6. กลัว

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Aquele com irmãs antiterraplanistas e outros desafios da Física


Nessa madrugada, descobri que Lalisa Manoban também me faz, de um jeito irracional, questionar, dentre outras coisas, as leis da Física.

Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, foi o que uma gay branca, europeia e desocupada disse há algum tempo.

Teoricamente é até lógico e na prática eu também pensava que fazia total sentido, mas hoje eu tive certeza de que, se alguma de nós duas chegasse um pouquinho mais perto da outra, nossos corpos começariam a se fundir.

Por incrível que pareça, estava longe de se tornar algo incômodo para mim. Não é como quando estou num ônibus ou no meio de qualquer tipo de multidão e ombros desconhecidos ficam esbarrando contra os meus, esfregando, despertando em mim uma vontade terrível de desaparecer ou simplesmente descer todo mundo na porrada. As duas alternativas são meio que inviáveis, então me contento em ficar morrendo por dentro.

Ter a pele de Lisa contra a minha, ainda que eu estivesse usando sua jaqueta, não me fazia querer afastá-la. E se ela fosse fazê-lo, a única vontade que despertaria em mim seria de trazê-la para perto novamente. Não necessariamente só para manter-me aquecida.

O que me faz questionar, ao mesmo tempo, campos elétricos; opostos se atraem, iguais se repelem. Por motivos mais do que óbvios, Lisa é oposta a mim, mas quando estamos envoltas na companhia uma da outra, de alguma forma, o contraste parece se desfazer.

Ou seria apenas nossas diferenças convenientemente moldando umas às outras?

Não me sinto tão diferente assim. Lisa é tão genuína e não parece ter controle disso. Ela também fica tímida, se enrola toda às vezes, perde o assunto... Não da mesma forma, porém assim como eu. Apesar de não termos nada a ver. Na teoria, Lisa é o tipo de pessoa completamente incompatível para mim, mas está longe de funcionar na prática.

Pela madrugada, embaixo da cerejeira no jardim do Han, percebi que tê-la por perto é como, num arsenal dinâmico de definições bastante específicas, estar agarrada a muitos travesseiros quentinhos numa noite chuvosa. E nem precisei abraçá-la.

Não que isso seja necessário.

Não que isso seja totalmente uma má ideia.

Mas isso não vai acontecer porque sou uma bunda mole que, mesmo que estar perto da tailandesa seja um critério mínimo para que uma atmosfera quentinha e confortável se crie e meu à-vontadômetro até fique se agitando um pouco, há uma lista quilométrica de coisas que eu definitivamente não me vejo fazendo.

Ter meus braços enlaçados na cintura de Lisa, tendo sua pele cor-de-Sol contra a minha e descobrindo finalmente o cheiro que emana dela, definitivamente não está na lista.

Alerta de pensamentos questionáveis e com uma carga indesejada de sentimentalismo.

Devo me preocupar por estar com essas vontades estranhas e irracionais?

Quero dizer, isso nunca aconteceu com Jisoo ou Roseanne, apesar de que elas constantemente tentam me empurrar demonstrações de afeto goela abaixo, sabendo que isso sempre rende uma Jennie emburrada e duas idiotas dando risadas às minhas custas.

HanWhere stories live. Discover now