharcava não só minha roupa, mas o asfalto no qual eu estava deitada, perdendo a consciência.

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Confesso que chorei escrevendo.
Não esqueçam de votar e de comentarem.
Obrigada pelo tantão de comentários, eu amo ver a reação de vocês.

The Sister | LoudOnde histórias criam vida. Descubra agora