Ao baile e além

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Trevor e Cece ainda conversavam quando a Sra. Stormfield entrou de repente. Tinha um ar resignado ao olhar as sacolas que atulhavam o chão do quarto da filha, trazidas alguns minutos antes por um dos criados.

‒ Parece que você teve um dia cheio com o seu pai, Cece ‒ comentou, o tom levemente amargo.

Ela abaixou-se para examinar o conteúdo de uma das sacolas de papelão e puxou um par de calças, olhando-as com desagrado.

‒ O que é isso? ‒ Perguntou.

‒ É a minha roupa de montaria, mamãe ‒ respondeu Cece.

‒ É, o papai comprou um cavalo para ela! Quando ele crescer mais ela vai aprender a montar ele ‒ disse Trevor.

‒ Oh, céus! ‒ Exclamou Celia, dramaticamente. ‒ Parece que o seu pai está se empenhando em transformar a minha garotinha no quinto filho!

Ela sentou-se à penteadeira e, pondo a mão esquerda no rosto, franziu o cenho, como se pensasse em algo doloroso. Trevor revirou os olhos para a irmã.

‒ Eu vi isso, mocinho ‒ disse a Sra. Stormfield, irritada. ‒ Trate de ir para o seu quarto agora. Cece precisa se preparar para o baile.

‒ Mas mãe! Ainda faltam horas pra essa coisa! ‒ Exclamou Trevor.

‒ Horas essas que a sua irmã vai precisar para se arrumar. Garotas precisam de mais tempo, querido, temos um ritual especial. Vou pedir a Meg que suba para me ajudar a preparar o banho de sais. Daqui a pouco devem estar chegando a cabeleireira, a manicure, a massagista...

Cece arregalou os olhos para a mãe. Trevor fez uma careta para a irmã e saiu do quarto, acompanhado por uma mãe aos gritos de "Meg! Meg! Margaret Costner, aonde foi que você se meteu?".

Meia hora mais tarde, Cece fazia careta enquanto era vigorosamente esfregada em um banquinho dentro do banheiro. Quando sua pele branca começou a ficar rosada, ela entrou na banheira de água morna e perfumada. Enquanto ela ficava de molho, relaxando, a Sra. Stormfield discutia com a mulher que a esfregara (e que era a massagista) qual a fragrância do creme que deveria ser usado na massagem.

Meg apareceu trazendo mais toalhas limpas. Ajoelhou-se ao lado da banheira e apoiou os braços na borda.

‒ Como está o banho, senhorita? ‒ Perguntou.

‒ Uma delícia, Meg. Eu não gostei muito de ser esfoliada, mas dá mesmo uma sensação gostosa entrar na água depois. Como cócegas! ‒ Cece riu.

Meg estava deliciada por ver a menina tão feliz. Pareciam ter se passado dias desde que ela chorara em seu ombro, toda a tristeza do mundo naqueles olhinhos azuis. Agora ela sorria na banheira, a expressão cheia de alegria e ternura. Meg sentiu-se satisfeita consigo mesma por ter feito parte dessa transformação.

‒ Cece, hora de sair da banheira! ‒ Disse a Sra. Stormfield.

‒ Aaah mamãe, já? ‒ Perguntou a menina, manhosa.

‒ Sim, querida, ou sua pele vai começar a enrugar ‒ respondeu a mãe, sorrindo. ‒ Vamos passar para a massagem agora. Não se preocupe ‒ acrescentou, rindo ao ver a expressão da filha ‒, a massagem não é esfoliante.

Celia deixou a filha tomando massagem e, depois de dar instruções às outras profissionais que cuidariam dela, foi ao seu próprio quarto preparar-se também, deixando Meg encarregada de supervisionar o trabalho destas.

Duas horas mais tarde, Cece havia sido massageada, perfumada e vestida; suas unhas foram polidas, seus cabelos foram impecavelmente escovados e presos em um coque sofisticado. Agora ela estava sentada como uma estátua em sua penteadeira, enquanto a cabelereira, que se chamava Krista, prendia enfeites em seus cabelos para dar o toque final. Ao mesmo tempo, Gert, a maquiadora, polvilhava seu rosto e braços com pó de arroz usando uma grande e fofa esponja.

Cece BlueWhere stories live. Discover now