VINTE E CINCO

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Tenho duas notícias.

Uma boa e outra ruim. A boa é que carro do Ruik parou na estrada. Não que fosse motivo para comemorar, certamente não era algo que alguém em sã consciência desejaria, porém no cenário em que nos encontrávamos a minha imaginação fértil conseguia pensar em pelo menos outras milhares de situações muito piores do que essa.

Quero dizer, desde quando chegamos nesta parte da estrada e começamos a praticamente escalar de dentro de um veículo eu soube que teríamos problemas. O caminho era íngreme e estreito demais, nada confiável. De um lado havia a mata densa e fechada e do outro um precipício pouco convidativo.

Então o fato de o carro apenas ter parado sem nenhuma outra confusão era, dentre todas as possibilidades, a mais preferível e menos perigosa.

A notícia ruim é que bem... estávamos pelo menos uns treze quilômetros de distância de Covey E., e ainda mais longe da festa que Ed resolveu dar para comemorar o campeonato ontem, no qual o MACK foi campeão.

O que obviamente era apenas uma fachada para atrair mais garotos, porque o Edward Torres que eu conhecia não precisava de qualquer motivo para fazer uma boa farra.

Ouço Ruik abrindo o capô pela milionésima vez, e mesmo depois de quase meia hora sem sucesso ele continuava tentando como se em algum momento o carro fosse funcionar por conta própria, ou quem sabe esperava que um raio de habilidades mecânicas o acertasse em cheio para que conseguisse resolver seja lá qual fosse o problema.

- Tenta agora. – Ele grita a Dylan, que está atrás do volante tão desesperançoso quanto nós.

Jenny, Chris e eu nem precisamos olhar para saber o resultado. Não sairíamos dali daquele jeito, estávamos certas que não. Pelo menos os faróis do carro ainda funcionavam, o que não duraria muito e logo logo estaríamos todos envoltos a escuridão aterrorizante que nos cercava cada vez mais.

- Não sei porque acabei vindo. – Chris reclama, guardando o celular na bolsa. – Ruik Peterson vive aprontando essas comigo.

- Ele não tem culpa...

- Tem sim, Jenny. – Ela bufou de ódio e rebateu tal como uma criança mimada. – Os pais dele deram dinheiro para levar o carro na revisão mês passado e eu disse que o carro dele estava com problema, mas ao invés disso o bonitão ali preferiu gastar com um violão estúpido.

- É, tem razão. – Jenny cruzou os braços, finalmente se apoiando na lataria do carro como eu e Chris há muito tínhamos feito.

- Eu falei para levar o carro na maldita oficina, mas o idiota me disse que...

- O que foi, Chris? – Ruik a interrompe. Ele se aproxima, abandonando o capô aberto e qualquer outra coisa que tivesse tirado do lugar. Por fim bate as palmas das mãos uma na outra, abrindo um sorriso nada amigável para a namorada. – Continue o que estava dizendo, por favor. Quero ouvir o que estava falando tão carinhosamente sobre mim.

- Gente, DR no meio do nada não. – Dylan é quem diz, pulando para fora do carro ao notar que apesar dos termômetros estarem abaixo do normal em Covey E., o clima aqui fora estava esquentando drasticamente. – Vamos focar em algo que nos ajude a sair antes que viremos malditos picolé.

- Claro, meu bem. – Respondeu ela, projetando o queixo para frente. Ignorando tanto Dylan quanto Jenny, que pousou uma mão em seu ombro. – Eu não estaria em cima deste salto quinze nesta merda de estrada se não tivesse inventado contrariar os seus pais. Tem noção do quanto esses sapatos me custaram?

Apesar do insucesso Dylan parecia preparado para uma segunda tentativa de cessar o fogo, seus lábios se afastam e ele se aproxima, porém antes que tivesse oportunidade para tal, Ruik o atrapalha, sem se importar com qualquer um de nós ao redor.

Desejo ProibidoWhere stories live. Discover now