O LOBO
Na noite hesitante, nublada e secreta
A sombra de um lobo que cruza a floresta
Aos olhos do pobre andarilho decreta:
"Estranho! Não vês que mais nada aqui resta?
Em noite ancestral tudo aqui foi-se embora
Perdeu-se a esperança e o passado e a certeza;
Morreram-se as rosas e os ventos e a aurora
Não ri. Viajante, somente há rudeza.
Se buscas teu sonho, teu rumo ou teu riso
Não vais encontrar, solitário andarilho!
Somente de escárnio se vive, te aviso:
Não vivem mais homens na terra sem brilho
Escuta, demente: se queres, caminha.
Só longe, (disseram), bem longe, respira
A voz da manhã, das orquídeas vizinha
Se morta não foi, e inda vive (ou delira)..."
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Tentativas Desregradas
PoetryTento aqui fazer uma coletânea poética de coisas que escrevo. Embora eu tente dar sentido à confusão de versos livres, sonetos decassilábicos e suspiros num geral, provavelmente será uma sequência meio anárquica de poemas que me inspiram. Espero que...