Eu sou um bicho,
Correndo pelos becos ébrios e pelas árvores silenciosas,
Sou um bicho de pelo encharcado, patas enlameadas, rosto assustado,
Esbarrando em latas de lixo e caindo em folhas decíduas
Sou um bicho sem nicho, sem porta, sem volta
Raquítico como a chuva, prostrado como o dia cinzento
Um rosto sem força e sem futuro
Um bicho caído na vida, nos olhos, na terra
Um bicho sem nicho
Que rasteja sem fôlego, que mendiga sobras, que mastiga cauto, que olha pra trás
Um bicho que não tem nada
Além de medo
Assustado pelo próprio reflexo
Um bicho sem luxo, sem valsa, sem porto
Um bicho cru, cozido por adjetivos, feito verso de Bandeira
Um bicho cansado
Um bicho que sonha.
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Tentativas Desregradas
PoetryTento aqui fazer uma coletânea poética de coisas que escrevo. Embora eu tente dar sentido à confusão de versos livres, sonetos decassilábicos e suspiros num geral, provavelmente será uma sequência meio anárquica de poemas que me inspiram. Espero que...
